POLÍTICA
Consórcio Nordeste foi vítima em fraude na compra de respiradores, diz governador do Maranhão
Por Rodrigo Aguiar

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), disse nesta sexta-feira, 26, que os estados do Nordeste foram "vítimas" no processo de compra de respiradores pagos mas não entregues. "Hoje você tem um quadro mais estável em muitos estados, mas em abril e maio havia um desabastecimento total. Não daria para escolher fornecedor naquele momento, porque não havia tempo. Algumas coisas deram certo, outras deram errado", declarou Dino, em entrevista ao A Tarde Conecta, transmissão feita pelo Instagram do Grupo A TARDE.
Presidido pelo governador Rui Costa (PT), o Consórcio Nordeste conseguiu rescindir alguns contratos e receber de volta o dinheiro pago por equipamentos não recebidos, mas na maioria dos casos o montante não foi devolvido. O Ministério Público Federal (MPF) já instaurou inquérito civil para investigar eventuais atos de improbidade administrativa no contrato firmado pelo consórcio com a empresa Hempcare, alvo da Operação Ragnarock, realizada pela Polícia Civil da Bahia no início de junho. O contrato previa a aquisição de 300 respiradores, ao custo de R$ 48,7 milhões. O processo referente à operação foi encaminhado para o Superior Tribunal de Justiça (STJ), responsável por processar e julgar governadores.
Para o chefe do Executivo maranhense, as fraudes ocorridas na compra dos respiradores são uma consequência da falta de coordenação nacional do processo. "Tivemos um abandono dos estados por parte do governo federal. O certo teria sido convidar e estimular indústrias brasileiras a fabricar os equipamentos. Depois, não houve coordenação nacional para a compra. E ainda houve requisições; eu tive que ir ao Supremo para conseguir receber respiradores", disse.
Chapa com Rui - Citado como possível candidato à Presidência da República em 2022, o comunista destacou sua boa relação com Rui e disse que estarão alinhados no pleito. "Isso é uma realidade. Tenho estima pelo governador Rui, assim como pelo senador Wagner. Temos uma relação afinada. Estaremos juntos, agora vamos ver em que conjuntura e em que palanque", completou.
Dino criticou ainda o presidente Jair Bolsonaro, a quem chamou de um "elemento anárquico" e classificou como "uma força centrífuga que dissolve a previsibilidade" de que o país necessita. Segundo o governador do Maranhão, há um risco concreto à democracia, apesar de um "arrefecimento das ameaças porque as instituições agiram". "Mas isso não significa que o risco deixou de existir. Teremos um quadro social bastante complexo no segundo semestre e é possível que as vozes extremistas queiram se aproveitar", completou.
Coronavírus - O governador maranhense previu um cenário de "quarentenas intermitentes e regionais" até a produção da vacina contra o coronavírus. Dino afirmou ainda que mantém um processo expansão dos leitos no Maranhão, apesar da queda já verificada na ocupação. "Chegamos a ter aqui na Região Metropolitana de São Luís uma ocupação superior a 100%. Foram dias e noites em que ninguém dormia. Saímos de 232 para 1.750 leitos de coronavírus, multiplicando por quase oito vezes o número de leitos. Mas essas semanas de superlotação foram especialmente difíceis", relatou.
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