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CPI ouve motoboy que sacou R$ 4,7 milhões para empresa investigada

Publicado quarta-feira, 01 de setembro de 2021 às 11:00 h | Atualizado em 01/09/2021, 11:03 | Autor: Da Redação e Agência Senado
Ivanildo Gonçalves sacou quantia para a VTCLog | Foto: Pedro França | Agência Senado
Ivanildo Gonçalves sacou quantia para a VTCLog | Foto: Pedro França | Agência Senado -

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia ouve nesta quarta-feira, 1º, o motoboy da VTCLog Ivanildo Gonçalves, responsável por saques de mais de R$ 4,7 milhões. Inicialmente o depoente da oitiva desta quarta seria Marcos Tolentino, apontado como sócio oculto da empresa FIB Bank, mas ele não compareceu ao depoimento por estar internado em hospital de São Paulo, onde estaria em tratamento de sequelas da covid-19.

O motoboy Ivanildo Gonçalves da Silva está amparado por um habeas corpus concedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Nunes Marques. Mesmo podendo optar por não comparecer à comissão, o motoboy aceitou o convite e em pouco tempo deslocou-se até o Senado. Ele tem o direito de não responder às perguntas que possam incriminá-lo, ainda que compareça como testemunha, e não como investigado.

Com 400 contratos firmados com o governo federal, 14 só no Ministério da Saúde, a VTCLog tornou-se um dos principais alvos de investigação da CPI. Relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou que a empresa — operadora logística do segmento fármaco e de saúde — movimentou de forma suspeita R$ 117 milhões nos últimos dois anos.

Nesse documento, o nome do motoboy Ivanildo Gonçalves da Silva é citado várias vezes. Ele teria sacado o montante de R$ 4,7 milhões, sendo a maioria em espécie e na boca do caixa. A CPI já obteve imagens de depósitos feitos pelo motoboy em agências da Caixa e do Bradesco em benefício de Roberto Ferreira Dias, ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, apontado como responsável por possibilitar fraudes dentro do órgão.

Ao comentar a presença do motoboy Ivanildo Gonçalves à CPI, o vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse ter dúvidas sobre as contribuições que o depoente pode dar às investigações. Ele sustentou sua avaliação pela estrutura de defesa montada para o motoboy, que está assessorado por advogados que obtiveram o habeas corpus do STF. Porém, Randolfe diz ter convicções de que Ivanildo "sabe muito".

Comentando o adiamento do depoimento de Marcos Tolentino, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI, disse que essas "manobras e adiamentos" atrasam as investigações e podem ter impacto na data de apresentação do relatório final. A intenção de Renan, manifestada é que seu relatório seja apresentado no dia 22 de setembro. Em entrevista, Renan chama o deputado Ricardo Barros (PP-PR) como "articulador desse grande esquema de corrupção".

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