POLÍTICA
“Desafio é fazer uma gestão ainda melhor”, aponta Augusto Castro
Prefeito reeleito em Itabuna fala em desafios para segundo mandato e da vontade de solidificar a cidade como pólo da região
Por Divo Araújo
Primeiro prefeito a se reeleger em 114 anos de história de Itabuna, Augusto Castro fez mais do que quebrar um tabu. Com um resultado expressivo nas urnas, obtendo 58,95% dos votos válidos, ele se consolida como uma das maiores lideranças políticas da região cacaueira.
Nesta entrevista ao A TARDE, o prefeito fala sobre as estratégias que o levaram à vitória. “A prefeitura desempenhou seu papel como agente transformador da vida das pessoas, investindo em todas as áreas da cidade, desde a infraestrutura até o transporte público”, afirmou. Castro também destacou a amplitude da coligação, composta por 13 partidos. “Contamos com o apoio de partidos da base do governo estadual, do qual sou aliado, e do governo federal. Mas também de partidos que fazem oposição ao governo, como o PSDB e o Cidadania”, ressaltou.
Quanto ao futuro, ele apontou que um dos grandes desafios será preparar Itabuna para as chuvas, além de solidificar a posição da cidade como polo de serviços e comércio da região, e como referência no atendimento à saúde de alta e média complexidade. Confira a entrevista completa a seguir.
O senhor quebrou um tabu histórico e foi o primeiro prefeito a se reeleger em Itabuna, com 35 mil votos de frente sobre o segundo colocado. O que na sua visão explica esse resultado?
Primeiro, é fruto do trabalho da nossa administração, que gerou a confiança do povo de Itabuna. A população, nessa eleição, estava com um objetivo, que era continuar o trabalho iniciado em 2021. Em 114 anos, Itabuna nunca reelegeu um prefeito. Foi a quebra de um tabu. A população colocou na cabeça, de forma muito objetiva, a ideia de buscar o processo de reeleição em Itabuna. As realizações, os investimentos que nós fizemos em todas as áreas da cidade, e as grandes obras estruturantes que estão por vir, geraram essa confiança na nossa administração.
Lá atrás, nós enfrentamos um momento difícil em Itabuna e no mundo em função da pandemia da Covid-19. Mas desenvolvemos nosso primeiro hospital de campanha, com recursos próprios, para salvar vidas. Enfrentamos duas enchentes que abalaram fortemente a cidade. E, de lá para cá, o município se organizou, cuidando em primeiro lugar das pessoas e realizando obras que pudessem mudar a vida do cidadão. No passado, a população não via a presença da prefeitura nos bairros com intervenções de infraestrutura, pavimentação e drenagem. Nossa administração chegou fazendo essas intervenções e isso foi decisivo para conquistar a confiança do povo de Itabuna.
Nesta eleição, a coligação liderada pelo senhor fez quase 80% da bancada de vereadores. Em que ponto isso vai facilitar a gestão nesses próximos quatro anos?
De fato, nós fizemos 80% da bancada da Câmara Municipal de Itabuna. Nossa coligação foi composta por 13 partidos. Partidos da base do governo do Estado do qual sou aliado, e da base do governo federal. Mas também por partidos que compõem a oposição ao governo da Bahia, como o PSDB e o Cidadania, que vieram somar forças no projeto de reeleição da nossa nova gestão que vai começar no início de 2025. Nós conseguimos unir a cidade em torno de um projeto de desenvolvimento, com as realizações, as obras, as intervenções. Isso deu a credibilidade e a confiança para essa quebra de tabu que durava 114 anos.
Fui parlamentar, deputado estadual e conheço o processo legislativo. A nossa relação com o Poder Legislativo é muito harmônica, respeitosa e vamos continuar precisando de projetos que possam melhorar ainda mais a qualidade de vida e o bem-estar da população de Itabuna.
O PSD, partido do senhor, foi por mais uma eleição destaque na Bahia, elegendo 115 prefeitos. Esse resultado fortalece o partido para novos voos?
Foi um resultado altamente positivo do PSD nas eleições municipais deste ano, saindo de 108 para 115 prefeitos na Bahia. Nosso partido já nasceu grande, sob a liderança aqui na Bahia do senador Otto Alencar. Temos o senador Angelo Coronel, seis deputados federais, vários deputados estaduais. E agora o partido cresceu em todo estado. No Brasil, sob a liderança de Gilberto Kassab, o partido também cresceu muito. No Sul do país, no Nordeste. Volto a dizer: o PSD já nasceu grande e não poderia ser diferente. Nada resiste à força do trabalho.
O senhor obteve na eleição o apoio do governador Jerônimo, do ministro Rui Costa e, como mencionou, uma bancada federal forte. O senhor acredita que isso pode se transformar em benefícios para Itabuna?
É de grande importância esse apoio do governador Jerônimo Rodrigues, do grupo político liderado por ele, pelo ministro da Casa Civil Rui Costa e pelo senador Otto Alencar. Com o apoio do governo do estado, do governo federal, vamos trazer projetos e obras para melhorar a vida de todos. O governo é parceiro, tem muitas obras do Estado em Itabuna. A prefeitura faz sua parte como agente transformador da vida das pessoas, realizando, investindo em todas as áreas da cidade, desde a infraestrutura até o transporte público. Itabuna tem a frota de ônibus mais nova da Bahia.
Temos investimentos importantes na área da saúde, na mobilidade urbana e na área social. Conseguimos aumentar o orçamento de Itabuna na área social. Com isso, repito, veio a confiança que resultou nessa primeira reeleição histórica da cidade.
Essas alianças, tanto no governo federal como no próprio Congresso, vão se reverter em recursos para cidade?
Nós temos vários projetos que a prefeitura toca com recursos próprios, com recursos de financiamento que o município viabilizou, fruto da credibilidade que nós conseguimos imprimir na nossa administração. Vamos continuar com nossa parceria com o governo do Estado para projetos e obras importantes. E também na parceria com o governo federal, através dos programas sociais, a exemplo do Minha Casa Minha Vida. Enfim, seja com recursos próprios ou através desse alinhamento político com Estado e governo federal, vamos tocar uma série de obras para melhorar a vida da população de Itabuna.
Quais são os maiores desafios da sua gestão Itabuna para os próximos quatro anos?
O grande desafio para o segundo mandato é fazer uma administração ainda melhor. Passamos por um período de dificuldade, conforme falei, com a pandemia e as enchentes, que abalaram fortemente a cidade. Mas o desafio é fazer uma administração para todos e ainda melhor.
Mas, se o senhor fosse definir um grande problema a ser enfrentado em Itabuna, qual seria ele?
Na verdade, nós estamos conseguindo resolver um gargalo de mais de 35 anos na cidade, que é acabar com a falta regular de água. Itabuna tem, há 36, 37 anos, um sistema de manobra que cai água nas torneiras dos domicílios de 10 em 10 dias, 15 em 15 dias. Nós fizemos um investimento no novo sistema de abastecimento de água, através do Programa Mais Água. Só de recursos da prefeitura são R$ 28 milhões.
E tem o aporte do governo da Bahia, em dois reservatórios, que totalizam R$ 10 milhões. O total do investimento no novo sistema de abastecimento de água, que vai resolver de forma definitiva essa questão em mais de 80 bairros da cidade, portanto, será de R$ 38 milhões. Grande parte de Itabuna já terá água todos os dias, com a primeira e a segunda etapa do programa. Na terceira etapa, no ano que vem, a gente finaliza o programa Mais Água.
Dessa forma, vamos universalizar o sistema de abastecimento de água diariamente na cidade. Os dois grandes reservatórios, concedidos pelo governo do estado, somam oito milhões de litros de água. Essa é a grande obra de nossa administração – garantir água na torneira diariamente em Itabuna.
Durante a gestão, como o senhor mencionou, Itabuna enfrentou duas grandes enchentes, em 2021 e 2023. A gente sabe que o mundo hoje vai conviver cada vez mais com eventos climáticos extremos. Itabuna está mais preparada para enfrentar as chuvas?
Nós temos aqui em Itabuna o Rio Cachoeira, que corta uma bacia da nossa região. A prefeitura reestruturou a Defesa Civil, através da Secretaria de Promoção e Desenvolvimento Social,para a gente ter esse maior cuidado com os eventos climáticos. A chuva, quando chegou, realmente produziu um abalo na estrutura da região ribeirinha.
Nós estamos trabalhando agora para iniciar a licitação para construção de 690 casas para abrigar as pessoas que perderam os seus imóveis. Enquanto isso, a prefeitura banca o aluguel social de R$ 500 para atender essas famílias. Fazemos também um trabalho preventivo de limpeza dos canais, bueiros e manutenção de toda a cidade.
Sei que um dos principais projetos da sua gestão é a ampliação e requalificação do Hospital Base, que serve a toda região cacaueira. Com esse gancho, queria que o senhor falasse da saúde e do papel de Itabuna como polo na região Sul.
Itabuna é um polo de comércio e serviços da macrorregião, que tem 78 cidades, e de forma mais próxima uma microrregião de 22 cidades que Itabuna atende através de pactuação. Na região, é referência de saúde pública na alta e média complexidade. Tem três hospitais, dois da Santa Casa. Nós temos um hospital próprio de alta complexidade, que é o Hospital de Base Luís Eduardo Magalhães. É referência em neurocirurgia, em trauma, no atendimento a pacientes de oncologia. O governo do Estado está tocando uma obra de R$ 70 milhões para ampliação do novo Hospital de Base, que vai ganhar 29 novos leitos e seis salas de cirurgia com UTI.
Dessa forma, vamos ter mais oferta de serviços de alta complexidade para continuar atendendo o município, o sul da Bahia e outros municípios que dependem da saúde de Itabuna. Vamos construir uma maternidade municipal para a gente ter uma atenção ainda maior na área de pediatria e obstetrícia. Vamos trabalhar com o governo federal também para aumentar o número de consultas e exames.
A ideia do nosso segundo governo é zerar a fila da regulação do município. A saúde pública é desafiadora para qualquer administrador no Brasil. Inauguramos o Centro de Atenção Especializada à Saúde da Mulher, uma marca da nossa administração também. Vamos inaugurar uma nova UPA, obra que estava paralisada desde 2014.
Intervenções previstas na área de infraestrutura também?
Com relação a infraestrutura, Itabuna é eixo das rodovias federais BR-101 e da BR-415. Nós estamos com um projeto do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), garantia do governo federal. O ministro Rui Costa e o ministro Renan Filho (Transportes) estão nos ajudando. Vamos trabalhar com o governo federal a duplicação da saída de Itabuna, do viaduto Paulo Souto até Serrada.
Com isso, vamos assegurar a duplicação do perímetro urbano da cidade, da BR-415. E, em parceria com o governo federal também, vamos fazer a duplicação do contorno urbano da BR-101, que tem um trecho de seis quilômetros dentro de Itabuna. Isso como forma de expansão da mobilidade urbana. Estamos agora com um projeto de novas avenidas e de construção de uma nova ponte que passa pelo Rio Cachoeira, ligando até o outro lado da avenida Aziz Maron, que tem o shopping. Essa ponte terá mais de 230 metros de extensão, toda estruturada.
Vamos assinar logo a ordem de serviço da ponte e para construção de um complexo de viadutos para melhorar o fluxo de mobilidade urbana. Serão duas novas avenidas. Uma ligando o bairro de São Caetano, que é nosso centro comercial, a BR-101. E a outra ligando a BR-415, passando pelo fundo do Hospital de Base, pegando ali a BR-101. São obras estruturantes que já têm recursos assegurados de empréstimos internacionais. Estamos tocando ainda a obra de requalificação da Beira Rio, com 16 quilômetros de orla, com paisagismo, ciclovias, ciclofaixas, espaços para os idosos, esportistas e juventude. Vamos fazer uma orla moderna.
Os municípios, como elos mais frágeis das três esferas de poder, vivem em constantes crises financeiras. O que precisa ser feito para equilibrar esse jogo na avaliação do senhor?
Precisamos avançar no debate do pacto federativo no Congresso Nacional. A bancada municipalista, junto com a Confederação Nacional dos Municípios, vem trabalhando para aumentar o bolo na arrecadação federal do FPM (Fundo de Participação dos Municípios), que é composto do Imposto de Renda e do IPI. Nós precisamos continuar nessa luta, na pauta com o governo federal, para os municípios terem uma participação maior nesse bolo. Porque tudo acontece nos municípios. Ninguém mora na União, no estado. As pessoas moram nas cidades.
É muito importante essa luta dos prefeitos junto ao Congresso Nacional. Houve muitos avanços no sentido de melhorar a participação no bolo orçamentário e os municípios terem melhores condições financeiras. Principalmente os municípios pequenos e médios, que têm poucas receitas próprias. Muitas vezes você tem um programa federal, mas o problema maior é o custeio da estrutura da máquina. Por isso, quando o governo repassa um valor maior na cota do FPM, melhora muito a vida financeira dos municípios para cuidar das pessoas, fazer os investimentos e manter o custeio da máquina.
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