ISSO É BAHIA
Kleber Rosa critica ACM Neto por declaração racial e explana projeto
“Nossa referência de oposição é o que a gente fez a Lula e Dilma, marcando posição de forma segura”, diz Rosa
Por Lucas Franco
Apoiador da candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no plano nacional e oposição ao Partido dos Trabalhadores no estado da Bahia, o candidato a governador Kleber Rosa (PSOL) foi entrevistado pelo Isso é Bahia, da Rádio A TARDE FM (103.9), na manhã desta sexta-feira, 23.
“No PSOL, a nossa referência de oposição é a oposição que a gente fez ao governo Lula e ao governo Dilma. É uma oposição compreendendo os aspectos positivos e se posicionando como colaboradores naquilo que é de interesse do povo, mas demarcando posição de forma segura e enfática naquilo que é comprometedor para a população”, aponta Kleber Rosa.
O candidato psolista falou sobre o andamento da sua campanha, do tripé segurança, educação e saúde, disputa por terra, saneamento básico e sua trajetória de vida, além de fazer duras críticas a ACM Neto.
“Ao se identificar como negro, ele é beneficiado com recursos públicos de campanha pelo fundo eleitoral. E quando ele diz por exemplo que o IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística] está errado [por entender que pardos são negros], por que ele não considera o erro do IBGE para abrir mão do recurso que ele está ganhando por ter se declarado negro?”, disse Rosa, que enxerga a autodeclaração racial do ex-prefeito de Salvador como um desrespeito à população negra e citou processo do candidato a deputado federal pelo seu partido, Jorge X.
“Está correndo na justiça e ACM Neto vai responder, está respondendo e vai arcar com a responsabilidade de ter tentado fraudar algo que para nós é tão importante e que foi fruto de muita luta”, justificou.
Sobre o chamado “tripé” composto por educação, saúde e segurança pública, Kleber Rosa, que é cientista social, professor e investigador policial, disse ter familiaridade com os três temas por conta de sua trajetória de vida.
“Eu me alfabetizei com dez anos de idade. Isso já expressa a vulnerabilidade social e acesso à educação”, diz o candidato do PSOL, que hoje tem 48 anos de idade. “Eu só vim ter acesso à saúde quando eu fui aprovado em um concurso público e passei a ter o Planserv [Assistência à Saúde dos Servidores Públicos Estaduais]. Antes disso, a gente sabe como o acesso à saúde pública é extremamente escasso”, relata. “E eu também me tornei profissional da segurança pública, então esse tripé está muito presente em minha vida e em minha militância”, aborda.
O candidato defende, no entanto, que sua gestão, caso seja eleito, visa fortalecer os serviços públicos e se mostrou descrente de que a iniciativa privada poderia melhorar as condições de vida da população.
“Entregar a Embasa a setores privados é a ilusão que a gente tem de que isso vai ampliar o acesso à água. A gente sabe que a lógica do mercado é a lógica do lucro”, opinou. “Temos um exemplo claro no Brasil que é a Vale. O que a privatização da Vale provocou? Qual é a responsabilidade e o compromisso que a Vale tem com o meio ambiente e teve com as vítimas das atividades predatórias de extração de minério?”, completou.
Para Kleber Rosa, a agricultura familiar é a principal responsável pela alimentação de qualidade da população. “Para que tanta terra na mão de um grupinho pequeno para produzir tanto se não é para matar a fome do nosso povo?”, criticou o candidato, que disse defender os pataxós do sul do estado e o Movimento dos Sem Terra (MST), ainda que não seja militante do movimento.
“Eu compreendo a metodologia de luta desses movimentos, que é ocupar, não invadir, terras improdutivas para que elas cumpram seu papel social”, justifica. “Se há pontualmente uma ou outra ocupação que forja essa regra, isso é uma exceção, não a regra. A regra do movimento é lutar pelo direito do acesso à terra para nossa população. Então isso é algo que eu defendo, assim como defendo os instrumentos e as estratégias de luta do nosso povo pela sobrevivência”, continuou.
Quarto colocado na pesquisa de intenções de voto da Atlasintel, Kleber Rosa nega que na reta final da campanha mudará sua estratégia para angariar mais popularidade. “Não tem mudança de estratégia não, permanece a mesma, que é divulgar ao máximo o programa que a gente está defendendo e alcançar as pessoas em todos os lugares, para dessa forma conquistar confiança”, disse o candidato do PSOL.
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