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ELEIÇÕES 2024

Eleições na Bahia terão 12 candidaturas trans, terceiro maior índice do país

Por Fernando Valverde

30/09/2020 - 21:13 h | Atualizada em 21/01/2021 - 0:00
A jovem Bruna Pavanelly comemora o que chama de “uma quebra de tabu”
A jovem Bruna Pavanelly comemora o que chama de “uma quebra de tabu” -

Nem sempre o nome de batismo nos cabe. De uma forma solidificada, o nome é indicado com base no sexo biológico do bebê. Se for do sexo masculino, terá nome de homem. Se for do feminino, nome de mulher. Crescer e perceber que o gênero e nome que lhe foram atribuídos não correspondem ao que se sente ser é uma realidade de grande parcela dos brasileiros que se identificam como transgêneros. Nas eleições de novembro, doze candidatas trans poderão enfim ir às urnas da Bahia protocoladas com o seu nome social, após resolução do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) que permite que transexuais utilizem em sua ficha de candidatura, e não só nas urnas como em 2018, o nome de acordo com sua identidade de gênero.

Segundo estado com o maior número de assassinatos de pessoas trans, em um dos países que mais mata transgêneros do mundo, de acordo com levantamento do Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais), a Bahia terá o terceiro maior número de candidaturas com nome social no país em 2020, que somam 158, número que expressa uma nova onda de representatividade nas urnas, ficando atrás apenas de São Paulo (39) e Minas Gerais (18).

Eu sou eu

Uma vitória conquistada com muita luta contra o preconceito e a ignorância, seja na capital ou no interior. Postulante à Câmara de Queimadas, na região do Sisal, a jovem Bruna Pavanelly, 21 anos, também comemora o que chama de “uma quebra de tabu”.

Candidata pelo PT, que terá o maior quórum do tipo no estado com 20 candidaturas, Bruna apontou a dificuldade de fazer campanha sendo uma candidata trans no interior do Brasil, mas salientou a importância de “dar a cara a tapa” para garantir a representação. “Fazer política no interior sendo uma mulher trans não é fácil. Tem pessoas de apoio mas também há muitas, principalmente as pessoas mais velhas que são de um tempo mais antigo, que se fecham quando veem que eu sou trans e da comunidade. Temos que ouvir certas coisas que nos magoam, mas por estar investindo em ser uma pessoa pública não podemos rebater. A gente simplesmente aceita a decisão da pessoa e segue”, contou.

Disputando seu primeiro pleito, Bruna pôde contar desde já com a possibilidade de registrar o nome com o qual se identifica e que garante ter sido determinante para que pudesse se candidatar. “O nome social foi o empurrão que eu precisava. Através dele que eu me candidatei, pude entrar na vida pública e me sentir representada.

Algo sentido também por Angell Azevedo, que sairá candidata em Valente também pelo PT. Para a mesma, a conquista da utilização do nome social já é uma vitória que independe do resultado das urnas. “Estar lá com o nome que eu me sinto bem, que eu escolhi, com um nome que eu não me sentiria envergonhada já é uma grande vitória”, afirmou a candidata. “Chegar no espaço público, num hospital ou posto de saúde e não ser chamado por um nome que se referia ao contrário do que você é algo que só me faz me sentir bem comigo mesma. Não passar por esse constrangimento, transformou! Hoje eu sou eu e não aquela pessoa que passou por vergonhas e piadinhas”

Imagem ilustrativa da imagem Eleições na Bahia terão 12 candidaturas trans, terceiro maior índice do país
| Foto: Divulgação
Angell Azevedo sairá candidata a vereadora em Valente pelo PT

Pioneirismo

Foi no município de Colônia do Piauí, a 388 quilômetros ao sul de Teresina, que Katia Tapety se tornou, em 1992, a primeira travesti/trans a ocupar um cargo político na história do país. E Kátia foi além, não só alcançou o pioneirismo como se reelegeu outras três vezes, sempre como a mais votada. Integrante de uma familia de políticos da cidade, Kátia foi proibida de sair de casa por conta do que chamavam de "comportamento afeminado". Após a morte do pai, saiu de casa, se assumiu como mulher trans e acumulou mandatos no sertão piauiense, abrindo uma porta até então fechada.

Imagem ilustrativa da imagem Eleições na Bahia terão 12 candidaturas trans, terceiro maior índice do país
| Foto: Divulgação
Katia Tapety se tornou em 1992 a primeira travesti/trans a ocupar um cargo político na história do país

Primeira parlamentar transexual do Legislativo soteropolitano, com mandato exercido entre 2008 e 2012, a dançarina e ativista LGBTQI+ Leo Kret do Brasil disputará o pleito municipal pela quarta vez, com uma enorme diferença. Anteriormente registrada por seu nome de batismo, Alecsandro, Leo finalmente pôde ver o seu nome social figurando no cadastro eleitoral.

“Passei por preconceito a minha vida toda, inclusive pelo nome masculino na minha ficha de inscrição. Hoje, eu vou disputar pela vaga feminina, já que a minha identidade de gênero já pode ser considerada de modo legal e é mais um passo para toda a população LGBT e para as mulheres trans e travestis que agora podem se sentir representadas”, comemorou a candidata do DEM que, caso eleita, pretende investir em projetos como a ampliação dos centros de referência, programas de primeiro emprego e educação voltados para comunidade LGBTI+.

Leo falou ainda sobre as dificuldades que enxergou, durante seu primeiro mandato, em fazer política sendo uma transexual. Eleita em 2008 com 12 861 votos, a quarta maior votação da capital baiana, a ativista relembrou os tempos de Câmara, nos quais apontou um grande conservadorismo por parte das bancadas, e salientou a importância de se ter um quórum de representatividade no espaço.

“Eu estava no meio de uma bancada evangélica e conservadora, sendo a primeira mulher trans preta e da periferia a ocupar aquele espaço e, com isso, me vi bloqueada de fazer várias coisas. A Câmara Municipal precisa de uma bancada LGBT pois uma andorinha, às vezes só e sem apoio, não faz verão. Dentro de uma bancada LGBT, poderemos pegar aquele microfone na tribuna e lutar por nossos direitos”, avaliou Leo que, tal como Katia Tapety, quer abrir - abrir não, arrombar - as portas do preconceito.

“Fico muito feliz de ser pioneira nessa luta e poder ter aberto as portas e janelas para que possamos ver as minhas amigas lacrando atrás de uma cadeira. Ser a primeira a dar o pontapé e arrombar essa porta me deixa muito orgulhosa.Que venham mais!”.

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