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ELEIÇÕES

Geddel diz que errou por não reagir à estrutura da política

Condenado por corrupção, o ex-ministro e ex-deputado federal explicou que está pagando o preço com "altivez"

Por Dante Nascimento

19/09/2022 - 8:56 h | Atualizada em 19/09/2022 - 20:19
Geddel Vieira Lima concendeu entrevista ao programa Isso é Bahia, da rádio A TARDE FM
Geddel Vieira Lima concendeu entrevista ao programa Isso é Bahia, da rádio A TARDE FM -

Na primeira entrevista direta a um veículo de comunicação depois de ser preso e condenado no caso dos R$ 51 milhões de reais encontrados numa mala, num apartamento em Salvador, em 2017, o ex-ministro e ex-deputado federal Geddel Vieira Lima avaliou o que o levou à prisão. Ele contou detalhes do período em cumpriu pena em regime fechado, durante entrevista ao programa Isso é Bahia, da rádio A TARDE FM, nesta segunda-feira, 19, com Jefferson Beltrão e Ernesto Marques.

"Meu erro foi não ter reagido a uma estrutura na qual eu estava inserido dentro da política. Eu poderia ter reagido. Eu me entreguei àquela estrutura da política, aquele modus operandi de fazer política. Aconteceu comigo, aconteceu com outros, e eu estou pagando o preço, seguindo adiante com tranquilidade e altivez".

O experiente político destacou que não foi condenado a ficar calado ou "escondido debaixo da cama" e afirmou que recentemente publicou a foto da mala com o dinheiro encontrado pela Polícia Federal, que marcou o caso, para mostrar que não se incomoda com as críticas.

"Não tentem me constranger, porque as mazelas que eu sofri são públicas. Eu fiz questão de pegar essa foto, que é a que mais usam pra dizer 'cale a boca, você é ladrão’. Eu estou dizendo: 'está aqui'. Eu estou pagando. Se alguém, além do preço que me foi cobrado, quer que eu cumpra prisão perpétua ou vá para o pelotão de fuzilamento e atirar, o momento é esse".

Cumprindo regime semiaberto desde setembro do ano passado, Geddel contou durante a entrevista detalhes de como reagiu enquanto estava no presídio.

"Quando você se depara com a porta de entrada da prisão é como aquela imagem do inferno de Dante Alighieri: 'vocês que entram não percam as esperanças'. E é isso mesmo. Você entra naquilo dali e começa uma luta contra você mesmo, a maior luta de todas. E você tem que encontrar na fé, no apoio da família, no apoio dos amigos. Eu tive a presença constante de meu pai. Eu sentia o cheiro dele permanentemente. Chorava muito, chorei de tristeza, de alegria, porque para mim o choro - e eu que sou chorão - não é sinal de fraqueza. É uma catarse da alma".

Perguntado sobre as pressões que teria sofrido para fazer delação premiada e reduzir sua pena, Geddel disse que nunca pensou nessa hipótese.

"Isso não é opção que passa na minha vida. Primeiro que não havia qualquer explicação que pudesse envolver terceiros, destruir famílias. isso é um direito meu. Eu tinha que ter a ombridade para dizer que o raio caiu na minha cabeça, eu vou carregar a cruz, paciência. Lá na frente alguns podem compreender isso. Nunca passou pela minha cabeça a ideia de aliviar pra mim, delatando e destruindo outros. Não é do meu estilo".

Apesar ser alvo de muitas críticas após ser condenado, Geddel revelou que a sua casa deixou de ser "lar de leprosos" para se transformar numa "Basílica de Aparecida". Segundo ele, muitos políticos fizeram procissão para pedir seu apoio em tratativas sobre as eleições deste ano.

"O ex-prefeito ACM Neto ficou na minha casa pedindo apoio até a véspera do anúncio do MDB. Vai desmentir isso? Não tem condição. Lá esteve o prefeito de Salvador na minha residência inúmeras vezes. O ex-prefeito de Feira de Santana, Zé Ronaldo, pedindo para entrar no MDB, porque queria ser indicado a vice. O presidente da Assembleia, Marcelo Nilo, pedindo também para entrar no MDB para ser candidato a vice-governador".

Geddel também não deixou de fazer uma previsão para a disputa ao governo da Bahia.

"Está vindo uma onda vermelha que vai virar a eleição", concluiu.

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