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PRÉ-CANDIDATO

Giovani Damico: “Queremos a população para tomada de decisão coletiva”

Damico é pré-candidato ao governo do estado pelo PCB

Por Jefferson Beltrão

28/07/2022 - 0:15 h
Damico: "Para a questão da violência, temos um projeto que a gente chama de desmilitarização"
Damico: "Para a questão da violência, temos um projeto que a gente chama de desmilitarização" -

Aumentar a oferta de emprego, combater a fome e reestruturar a segurança pública. São as “questões urgentes” que precisam ser enfrentadas na Bahia, segundo o pré-candidato ao Governo do Estado Giovani Damico (PCB). “Nossa campanha se propõe a mexer nessas questões e trazer a população pra trabalhar junto”, afirma.

Mestre em ciências sociais e professor da rede estadual, Damico também defende a reformulação da educação. E garante: vai crescer nas pesquisas. Acompanhe nesta quarta entrevista da série com os pré-candidatos a governador da Bahia em parceria com a TV Alba (canal 12.2 e 16 na Net).

Por que o eleitor deve escolher o seu nome para governar a Bahia?

A Bahia vive uma série de problemas crônicos e a nossa campanha vem tendo como grande mote mexer naquilo que está jogado debaixo do tapete. Temos questões estruturais que a gente precisa urgentemente mexer no nosso estado. Temos um desemprego crônico, uma situação de fome assustadora, um problema de violência alarmante. Nossa campanha se propõe não apenas a mexer nessas questões como trazer a população pra trabalhar junto, ter mecanismos de participação e de tomada de decisão coletiva. Essa é, talvez, a nossa grande pretensão de trabalhar junto com a população baiana.

O senhor se encontra hoje numa situação pouco confortável entre os eleitores, segundo as pesquisas de intenção de voto. Em algumas delas nem chega a pontuar. O que mais espera conquistar nessas eleições, uma vez que, de acordo com as pesquisas, a possibilidade de se eleger é remota?

As pesquisas têm nos colocado numa posição com poucas intenções de voto, mas precisamos pensar que a pesquisa muitas vezes tem uma metodologia que favorece apenas quem já está naquela presença há mais tempo. Acreditamos que a nossa presença é mais forte, e tende a crescer bastante, é numa presença de rua. Esse vem sendo um grande aprendizado que tivemos com a última campanha. E, certamente, ao continuar participando de diversos espaços políticos, de movimentos sociais, tenho certeza que essa campanha tende a continuar crescendo. E junto a isso, a gente tem uma grande pretensão de politizar os debates, de trazer temáticas fundamentais que são incontornáveis. A gente tem isso como um grande saldo que já está aparecendo mas que, certamente, vai crescer muito mais até o final dessa campanha. Esse vai ser um ano em que a população baiana vai sair mais participante, com mais ideias sobre quais são os projetos que nossa sociedade precisa, nossos problemas estruturantes e assim por diante.

Quais são suas principais propostas de governo?

Temos três questões urgentes e várias outras que também vão precisar ser enfrentadas, mas três questões urgentes que vamos precisar trabalhar já no começo. Primeiro, a questão do desemprego praticamente estrutural no nosso estado. É um problema que começa no campo mas vem se alastrando pra cidade. Então, é o estabelecimento de uma reforma agrária, a reestruturação da EBDA, a estruturação de cooperativas no campo e, ao mesmo tempo, uma participação ativa do Estado na geração de emprego. A gente pode ter uma série de iniciativas desde aquelas voltadas pra infraestrutura, desde aquelas mais no campo da produção, pra tratar de fato o trabalho e o emprego como um direito e ter um potencial dinamizador muito grande na nossa economia. A gente tem também a questão da fome que não temos como não tratar. Precisamos ter uma política muito clara pra lidar com isso já de início. Seja na questão das exportações, seja na questão da produção de alimentos. A gente vai precisar em grande medida subsidiar a pequena produção. Temos projetos para implementar a agroecologia, fazendo produção de alimentos sem veneno. Tem várias experiências bacanas nesse sentido. Então, a questão da alimentação é uma segunda urgência. E temos um padrão de violência crônica que está crescendo no nosso estado e também não temos como contornar. Todos os dias, praticamente, a gente tem notícias de violência, seja ela entre facções, seja ela policial, em especial contra a juventude negra e periférica. Essa é uma terceira questão que entendemos que não tem como deixar pra ser resolvida ali na frente. Com uma presença mais ativa do Estado, uma chamada da população e da sociedade civil pra discutir essas questões e uma boa vontade pra mexer e fazer ajustes estruturais, a gente começa a ir transformando essas coisas. E temos, especialmente nesse terceiro aspecto, uma questão da Polícia Militar que vamos precisar mexer, porque chega a um nível que passa do alarmante. Vamos precisar de um projeto de reestruturação completa do que tem se tornado uma política de segurança pública. Na prática, ano após ano, a gente vê os índices de violência aumentando, a criminalidade aumentando e assim por diante.

Dá pra ser mais específico sobre suas propostas?

No sentido do emprego acho que a gente conseguiu ser mais específico, mas o que precisamos deixar claro é que tivemos aqui no último período um ciclo de governos que trabalhava a partir da ideia de superávit primário, em que basicamente a lógica era a seguinte: você precisava sempre ter uma quantidade maior de entrada do que de investimento do Estado. Só que essa é uma lógica que pra nós é muito problemática, porque, primeiro, o Estado, diferente de uma economia doméstica, quanto mais investe, especialmente se ele planeja o seu investimento, não investe a fundo perdido, ele dinamiza a economia. Se você aumenta o seu potencial de investimento público, você consegue dinamizar a economia como um todo. Então, temos um projeto que é a criação de um banco voltado especificamente para o crédito rural, pra dinamizar a pequena produção, a agricultura familiar. [A falta de oportunidade de trabalho no interior] é a principal força do desemprego no nosso estado. A população sai do campo e vem pra cidade, porque em geral tem sido expulsa nessa dinâmica de não conseguir trabalho no interior. Então, a presença do Estado como um agente dinamizador é, certamente, um polo central. Para a questão da violência, temos um projeto que a gente chama de desmilitarização. A desmilitarização pressupõe, inclusive, engajar a sociedade civil em um debate sobre legalização das drogas. Entendemos que essa é a principal porta de entrada não para outras drogas, como se diz, mas de recursos que vêm alimentando o crime organizado. Se a gente não consegue encarar essa porta de entrada e barrar a principal fonte de manutenção da violência, a gente não consegue mexer na coisa. E temos uma questão institucional muito forte com a polícia que vamos ter que trabalhar. As polícias hoje vêm funcionando em um padrão ostensivo que foge de uma lógica de prevenção, de limitar ao máximo a entrada de armamentos em nosso estado, de limitar ao máximo a entrada de contrabando. A gente precisa mudar esse paradigma pra uma lógica preventiva. Quando você sai da lógica ostensiva e vai pra lógica preventiva, você começa a mexer nas coisas.

E a educação? O que fazer pra transformar a educação da Bahia em exemplo para o Brasil e o mundo?

Que bom que essa pergunta surgiu, porque a gente não pode realmente contornar a questão da educação em nosso estado. E temos que olhar o problema por duas óticas. Primeiro, pela ótica dos profissionais da educação. A gente tem um problema muito grave. A qualificação para os profissionais da educação está extremamente dificultada. Uma licença pra um professor fazer um mestrado, uma especialização, um doutorado é algo quase impossível. Como é que a gente opera um avanço no sentido da qualidade da educação, se não permitimos sequer que nossos profissionais se qualifiquem? Junto a isso temos que olhar para as condições de trabalho. Isso envolve a infraestrutura das escolas, o número de alunos por sala, o que é uma questão gritante. Se você tem uma sala de aula com 40, 45 alunos, você sequer consegue acompanhar a dinâmica mais de perto de cada um dos alunos. Trabalhar um projeto em que a gente tenha salas de aula de 20 a 25 alunos traria um saldo qualitativo substancial. Agora, isso precisa vir junto com o processo de ampliação do número de vagas, com mais concursos públicos, com uma qualificação melhor desse pessoal. E a gente ainda tem outra questão hoje na rede estadual: uma ineficiência muito grande na locação do nosso pessoal. É a minha própria situação, onde você tem uma dificuldade de estar dando aula na disciplina na qual é formado. Esse é um problema crônico dentro do Estado. É professor de geografia dando aula de matemática, professor de sociologia dando aula de inglês. É uma questão que vai precisar ser trabalhada também. Agora, do ponto de vista dos alunos, que é a outra ponta dessa questão, a gente vai precisar ter projetos pra garantir que o aluno entre na escola e permaneça, pra que o aluno tenha acesso a um transporte adequado, pra que tenha acesso a uma merenda adequada, a um fardamento adequado, a um material didático. Você não pode chegar na metade do ano letivo faltando livro de boa parte das matérias. Você não pode chegar na metade do ano letivo tendo que encerrar horário da aula mais cedo porque o transporte público está desabastecido, porque tem ônibus quebrado e o seu aluno vai precisar sair às pressas. Então, a gente tem uma questão de infraestrutura e de garantir que esse aluno chegue até a escola e que ele não precise ser obrigado a trabalhar no seu contraturno, sem ter tempo pra estudar, sem ter tempo pra descansar.

O PCB hoje não tem nenhum representante na Assembleia Legislativa da Bahia. Numa eventual vitória e em busca de apoio para governar, com quais partidos o senhor se disporia a criar alianças e com quais não faria aliança de jeito nenhum?

Apesar de não termos hoje nenhuma representação na Assembleia Legislativa, a gente tem participado ativamente, politicamente. A gente tem uma aliança muito forte com o deputado estadual Hilton Coelho. Inclusive, optamos por preservar essa aliança com o deputado Hilton Coelho, do PSOL. Tanto é que nessas eleições o PCB optou por não ter candidatura a deputado estadual, embora estejamos construindo algumas candidaturas para deputado federal. Então, no cenário da Assembleia Legislativa, a gente tem uma aliança muito forte com o PSOL, que vem sendo aprimorada no último período. A gente tem Hilton Coelho como grande representante disso. Mas estamos também dialogando de uma forma mais ampla com o PSOL. Temos também a UP, que é um partido jovem e com o qual temos um diálogo interessante. O nosso leque de alianças acaba sendo um pouco restrito, porque o nosso leque de projetos tem como uma prioridade muito grande não abrir mão daqueles ideais.

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