Marqueteiro de Boulos planeja “campanha antidepressiva” na Bahia | A TARDE
Atarde > Política > Eleições 2024

Marqueteiro de Boulos planeja “campanha antidepressiva” na Bahia

Gallo faz giro pelo Brasil para auxiliar pré-candidaturas do PSOL, como as de Tâmara Azevedo e Marcos Rezende

Publicado quarta-feira, 27 de abril de 2022 às 12:51 h | Atualizado em 28/04/2022, 13:57 | Autor: Lucas Franco
Tâmara Azevedo e Marcos Rezende, além de fazerem parte da mesma corrente do PSOL de Guilherme Boulos, a Revolução Solidária, trazem requisitos que segundo Gallo, são importantes para a condução de uma campanha
Tâmara Azevedo e Marcos Rezende, além de fazerem parte da mesma corrente do PSOL de Guilherme Boulos, a Revolução Solidária, trazem requisitos que segundo Gallo, são importantes para a condução de uma campanha -

As pré-candidaturas de Tâmara Azevedo (PSOL) e Marcos Rezende (PSOL), para o Senado e Assembleia Legislativa (Alba), respectivamente, contam com o apoio do marqueteiro do pré-candidato a deputado federal por São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL). A ideia de Gabriel Gallindo, mais conhecido como Gallo, é adaptar algumas das estratégias usadas nas campanhas de Boulos à presidência da República, em 2018, e à Prefeitura de São Paulo, em 2020, para levar, segundo ele, uma “injeção de ânimo” para outros estados do país. “O que precisamos fazer esse ano são campanhas antidepressivas. As pessoas estão deprimidas. Precisamos trabalhar a alegria, para as pessoas sentirem que são parte da mudança”, disse Gallo, em entrevista exclusiva ao portal A TARDE.

O perfil dos pré-candidatos que vai apoiar na Bahia, o giro pelo Brasil, as nuances nos cenários políticos estaduais e uma comparação entre sua forma de trabalho e a forma de trabalho usada pela extrema-direita foram alguns dos assuntos da entrevista. “Não existe uma imposição, uma maneira de se fazer as coisas. O que existe é um método que extrai dessas candidaturas o melhor que elas têm para oferecer para a Bahia, porque é uma tradução dos projetos que eles [Tâmara e Marcos] já têm na Bahia”, argumentou Gallo, sem dar tantos detalhes sobre como é o método.

Com atuações profissionais em agência de publicidade e no audiovisual, Gallo é formado em comunicação social e foi calouro de Boulos, quando passou por filosofia, na USP, mas conheceu de fato o pré-candidato a deputado federal por São Paulo quando se aproximou dele durante uma ocupação do MTST, movimento liderado por Boulos que reivindica moradia para pessoas em situação de rua com base no inciso XXIII do artigo quinto da Constituição Federal. “Conheci o pessoal em 2010 e nunca mais larguei. Hoje são meus melhores amigos, minha família, é com quem eu milito”, recordou o marqueteiro. “Eu fico muito honrado de receber esse título de marqueteiro, mas questiono ele também, porque é um trabalho colaborativo. Eu estarei presente na Bahia, o espírito da campanha de Boulos estará presente. É uma honra poder trabalhar e aprender com eles [Tâmara e Marcos]”.

O giro pelo Brasil para conversar com pré-candidaturas aliadas, apelidado de “turnê” por Gallo, já passou por Rio de Janeiro, Bahia e atualmente se encontra em Minas Gerais. Também serão visitados os estados de Pernambuco e Ceará e o Distrito Federal, além do interior de São Paulo. “Hoje a gente tem a necessidade de compartilhar tudo que a gente aprendeu em 2020. Mas nunca teve isso do marqueteiro genial, que vai chegar e dar as ideias. A construção da comunicação é de baixo para cima, com construção coletiva e colaborativa”, alegou o profissional de comunicação política.

A confrontação ao termo “radical”, atribuída a Boulos na campanha de 2020, foi um dos segredos para o sucesso da campanha do então pré-candidato a prefeito, que levou o PSOL ao segundo turno na capital paulista pela primeira vez. “A gente não inventou nada. Demos humanidade a essas candidaturas. Não vamos inventar nada. Fomos chamados de radicais pelos tucanos porque queríamos casa para todo mundo”. 

Trabalhar as nuances em cada estado, segundo Gallo, está no horizonte estratégico. Em São Paulo, Boulos apoia a pré-candidatura de Fernando Haddad (PT), enquanto o PSOL da Bahia tem um candidato próprio ao Governo do Estado, Kleber Rosa. Ainda assim, o marqueteiro alega que os estados brasileiros trazem muitas semelhanças no que se refere às expectativas. “Vejo nesse giro que o sentimento do povo é muito parecido. Todo mundo tem a clara consciência de que hoje temos um único objetivo em comum que é tirar Bolsonaro da presidência. Isso é urgente e necessário. Se a gente não superar essa página a gente não deixa o povo brasileiro respirar”, alegou.

Tâmara Azevedo e Marcos Rezende, além de fazerem parte da mesma corrente do PSOL de Guilherme Boulos, a Revolução Solidária, trazem requisitos que segundo Gallo, são importantes para a condução de uma campanha. “Elas [as pré-candidaturas] têm muito lastro ético e tem toda a capacidade de ter uma liberdade estética em diferentes campanhas”. O marqueteiro enxerga com otimismo os passos daqui para frente com as pré-candidaturas apoiadas por ele na Bahia. “Marcos carrega consigo muitos coletivos. Coletivos de entidades negras, que faz um trabalho de base e chega no páreo para deputado estadual com um projeto popular. Por isso tem lastro ético, assim como Tâmara Azevedo, que tem uma construção popular de trabalho dentro da Bahia, na área de turismo, com projetos que visam a população que mais precisa. Ela tem tudo para fazer uma campanha com a cara da Bahia. A gente já vê como ela aponta na pesquisa”, indica Gallo.

Os sentimentos provocados pela extrema-direita, segundo Gallo, se opõem ao que propõem as suas pré-candidaturas. “A extrema-direita trabalha explorando o sentimento do medo e o sentimento do ódio. Eles fizeram isso em 2018. E isso tem acontecido não só no Brasil, mas com Trump nos Estados Unidos, com Orban na Hungria e o Brexit na Inglaterra”. Para o marqueteiro, o método dos seus opositores se aproveita da insegurança e desesperança da população. “A extrema-direita oferece uma solução falsa, que dá uma sensação de potência. É um contrassenso colocar arma na mão de todo mundo. Eles trabalham com esses sentimentos. A gente acredita em uma sociedade amorosa, em que as pessoas passem a acreditar que política é lugar para elas também”, alegou.

Publicações relacionadas