Mourão afirma não ver crime político em morte de petista
Para vice-presidente, episódio é corriqueiro, acontece todo final de semana e não deve ser politizado
O vice-presidente Hamilton Mourão procurou afastar qualquer hipótese de crime político ao comentar o assassinato de Marcelo Arruda, Guarda Municipal de Foz do Iguaçu e fiiliado ao PT. Para Mourão, é apenas mais um caso lamentável que ocorre todo final de
semana e não deve ser politizado.
"Não queiramos fazer a exploração política disso aí. Vou repetir o que eu estou dizendo e nós vamos fechar esse caixão. Para mim, é um evento desses lamentáveis que ocorrem todo final de semana nas nossas cidades, de gente que briga e termina indo para o caminho de um matar o outro", continuou.
Marcelo foi morto no último sábado, quando realizava uma festa de aniversário. Segundo relatos colhidos pela polícia, o policial penal federal Jorge José da Rocha
Guaranho matou a tiros o
guarda municipal aos gritos de "aqui é Bolsonaro". Nas redes sociais, o apoio de Guaranho ao presidente é flagrante.
O petista conseguiu reagir e efetuou disparos contra seu agressor. A Polícia Civil do Paraná a princípio disse que Guaranho também tinha morrido, mas a informação depois foi corrigida. Ele permanece internado e sob custódia.
A delegada responsável pelo caso, Iane Cardoso, afirma que a hipótese de motivação política para o crime contra o petista é investigada. Ela foi substituída por Camila Cecconello depois que foram divulgadas postagens bolsonaristas na suas redes sociais.
Bolsonaro também se manifestou sobre o caso no domingo, 10. O presidente disse que dispensa o "apoio de quem pratica violência contra opositores", mas, no mesmo pronunciamento, atacou a esquerda.
"Dispensamos qualquer tipo de apoio de quem pratica violência contra opositores. A esse tipo de gente, peço que por coerência mude de lado e apoie a esquerda, que acumula um histórico inegável de episódios violentos", escreveu o chefe do Executivo.
A manifestação do presidente foi publicada em seu perfil nas redes sociais somente após as 19h, depois que praticamente todos os espectros políticos já haviam se manifestado em repúdio.
Nesta segunda-feira, 11, o presidente se reuniu com apoiadores e criticou a forma como está sendo divulgada a morte.
"Vocês viram o que aconteceu ontem, né? Uma briga de duas pessoas lá em Foz do Iguaçu. 'Bolsonarista não sei o que lá'. Agora, ninguém fala que o Adélio é filiado ao PSOL, né? A única mídia que eu tenho é essa que está nas mãos de vocês aí", disse Bolsonaro a apoiadores na saída do Palácio da Alvorada.
Adélio, autor da facada em Bolsonaro na campanha de 2018, foi filiado ao partido. Segundo as investigações, ele concebeu, planejou e executou sozinho o atentado. Foi considerado inimputável por ter doença mental e cumpre medida de segurança em um presídio federal.