ELEIÇÕES 2024
Rogério da Luz (PRTB): "Estou coligado com Deus e o povo"
Por Patrícia França

Experiente em eleições majoritárias, Rogério Tadeu da Luz, o Da Luz, disputou o governo da Bahia, em 2002, e a Prefeitura de Salvador, em 2004. Da Luz, do PRTB, faz questão de dizer que não é político e é o único prefeiturável que sai sem estar coligado a outro partido. Se eleito, promete uma gestão técnica e a implantação do aerotrem.
Duas tentativas de ser prefeito e 1% de preferência do eleitorado, segundo o Ibope. Porque você insiste em querer governar Salvador?
Insisto por um motivo: eu tenho uma experiência acumulada (como analista de sistemas) e quero desenvolver essa experiência para resolver os grandes problemas que Salvador, hoje, vem enfrentando. A gente tem a experiência administrativa e consegue facilmente identificar os problemas. Dou exemplo: os cartórios. antes de privatizar, eram uma anarquia, uma confusão, com fila para pegar senha. E hoje não tem sequer fila. É uma pessoa ou duas na frente, funcionando na profunda harmonia. E o que mudou? Qual é a diferença? Mudou a filosofia (de trabalho), pessoas foram treinadas, mudou a articulação (na gestão). É buscando essa eficiência, como foi mostrada em relação aos cartórios, que a gente vai organizar toda a máquina administrativa e fazer Salvador voltar a andar.
Quando você se candidatou na primeira vez, fez enorme sucesso com o seu bordão "na velocidade da luz" e ao se apresentar de costas na TV trajando um paletó cheio de lâmpadas. Agora você está mais comportado, por quê?
Rapaz, nem é questão de estar mais comportado. Aquilo ali foi feito um trabalho para começar a minha campanha política, porque eu só tinha 52 segundos. Agora a gente já tem 1 minuto e 45 segundos. Então, eu acho que chegou o momento de as pessoas até entenderem o que é que eu queria dizer. Mas, agora, estão vendo que os políticos que me antecederam, até hoje, não resolveram os problemas que a cidade vem enfrentando, e cada vez maiores. Então está na hora de dar realmente as costas aos maus políticos e procurar uma nova forma de administrar Salvador, mais técnicas e contemplando a informatização para as coisas voltarem a funcionar na cidade.
Você tem colocado que vai fazer uma administração técnica e também afirmado que o povo cansou de político. Como você pretende governar sem a participação dos partidos?
Os partidos que comporão o nosso governo têm, com certeza, técnicos em seus quadros. Agora, você tem que colocar cada técnico em seu devido lugar. Mas não nos furtaremos, de jeito nenhum, de pegar o melhor técnico, independentemente de estar ou não filiado a um partido . O importante é fazer com que a cidade funcione.
O PRTB é o único a disputar esta eleição sem estar coligado com outra legenda. Isso é bom ou ruim?
Olha, nós estamos coligados com Deus e com o povo. E é bom estar coligado assim porque a gente não tem nenhum tipo de acordo com nenhum partido. Assim que chegarmos no segundo turno, aí sim ,nós poderemos fazer as parcerias com os partidos que seguirem o nosso programa de governo. Não faremos mistura de gato com rato, temos que, exatamente, ver quem é que quer a mudança de Salvador e quem acredita na nossa proposta, que é a melhor. Se puder somar, com certeza iremos aproveitar.
E como vai ser a relação do prefeito com a Câmara Municipal?
Aí vai ser uma relação extremamente política, porque estamos falando com o Legislativo. Porque uma coisa é a área administrativa, que são as secretarias, e a outra coisa é a Câmara, um Poder independente, que nós vamos respeitar muito. Não vou ter problema de ter a maioria. Porque? Porque o vereador depende do prefeito e o prefeito depende do vereador, e a cidade depende de ambos estarem dentro, realmente, de um projeto de construção. Salvador precisa ter um projeto e quando este projeto for apresentado, não tenho dúvida de que os vereadores comporão a base e acompanharão o crescimento e o desenvolvimento de Salvador. Então, não tenho problema nenhum de o nosso o partido, elegendo um, dois, três ou quatro vereadores, compor com outros partidos politicamente, dentro de uma estratégia que seja tecnicamente possível.
E o senhor acha que isso será possível sem o tradicional toma-lá-dá-cá? Ou seja, os vereadores pressionando por demandas das bases e o Executivo amarrado algumas vezes e, em outras, abrindo o cofre para garantir a aprovação de projetos do seu interesse?
O toma-lá-dá-cá correto e positivo é aquele em que o vereador busca obras para a sua comunidade e o prefeito mete a caneta para que as obras aconteçam, melhorando a cidade como um todo. O que eu não farei é negociata, fora da lógica de que o vereador traz as demandas da sua comunidade e a gente (o Executivo) vai procurar solucionar as demandas daquela comunidade. Aí todo mundo ganha: a comunidade, o vereador, que vai estar bem com sua base, e o prefeito que vai estar bem com todo mundo.
Você tem apontado a questão da mobilidade como um dos problemas mais sérios da Capital. A sua proposta de implantar o aerotrem é mais viável que o metrô?
É, por causa do preço. Acho que o metrô tem sua aplicação prática, a depender do tamanho da cidade, do tamanho do faturamento (receita) da cidade. Agora, na relação custo benefício, o aerotrem é melhor. Hoje consigo fazer um aerotrem com R$ 40 milhões o quilômetro. E não tem outro meio de transporte que eu possa utilizar o mesmo recurso e conquistar o mesmo benefício. Não estou colocando nada que não esteja, hoje, em funcionamento. Está sendo implantado em São Paulo, já existe em outras cidades do mundo, como Moscou (Rússia), que estava parada no século 19, quando veio o fim da antiga União Soviética, e pode retomar o desenvolvimento. Acho que trazer para Salvador um tom moderno, a cidade, que quer viver do turismo, só tem a ganhar.
Se o senhor for eleito, qual a primeira providência que tomará como prefeito?
Se fala muito em choque de gestão. Eu daria mais um choque de comportamento, em primeiro lugar, e depois um choque administrativo, para que as pessoas entendam o quê e como (a gestão) irá mudar. Então, acredito muito na união do prefeito com os seus comandados. Mesmo os funcionários públicos concursados precisam ser valorizados e também treinados, para que possam desenvolver a sua atividade da melhor maneira e dar o melhor retorno à sociedade. É chegar dizer assim: olha, a coisa mudou ,mudou para melhor, e vamos começar, agora, as transformações na área administrativa.
Uma das dificuldades de quem sentar na cadeira de prefeito será encarar a restrição de caixa, sobretudo para investimentos em obras e infraestrutura. Como o senhor pensa em aumentar a arrecadação do município?
O município pode ser auto-sustentável. Olha o Pelourinho, que está abandonado. Todo mundo fala em gastar no Pelourinho. Mas o Pelourinho é um tesouro, é para dar lucro, trazer recurso para a cidade. Não é para a cidade está se descabelando para saber como cuidar do Pelourinho. Ele é auto-sustentável, mas o que precisa é colocar o Pelourinho para funcionar 24 horas, ampliando a atividade comercial naquela área e adjacências. Os recursos serão captados do setor de turismo. Mas aí tem outro desafio, que é a cidade, que tem axé, energia, simpatia, abraçar este turista. Então, temos muito que crescer na profissionalização do turismo e na área da construção. Temos que voltar a cidade para o setor de serviço.
Como outros candidatos o senhor também teve participação no governo do prefeito João Henrique (PP).
Eu participei um ano e meio do governo dele, sem nenhum poder, sem nenhuma secretaria. Se eu tivesse uma secretaria, pode ter certeza que ela teria dado um show de funcionamento. Fiz alguns projetos interessantes, mas, até agora, por incapacidade da atual gestão, não estão funcionando a contento.
Qual sua avaliação do governo de João Henrique?
Acho que em lugar onde muitos mandam, ninguém manda. Faltou, realmente, uma gestão. Um maestro, um técnico. João Henrique é uma excelente pessoa, político, mas faltou o técnico. Acredito que, cada vez mais, ele vai estar exposto (durante a eleição), porque ele é o prefeito e as pessoas (candidatos) querem ocupar o lugar dele.
Se o senhor for eleito vai revisar o Plano Diretor (PDDU) da cidade e a lei de ordenamento e uso do solo (Louos)?
A Louos, só o nome dela leva a gente a pensar numa loucura, o que realmente é. Porque vão abrir o gabarito (elevar a altura dos prédios) na orla, fazendo sombra na praia até as 10h e depois das 15h. Já tiraram as barracas de praia, agora os caras querem tirar o sol da praia? Daqui a pouco vão querer tirar o mar. Vai ficar só areia. Então, a gente tem que rever, sim. O PDDU estava ruim, e a Louos veio e piorou. Então acho que tem que ser refeito, tem que separar e realmente fazer um Plano Diretor que contemple a periferia, e não fique tão a toque de caixa, pensando mais na especulação imobiliária.
Na eleição passada, você tinha um bordão que dizia que, caso fosse eleito prefeito, faria uma gestão que daria um salto de "40 anos em quatro" em Salvador? Você ainda acha isso possível
Não só 40 anos em quatro. Com a implantação do aerotrem, vou fazer 40 quilômetros em quatro anos, o que, colocando na velocidade da lesma do metrô atual, daria mais ou menos 400 anos em quatro. Eles não conseguiram , em mais de dez anos, colocar seis quilômetros em funcionamento, o menor metrô do mundo, o mais caro do mundo. Pelo menos Salvador é citada no Guiness graças a esse metrô, que parece mais ferrorama para criança brincar.
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