ELEIÇÕES 2024
"Sempre irei defender as minorias", diz o candidato ao Senado Celsinho Cotrim
Por Roy Rogeres l A TARDE BA

Celsinho Cotrim é filho do ex-vereador Celso Cotrim, e preside o Partido de Reedificação da Ordem Nacional (Prona) em Salvador, entretanto, tenta uma das duas vagas baianas no Senado pelo Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), por conta da não homologação do Prona a tempo do pleito, tendo permeado anteriormente pelo PSB e PT. Especialista em Administração Pública, ele apresenta um programa no Canal YouTube e já foi responsável pela coordenação de diversas campanhas políticas, passando por cargos comissionados, como a Superintendência e Chefia de Gabinete da Secretaria de Turismo da Bahia e todas as diretorias da Bahiatursa, além da Chefia de Gabinete da Secretaria de Economia, Emprego e Renda da Prefeitura de Salvador. Focado em campanha nas redes sociais, possui mais de 116 mil seguidores no Instagram, 149 mil inscritos no Facebook, 18.848 no Twitter e 5.583 no YouTube. Em entrevista exclusiva para A Tarde, ele avaliou a esquerda atual, criticou o crescimento da bancada evangélica, apresentou as principais propostas de campanha, e se contrapôs a parte dos projetos do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), se posicionando como defensor das minorias.
O Sr. já foi aliado a partidos de esquerda como o PSB, tendo sido presidente desta sigla, atuou nos governo de Jaques Wagner e Rui Costa, depois passou pelo PRONA e hoje está no PRTB, dois extremos, quais as circunstâncias e o que motivou esta escolha?
Fui filiado também ao Partido dos Trabalhadores (PT), vice-presidente do PSB, e hoje pertenço ao Partido da Reedificação da Ordem Nacional (PRONA), sigla que continuo. Entretanto, por ainda não ter sido homologado, necessitei abrigo em outro partido, definido a nível nacional que seria o Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB). Após a eleição retorno ao PRONA oficialmente, onde tenho tido o espaço que preciso, repleto de respeito, com o objetivo de desenvolver e aprofundar as principais propostas que acredito. Tendo passado por esses partidos, consigo avaliar o espaço que melhor me cabe, com as minhas ideologias, objetivos, pretensões, recebendo principalmente respeito, consideração e valorização, o que me faltou diversas vezes nos demais, e me motivaram a continuar, ainda que tenham visões opostas, todavia, consigo imprimir o que acredito, com total aceitação e respeito, e tudo mais que me faltava. O que nunca tive dúvidas foi de que precisava continuar, e continuo fazendo e exercendo o que acredito.
Qual a sua avaliação sobre a esquerda hoje?
A esquerda teve um compromisso muito grande com a história e a formação da política brasileira, sempre se preocupou com os trabalhadores, com a justiça social. O livro de receitas da esquerda é de uma sociedade mais justa, fraterna e igualitária, só que a esquerda por si só, no livro, não funcionaria, não faria revolução. Para que isto aconteça é necessário que seres humanos adentrem ao projeto, e como seres humanos são absolutamente passíveis ao erro, alguns membros da esquerda erraram demasiadamente, o que acabou por manchar todo um projeto muito bonito, mas, como em todo caminho há possibilidade de readequação dos rumos, acredito que esteja dando freio de arrumação e vai readequar os seus rumos.
O que aprendeu politicamente com a experiência do seu pai, Celso Cotrim?
A seriedade com a coisa pública, o respeito as pessoas, o compromisso com a honestidade do dinheiro público, e não desperdiçá-lo, e a respeitar as leis do nosso País.
Como Senador, quais os problemas e questões que acredita demandar maiores valores de investimento a serem gastos?
Principalmente as áreas apontadas pelos brasileiros como as mais problemáticas, como a questão da segurança pública, saúde, educação e desemprego. Na saúde, o maior problema é a regulação, na segurança pública falta efetividade das políticas públicas e é necessário maior investimento nos serviços de inteligência. A educação precisa ser vista como o maior instrumento de transformação social, e que precisa de investimento muito maior do que tem sido ofertado, e para gerar empregos é necessário ação conjunta, visando investimentos nos mais diversos setores, em especial, o turismo, além de maior e completo investimento na área social, tratando a questão como transversal em todas as áreas, que tenhamos o compromisso num grande pacto federativo reunir as entidades na sociedade civil organizada, poder público federal, e os poderes municipais e estadual, bem como todas as lideranças que estando ou não ocupando cargos em organismos de defesa da criança e do adolescente, por exemplo, possam se unirem e rediscutir toda a aplicação de recursos públicos para a área social assim como toda a legislação dos pontos, principalmente no que diz respeito a grande discussão relacionada a maioridade penal, que sou contra.
O que pensa sobre a descriminalização do aborto?
É uma questão que precisamos rediscutir porque a legislação permite o aborto em determinados casos, porém, quem engravida, que são as mulheres, é que temos que escutar e rediscutir com elas essa legislação, através das organizações que as representam, com representantes dos movimentos feministas, associações, fundações vinculadas as questões do feminismo, para juntos articularmos os melhores caminhos, de modo a garantir o direito das mulheres, em um tema que passa sobretudo por uma questão de saúde pública. Muitas mulheres morrem, nos locais de menor acessibilidade, e muitas vezes, essas mortes não são consideradas com os motivos reais, que passa pela clandestinidade das ações. É um assunto sério, que precisa ser analisado minuciosamente, no sentido de evitar a morte das mulheres que optam pelo aborto. Existe também o “aborto masculino”, e isto precisa ser avaliado e considerado. A quantidade de homens que não assumem seus filhos e os abandonam é imensa, e faz parte de uma cultura machista enraizada em nossa sociedade.
É a favor ou contrário da descriminalização da maconha para uso recreativo e medicinal? E como resolver o problema das drogas no estado?
Precisamos enfrentar diretamente essa questão da legalização das drogas, haja vista que é uma hipocrisia enorme, o poder público finge não ver, e não enfrenta este debate, fomentando o preconceito. Nós vamos convocar a sociedade civil e os poderes constituídos para discutirmos essa questão não apenas para efeitos medicinais, e sim em sua totalidade. Não faz sentido tratarmos diferente a bebida alcoólica e a maconha, por exemplo. Então, temos que fazer este debate e considerar os mais diversos fatores que interferem direta ou indiretamente. Minha candidatura visa encarar de frente essa questão, pois não estou aqui para agradar o segmento conservador ou segmento liberal, e sim para fazer o debate que é fundamental. Não estou preocupado se vou perder ou ganhar votos assumindo essa posição. Além é claro do investimento massivo nos setores de inteligência da polícia e o dos órgãos competentes, trabalhar veementemente e efetivamente nas fronteiras do nosso País, realizando trabalhos com os próprios usuários e dependentes, com a polícia, com a sociedade, para encontrar o melhor caminho de combate ao avanço do tráfico.
Na sua avaliação, quais os principais problemas enfrentados pelo Estado e como solucioná-los?
Em ordem: Saúde, segurança pública, educação, corrupção e desemprego. Tanto os senadores quanto o poder executivo têm que enfrentar essa discussão. Não dá para termos cada vez mais um número maior de desempregados em nosso País, onde sabemos que o problema não está somente na falta de geração de empregos, é maior que tudo isto e tem base no desaquecimento em que está a economia. Precisamos tratar o desemprego vinculado originariamente na questão econômica: ou aquece a economia, ou nada adianta, visto que não se gera emprego sem que essa aliança aconteça de forma evidenciada e forte. Dentro da segurança pública, é necessário valorizar os profissionais, com os reajustes e qualificação, e investir muito nos setores de inteligência, além de reequipar todas as unidades que existem no Brasil de segurança pública, passando pelas delegacias, viaturas, armamentos, e demais composições de estrutura da área. Na saúde temos que enfrentar o maior problema que existe em sua base: a conhecida fila da regulação, com a realização de concurso público para médicos e enfermeiros da regulação, com isto, advém a autonomia e a independência, para que não aceitem nenhuma interferência política furando a fila. Após funcionar tecnicamente, para que essa fila possa ser reduzida cada vez mais, o processo de desospitalização deve ser aplicado de modo eficaz, para que os leitos possam ser liberados. Já a educação em nosso País, 65% do orçamento está destinado a formação básica, então, o problema não consiste em não ter dinheiro, está na gestão e nas metodologias aplicadas na área. Por trabalhar diretamente com a educação privada na Universidade Católica de Salvador, que é uma instituição filantrópica, junto com outras instituições desta natureza no Brasil, entendemos que é pretendido executar o debate, para através da filantropia, trilhar um caminho absolutamente possível no auxílio ao fomento da educação nos mais diversos níveis, além de debater as metodologias. A filantropia pode ser um braço direito imprescindível para a melhora da educação no País, e também reutilizar os espaços físicos de sala de aula dessas entidades, para aumentar a quantidade de salas de aula, utilizando as estruturas e recursos humanos para contribuir com a educação. Um aluno da educação pública corresponde hoje a 20 vezes mais custos que numa filantrópica, e cada real investido pelo poder público numa filantrópica, é entregue cinco vezes mais este valor a sociedade. Ou seja, pode ser uma parceira fundamental para o desenvolvimento da educação.
Quais as principais propostas de Jair Bolsonaro (PSL) para o País, que também podem ser utilizadas com êxito na Bahia?
O que Bolsonaro defende com firmeza por conta de sua origem profissional é a questão da segurança pública, um ponto que tem deixado a sociedade urbana e rual extremamente assustadas. Este ponto é de fundamental importância para que reverberemos em nosso Estado e ampliemos cada vez mais os instrumentos que visam garantir a segurança das pessoas, permitindo o direito de ir e vir, a tranquilidade de que os filhos possam ir e vir da escola em paz, que possamos usar um celular, relógio, corrente ou seja lá o que for, e que não sejamos assaltados na rua, que estejam no ônibus e não sejam roubados, assaltados, agredidos, que é um desespero comum o qual já passei, e sei bem o que é. Por tanto, este é o discurso dele que tem maior consonância com os problemas da área que enfrentamos cotidianamente aqui, dentre outros. A campanha está muito mais diversificada e virtual, continuaremos fazendo assim.
Concorda com os posicionamentos de Jair Bolsonaro no que tange as políticas para mulheres, pessoas LGBTQ+, discriminação racial, armamento, e crítica aos defensores dos direitos humanos?
Como ser humano eu sou filho de uma geração que respeita, valoriza, e luta cada vez mais pelos direitos humanos, e nesta condição, exercendo papéis na sociedade, quer seja de qualquer forma, sempre irei defender as minorias, sou e serei ainda mais um porta voz e um lutador intransigente na defesa dos homossexuais, das mulheres, dos negros, indígenas, e LGBTQ+. Não passarão nenhuma questão que não dignifique a vida humana e que seja o inverso disto, por tanto, todas estas ditas minorias terão em mim um porta-voz onde eu estiver, sou um representante e não abro mão disto.
Acha que apoiá-lo pode prejudicá-lo? Considerando que apesar de liderar as pesquisas de intenções de votos, ele é também líder absoluto de rejeição?
Não, penso que as minhas posições são muito claras. As rejeições que vejo a Bolsonaro são oriundas de algumas posições dele. Se essas posições são diferentes em relação a minha pessoa vai ser separado o posicionamento de um de outro. Tenho as minhas próprias ideologias, nem todas estão em consonância com as dele.
O que pensa sobre o crescimento da bancada evangélica?
É uma situação muito complicada, e eu defendo de que o parlamento seja o que se dispôs a ser na sua criação, ou seja, a representação de segmentos da sociedade, isto é uma coisa, a outra é se utilizarem deste tipo de representação como força para impor à sua nação determinados pensamentos que não representam a totalidade, baseadas tão somente nas interpretações bíblicas, que podem ser das mais diversas. Esse limite penso que as vezes falta para várias bancadas, principalmente a evangélica, e neste aspecto eles precisam encontrar o equilíbrio entre o que é razoável para a representação deles e o que representa a população em sua totalidade. Por vezes, simbolizam também o retrocesso, o conservadorismo exacerbado que em nada contribui no processo de desenvolvimento do País.
Qual a sua opinião em relação as novas determinações do TSE, como proibição de doação por empresa para campanhas políticas, acha que a ação diminuirá a corrupção?
É o início da diminuição da corrupção, essa minirreforma eleitoral feita em 2017 ficou a desejar, entretanto. Sou um defensor intransigente das reformas estruturantes em nosso País, passando pela eleitoral, trabalhista, e tributária. E neste aspecto da eleitoral, penso que o financiamento de pessoa jurídica oficial, uma vez que as denúncias as que tenho conhecimento é de que o caixa dois eleitoral continua acontecendo, tem que proibir todos os tipos de financiamento, sou completamente a favor e defendo de que não deve ter dinheiro público para campanha política. Não tem que ter nada de pessoa física também doar. A campanha tem que ser rádio e televisão onde a produção que será paga pelo poder público através das suas estatais de comunicação, e internet. Acabou essa história, além disso tem que combater a questão da distribuição de horário e tempo de rádio e televisão, pois isso também propicia a corrupção, uma vez que requer acordo com partidos políticos, acordos esses que passam por questões materiais, o toma lá da cá, e essas questões materiais é sabido o que significa. É muita diferença de tempo, o que inviabiliza uma análise justa dos eleitores, tanto que apenas no segundo turno essa lacuna é resolvida, quando ambos os candidatos passam a ter o mesmo tempo, pois sabem que estão errados. Isto precisa ser corrigido urgente e é proposital. Por isso eu defendo uma assembleia nacional constituinte, cujos membros deverão ficar oito anos inelegíveis, para resolução dessa questão.
O Sr. Tem propostas que obrigam filhos de políticos a frequentarem escolas públicas, a utilizarem o SUS e outros serviços públicos, como avalia a reação dos políticos?
Já estão sendo recebido pela classe política da pior forma possível, mas como eu não estou candidato e nem sou cidadão para representar os políticos e sim a população, não tenho a mínima preocupação com o que eles estão pensando, me preocupo com o que acredito. Entra eleição e sai eleição e os principais problemas não são resolvidos, então, na minha avaliação, só conseguiremos resolver a saúde e educação pública, e demais áreas públicas do nosso País quando o próprio político e seus familiares utilizarem hospitais públicos, escolas públicas e todos os serviços, ao sentirem na pele quem sabe vão de fato buscarem as transformações e mudanças que sabemos ser fundamentais. Essas propostas surgiram quando comecei a perceber que os políticos, ex-secretários, ministros, dentre outros presos em operações como a lava-jato, as celas começaram a mudar para melhor. Não tem nada de outro mundo, são as celas ideais para acolher o preso. O sistema carcerário do Brasil é péssimo, longe do ideal para acolher os detentos de acordo com os relatórios da Organização das Nações Unidas (ONU). Mas aí já começamos a perceber as melhoras, poucas e superficiais, mas já possíveis de serem notadas, por conta da prisão dos aliados, e amanhã podem ser os próprios em seus lugares.
O que opina sobre as reformas trabalhista, tributária e previdenciária?
Sou favorável às reformas em todas as áreas do País, mas ao texto apresentado pelo presidente Michel Temer (MDB), eu sou contra, porque mais uma vez prejudica o trabalhador e beneficia o empregador. Cada vez mais colocam o trabalhador que recebe menos para pagar os mais altos impostos, e os grandes empresários têm isenção da tributação com a falácia de gerar empregos. O que não vem acontecendo, eles não cumpriram a parte deles e consequentemente aumentou a especulação financeira nas bolsas. As reformas previdenciárias, tributárias e trabalhistas são necessárias, mas como foi feita a reforma trabalhista, por exemplo, fragilizou e prejudicou os empregados, pois o patrão tem a vaga, as pessoas repletas das suas necessidades naturais e básicas, ofertam oportunidades com valores menores, o trabalhador acaba por não ter como recusar. As garantias dos direitos trabalhistas flexibilizadas em demasia, o que fragilizou as relações.
Concorda com o foro privilegiado?
O foro privilegiado nunca tinha que ter existido nesse país, e tem que tirar o resto que existe. É uma indecência o foro privilegiado. Não deve haver diferenças entre os cidadãos comuns e os políticos. Não basta que todos sejam iguais perante a lei, é preciso que as leis sejam iguais perante todos.
Qual a sua opinião quanto a prisão do ex-presidente Lula?
A prisão do ex-presidente Lula assim como todas as outras prisões que não tiveram recursos transitados e julgados pelo Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal (STF) são inconstitucionais, uma vez que reza a Constituição que a prisão só deve ser efetuada neste país àquele que tiver os seus recursos transitados e julgados nos dois órgãos de instância superiores, se ainda não foi, é ilegal.
Como avalia o governo de Temer?
O governo de Temer é um desastre completo, um retrocesso enorme, sempre destruindo os direitos trabalhistas, cada vez mais aumentando o fosso entre os pobres e os ricos de nosso País, além de ser um governo que está aí para poder pagar um golpe que foi dado.
Qual a sua análise da atual situação política do Brasil?
Já passamos pela maior turbulência, mas continuamos com a turbulência reduzida, estabilizada e na esperança de que em 2019 tudo entre nos trilhos, principalmente na questão da economia.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Siga nossas redes