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ELEIÇÕES 2024

Luta contra o racismo ganha espaço na campanha

Por Da Redação

22/11/2020 - 10:10 h
Protestos contra o assassinato de homem negro em Porto Alegre se espalham | Foto: Carl de Souza | AFP
Protestos contra o assassinato de homem negro em Porto Alegre se espalham | Foto: Carl de Souza | AFP -

O assassinato brutal de João Alberto Silveira de Freitas, um homem negro conhecido como Beto por seus amigos, por dois seguranças em uma loja do Carrefour em Porto Alegre na última quinta-feira, trouxe o racismo para o centro do debate eleitoral. Candidatos de diversos matizes condenaram o assassinato, enquanto o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem ignorado o caso e negado até mesmo a existência do racismo - ou de "tensões raciais" - no País.

Manuela D'ávila (PCdoB), que disputa à prefeitura de Porto Alegre no segundo turno, publicou sexta em suas redes sociais texto em que diz que o racismo "estrutura as relações de nossa sociedade", além de cobrar de mulheres e homens brancos a "responsabilidade na luta antirracista".

Além de uma série de postagens sobre o caso e contra o racismo, a candidata reagiu ainda em uma publicação à fala do vice-presidente general Hamilton Mourão que afirmou não haver racismo no Brasil. "Um homem negro foi assassinado em um mercado em Porto Alegre, mas para Mourão 'não existe racismo no Brasil'. O racismo não só existe como estrutura a nossa sociedade, e combatê-lo deve ser um compromisso de todas e todos nós! #vidasnegrasimportam", escreveu.

O concorrente de Manuela no segundo turno em Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB) também repercutiu o ato em texto em suas redes sociais. "Um absurdo! As cenas são chocantes. Justamente no dia Nacional de luta contra o racismo. Medidas rigorosas devem ser tomadas imediatamente!", defendeu. Melo também dedicou um programa da propaganda eleitoral na TV ao caso, exigindo apuração.

Em São Paulo, onde Guilherme Boulos (Psol) enfrenta o prefeito e candidato à reeleição Bruno Covas (PSDB), o assassinato também foi repercutido. Boulos prometeu ações como uma "postura antirracista" no treinamento da Guarda Municipal da cidade, além da recriação da Secretaria da Igualdade Racial.

Covas manifestou indignação em uma rede social. "Inaceitáveis, injustificável e repugnantes as cenas de violência em Porto Alegre. É inegável o racismo", disse se referindo ao vídeo onde João Alberto foi espancado até a morte.

Luto

Após a sexta com inúmeras manifestações contra o assassinato, a família realizou no sábado o funeral de João Alberto. Durante o cortejo, centenas de pessoas levantaram os punhos cerrados e caminharam em silêncio como forma de protesto.

Em Santo André e em Guarulhos, em São Paulo, novos protestos foram feitos no sábado em frente a lojas do Carrefour.

Em mais um dia sem se referir diretamente ao caso, o presidente Bolsonaro fez um discurso, durante reunião virtual do G20, de tom negacionista sobre o racismo no País, dizendo inclusive que há "tentativas de importar" para o Brasil "tensões" raciais que, diz ele, são "alheias à nossa história".

"O Brasil tem uma cultura diversa, única entre as nações. Somos um povo miscigenado. Brancos, negros e índios edificaram o corpo e o espírito de um povo rico e maravilhoso. Em uma única família brasileira podemos contemplar uma diversidade maior do que países inteiros", disse o presidente.

No sábado, o Carrefour Brasil divulgou nota afirmando que o dia 20 de novembro foi o mais triste da história da companhia e que o resultado das vendas do dia 20 das suas lojas será doado para entidades ligadas "à luta pela consciência negra".

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