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PRÉ-CANDIDATA

Raíssa Soares: "Meu nome foi feito pelo meu fazer, não por parceria"

Médica ratificou desejo de fazer uma política "mais clara, com menos toma lá dá cá"

Por Osvaldo Lyra

18/07/2022 - 1:22 h

Pré-candidata pelo PL, a médica Raíssa Soares diz que seu nome para o Senado “nasceu de forma muito orgânica” e que a decisão para a senatoria não vai vir em bloco, “como era governo e Senado”. Na terceira entrevista da série realizada pelo A TARDE com os pré-candidatos ao Senado Federal, Dra. Raíssa disse que “a política brasileira é uma política de trocas”. E completou: “A gente não precisa de político fazendo toma lá dá cá”, disparou, ao defender seu nome para a vaga na majoritária e reforçar a aceitação do presidente Bolsonaro no estado.

Quero começar o nosso papo com a senhora se apresentando para o eleitorado baiano e justificando o porquê de votar na senhora na próxima eleição ao Senado Federal.

Primeiro, muito obrigada pelo convite. Raíssa Soares é médica formada há 28 anos. Sempre médica do SUS, medicina de áreas de periferia mesmo a minha trajetória toda. Vinte e cinco anos em Belo Horizonte... Em Porto Seguro não foi diferente, quando eu cheguei eu fui para a área de periferia, fui para as áreas onde eu acho que a população precisa de apoio. E quando a pandemia chega, na verdade não tinha hospital, eu me ofereci ao secretário de Saúde na época para pensar junto uma estratégia de tentar impedir mortes na Covid. Foi quando eu encabecei a ideia em Porto Seguro de fazer tratamento precoce e depois ficou alinhado com várias frentes no Brasil todo. Em 2021, eu fui secretária de Saúde em Porto Seguro, e em 10 meses a gente entregou mais de 40 ações, em 5 meses de gestão, a gente entregou um hospital do município com o último 1 milhão que tinha ficado na conta dos 14 milhões que o governo recebeu. Fizemos várias ações e entreguei a cadeira da Secretaria de Saúde quando já se alinhava e já contava com a possibilidade de entrar no cenário político. E votar em Raíssa Soares ao Senado é saber de alguém que se colocou em uma posição política, apesar de nunca ter tido um desenho de vida política na minha vida, mas um cenário em que a gente mostrou que quando a gente quer fazer... Você precisa de alguém no front de uma guerra. A população baiana já percebeu como Raíssa age, como Raíssa enfrenta todo um sistema que era contrário à preservação da vida, eu me posicionei sempre em defesa do povo. É com essa mesma disposição que eu entro na vida pública, sendo iniciante nessa carreira política, mas muito consciente da importância dessa vida política de uma cadeira do Senado que vai, inclusive, ajudar as grandes decisões do País.

Dra., é um desafio muito grande assumir essa candidatura alinhada com o presidente Bolsonaro? Já que ele tem uma alta rejeição na Bahia…

Não, eu não acho que seja um desafio muito grande porque o meu nome como pré-candidata ao Senado nasceu de forma muito orgânica. E muitas pessoas que inclusive não concordam com as atitudes do presidente Bolsonaro são favoráveis e reconhecem o que eu fiz. A minha atuação frente à pandemia, que me fez atender muito casos, eu cuidei de muitas pessoas independente da sua decisão política, da sua raça ou cor. Então, Porto Seguro e várias cidades que vieram para cá perceberam que a minha intenção de ação era pela vida. Então, eu tenho muitas pessoas que inclusive não são adeptas a Bolsonaro e que compreendem e valorizam, eu vejo isso quando eu estou caminhando pela Bahia afora e as pessoas falam para mim que independente das nossas diferenças políticas, reconhecem em mim alguém que realmente dedicou a vida para poder salvar o próximo. Então, eu entendo que eu componho uma majoritária com Bolsonaro e com Roma, mas eu naturalmente... Meu nome foi feito pelo meu fazer, pela minha posição, e não foi por parceria, por exemplo. Não foi o próprio Roma que fez meu nome. E a pessoa do presidente Bolsonaro, quando eu faço vídeo para ele em 30 de junho de 2020 pedindo a hidroxicloroquina, ali meu nome se tornou nacional, porque as pessoas viram a ousadia porque eu sabia que no Exército tinha. Mas eu acredito que essa disputa de pleito eleitoral vai acontecer naturalmente, e a decisão da cadeira do Senado não necessariamente vai vir em bloco, como historicamente vinha, que era governo e Senado junto.

A eleição para o Senado é decidida em um turno só e promete ser uma das mais disputadas nessa campanha. Qual a principal estratégia da senhora para se viabilizar?

Eu tenho caminhado pela Bahia, levado para as pessoas a verdade, despertado as pessoas politicamente. Eu tenho visto, às vezes a gente tem achado mesmo, encontrando apoiadores, e esses apoiadores vão trazendo para a gente o interesse e o patriotismo de levantar o nome de Raíssa Soares junto da população: “você sabe quem é ela?” “sei, é a Dra. que salvou vidas”. Então, eu sempre entendo o seguinte: o nome Raíssa Soares já foi plantado lá atrás em 2020 quando eu me posicionei para tratar o povo. Agora elas reafirmam um apoio. Então, o que eu tenho feito é conhecer todo o estado, buscar conhecer as lideranças, porque tem sempre uma recepção incrível. As pessoas me recebem de uma forma extremamente calorosa, de gratidão, o nome é gratidão. As pessoas têm gratidão quando elas me encontram. Então, é um trabalho de pé na estrada. É conhecer os lugares, conhecer as pessoas. E aí eu tenho estado junto com todas as lideranças.

Como será a condução na majoritária? A senhora vai ajudar a atrair votos para Roma? Roma vai ajudar a senhora? Será o oposto? E qual o impacto da disputa nacional sobre a eleição da Bahia?

É natural que por onde eu passo, eu levo o nome de Roma. O Roma é a majoritária que está nessa cabeça de chapa, então é natural e é ético de ambas as partes onde for levar o nome da chapa. As pessoas hoje têm um despertar político muito grande. Eu percebo com muita clareza que as pessoas têm história para contar, elas sabem dos resultados em que cada um caminhou. Então, eu percebo que é natural. Tem sido uma disputa acirrada, mas eu acredito que essa decisão lá em outubro para o pleito eleitoral vai vir muito em uma construção de uma história que foi feita ao longo do tempo. É natural que o grupo se mantenha coeso. Então, João Roma faz isso quando ele tem seus momentos de contato com os grupos, e vice-versa. Eu também tenho feito isso.

Qual a principal pauta que dominará a vida dos senadores a partir de janeiro do próximo ano?

Sem dúvida nenhuma a saúde precisa de atenção. Quando a gente passa nas cidades e pergunta sobre o maior interesse de cada um, as pessoas não respondem que a maior preocupação delas é a saúde. Elas respondem que a maior preocupação é o emprego. Então, eu entendo que a saúde precisa ser comandada, precisa ser tocada. A forma que a saúde na Bahia teve uma perda muito grande, houve uma centralização de todos os grandes serviços em Salvador. Nós tivemos uma grande perda de serviços de saúde por todos os 417 municípios. Foram mais de 200 hospitais fechados nessa trajetória. A saúde é uma pauta importante porque a gente precisa viabilizar a autonomia às cidades. A gente precisa valorizar os profissionais de saúde, a classe médica ficou muito sucateada, ficou muito sem valorização. A saúde é um ponto que sem dúvida nenhuma tem que ser porta-voz realmente de um recomeço de um estado. A geração de emprego é como um pedido de uma realidade de várias cidades que perderam... As famílias foram separadas. Várias senhoras colocaram para mim no interior da Bahia que os filhos sempre moraram com elas, e agora como não tem emprego na cidade tiveram que mudar. Eles foram para outras cidades. Então, a redução de tarifas que é algo do governo Roma, ele quer trabalhar para tornar o estado atrativo para as empresas, para que as empresas voltem para as cidades, voltem para o interior, e com isso a gente gere mais empregos. Que seja um estado atrativo para que todos os empreendimentos de todos os setores possam voltar a ter a Bahia como um estado gerador de emprego e renda. Tanto isso vale na questão do agro, dos pequenos e médios agricultores, como no campo da mineração, que nós temos dificuldades enormes para gerar e fazer extração dos solos. É todo um mercado riquíssimo que se você mexe apenas nas tarifas você vai atrair rapidamente empreendedores, contrapondo às vezes grandes obras como a Fiol, a rodovia que você vai precisar fazer grandes investimentos para depois esses empregos acontecerem - que é uma intenção do governo João Roma com essa lógica de que Bolsonaro trabalhou as rodovias, trabalhou os portos, vai continuar atuando em portos e rodovias para poder fazer o estado da Bahia gerar emprego e renda. E aí, sem dúvida nenhuma, a gente não tem como deixar de fora nem saúde e nem segurança como pautas que serão importantes na atuação. Por conta, inclusive, dos incentivos. Nós temos professores nos últimos 15 anos sem nenhum curso de capacitação. Então, tivemos uma classe que é a que mais estuda, ela se empolga com o aprendizado, mas ela perdeu toda a sua rede, sua oferta de cursos para se capacitar, que inclusive isso impactava nos planos de cargos de salário, ela teve que retomar todo esse novo ânimo para os professores. E as forças de segurança pública que é necessário para poder ativar, valorizar, reconhecer e colocar o grupo de força de segurança pública na cidade, nós temos cidades com 2 policiais militares e com 40 mil habitantes. Ou seja, todo um investimento de imediato. São forças que vão ter que acontecer ao mesmo tempo pelo caos em que o estado se encontra.

Como a senhora enxerga essa discussão sobre a isenção dos impostos e o elevado custo dos combustíveis?

Sem dúvida nenhuma, quando Bolsonaro bateu na tecla de reduzir o ICMS, mesmo que o governador Rui Costa foi tentar entrar juridicamente com a proibição de que não abaixaria o ICMS, quando teve que ceder e abaixou, todos os estados viram que uma vez que nós temos uma alta do petróleo secundária a uma série de fatores externos ao Brasil, e que a gente pode ter domínio quando o estado tem condição de fazer sua parte e reduzir o ICMS. Na ponta da bomba de gasolina aconteceu a redução de 1, 2 reais no custo da gasolina que sem dúvida nenhuma quando você vai colocar 10, 20, 30, 100 litros em um carro para fazer suas grandes viagens, isso impacta muito no bolso do nosso baiano. Então, é uma guerra que se implantou por não querer dar mérito, por exemplo, ao presidente, mas graças a Deus que todo o universo aconteceu para que... Realmente, se você reduz o ICMS, você reduz o bolso. Foi uma estratégia correta do presidente e que teve que ser acatada pelo governador.

Quais as principais reformas que o País precisa aprovar e por que elas não avançam no Congresso Nacional?

Infelizmente a gente não trabalha todos alinhados com o mesmo propósito. Então, por exemplo, eu vi uma entrevista quando a reforma da previdência foi para discussão. Quem pegou a reforma foi convencendo pessoa a pessoa, partido a partido, que aquilo seria benéfico ao povo. Se todo o Congresso Nacional tivesse o mesmo propósito, que tivesse sim opiniões diferentes no sentido de defesa, eu vou defender linhas de pensamento, mas se tudo aquilo que fosse benéfico ao povo, não deveria ter discordância. Então, quando eu penso em reformas tributárias, quando eu penso em reformas trabalhistas, quando eu penso até na reforma do Congresso. Eu penso em formas de fazer uma política mais clara, com menos toma lá dá cá, a gente vai sempre ter um pensamento de “o que eu vou ganhar com isso?”. Infelizmente hoje a política brasileira é uma política de trocas. Não é uma política voltada às pessoas. E na hora que a gente começar a ter mais parlamentares voltados pelo propósito, e não pelo seu interesse pessoal, a gente avança em todas as reformas que inclusive hão de surgir, que estarão sendo trazidas como reformas “vamos mudar, vamos renovar, vamos atualizar qualquer grande projeto que já existiu ou pautas necessárias para avançar na sociedade”.

Dra., qual o maior desafio do próximo governador da Bahia na sua avaliação?

O maior desafio do próximo governador vai ser realmente ter um governo técnico que coloque pessoas com competência nas suas áreas e que tenham a história da Bahia com clareza para não errar e não fazer os mesmos erros do passado. Valorizar o povo baiano sem precisar importar ninguém, para poder pegar os técnicos que são baianos, que sabem de toda a grande história da Bahia e ter a Assembleia Legislativa com o maior número de parlamentares adeptos para que os projetos sejam aprovados, para que o orçamento seja aprovado, e o avanço da Bahia seja realmente tão merecido quanto o povo precisa e espera. Quando a gente passa pelas cidades e vê esperança no olho das pessoas, você vê brilho nos olhos das pessoas, as pessoas realmente clamam para serem respeitadas, para terem a possibilidade de melhorar seus investimentos. Mas quem estiver no governo tem que entender esse histórico, tem que reconhecer as potencialidades de cada área para que realmente possa se avançar rapidamente em pouco tempo. Para não ficar patinando com profissionais, com pessoas que ocupam cadeiras por trocas políticas e partidárias. A gente não precisa de político fazendo trocas, fazendo toma lá dá cá. Então, esse é o maior desafio.

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