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POLÍTICA

Em 'Declaração à Nação', Bolsonaro diz que nunca quis "agredir quaisquer dos Poderes"

Luiz Felipe Fernandez

Por Luiz Felipe Fernandez

09/09/2021 - 16:54 h | Atualizada em 10/09/2021 - 15:18
Foto: Marcelo Camargo I Agência Brasil
Foto: Marcelo Camargo I Agência Brasil -

Após um 7 de setembro tenso, quando discursou de forma radical para apoiadores em São Paulo e prometeu que não cumpriria mais nenhuma decisão do ministro Alexandre de Moraes, Bolsonaro mudou o tom e emitiu uma nota em que diz respeitar os demais Poderes.

No texto, redigido pelo ex-presidente Michel Temer (MDB) após um almoço em Brasília nesta quinta-feira, 9, Bolsonaro ressalta que em um momento de divisão é preciso que ele aja como uma liderança e garantiu que apesar das "palavras" muitas vezes "contundentes", nunca quis ofender os pilares democráticos do país.

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"Nunca tive nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes. A harmonia entre eles não é vontade minha, mas determinação constitucional que todos, sem exceção, devem respeitar", diz a "declaração à nação" divulgada nesta tarde.

Temer também intermediou uma ligação entre Bolsonaro e Moraes, que na nota tem as suas "qualidades como jurista e professor" reconhecidas pelo presidente, que reconhece que muitas das "divergências" se referem às decisões tomadas por ele no âmbito da fake news.

O presidente afirmou, no entanto, que aqueles que detém o poder não podem jamais "esticar a corda" de forma que afete a vida dos brasileiros.

"Democracia é isso: Executivo, Legislativo e Judiciário trabalhando juntos em favor do povo e todos respeitando a Constituição", salientou.

Leia a carta na íntegra aqui.

REAÇÃO — O recuo de Bolsonaro gerou a reação de parlamentares e lideranças políticas, tanto de apoiadores, da oposição e dos considerados independentes. Senador e presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), que classificou esta quinta-feira como um dia "histórico", pela "autocrítica" do presidente em relação à China, reconhecendo a importância do país para a produção de vacinas, e principalmente por dar um passo atrás na "tensão com outros poderes".

Aziz, no entanto, reiterou que espera que o movimento de Bolsonaro tenha sido verdadeiro, não só uma articulação para que o governo tenha ajuda do Congresso para aprovação da PEC de parcelamento dos precatórios.

"Se for ato genuíno é louvável. Se for jogada para liberação do recurso de precatórios para programas eleitoreiros em 22, é lastimável. Estaremos alerta!", escreveu em rede social.

Líder da oposição no Senado e vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues também mostrou desconfiança com a conduta de Bolsonaro dois dias após as cenas protagonizadas em São Paulo e Brasília.

“Torço para que isso seja refletido na prática, e que não sejam apenas palavras ao vento. Continuaremos vigilantes”, afirmou.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que suspendeu as sessões deliberativas do plenário e das comissões na Casa como forma de manifestar o desagrado com os avanços de Bolsonaro contra a democracia, reagiu positivamente à nota que mostra moderação no discurso.

"A declaração à nação do presidente Jair Bolsonaro, afirmando inclusive que a 'harmonia entre os Poderes é uma determinação constitucional que todos, sem exceção, devem respeitar', vai ao encontro do que a maioria dos brasileiros espera", disse o demista no Twitter.

Ao grupo A TARDE, o deputado federal Cacá Leão (PP-BA) elogiou o gesto do presidente e disse que este é o "caminho" que o Brasil precisa seguir.

Por outro lado, Jorge Solla, vice-líder da Oposição na Câmara, não acredita na "enésima vez" que Bolsonaro recua em relação aos ataques às instituições democráticas. Segundo o deputado federal, para crer na nota divulgada no site oficial do governo federal só pode "estar muito mal intencionado".

A trégua, segundo o petista, não deve durar, e logo Bolsonaro vai voltar a repetir as ofensas ao Supremo e ao Congresso.

"Tem que estar muito mal intencionado para acreditar nessa nota de Bolsonaro. É a enésima vez que ele capitula após avançar o sinal, e o resultado todos nós sabemos de cor: não demora uma semana pra voltar a atacar as instituições e pregar golpe [...] A moderação de Bolsonaro não vai vir nunca, quem finge acreditar quer é mesmo alongar esse governo falido porque tá lucrando com ele", afirmou.

Para a deputada federal Lídice da Mata o recuo é somente para tentar ter uma sobrevida política diante da perda de "apoio popular".

Pressionado pelas investigações da CPI, o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros, se limitou a compartilhar a nota do presidente e, em seguida, a "repercussão" com alta de 1,86% na bolsa de valores. Já Fernando Bezerra, líder no Congresso, não se manifestou pelas redes sociais.

O silêncio, em geral, tomou conta dos apoiadores do presidente. Longe de Brasília, a repercussão foi ruim, principalmente entre os mais radicais que se consideram perseguidos por Alexandre de Moraes. É o caso do youtuber bolsonarista Allan dos Santos, investigado no inquérito das fake news, "Terça Livre", que criticou a nota elaborada por Temer.

"A nota do Temer foi para mostrar que o povo não deve exercer seu poder diretamente. Não votei no Temer", disse.

O comentarista Rodrigo Constantino abandonou o barco e acusou "game over" do presidente: "Dia 7: multidão nas ruas com pauta patriótica condenando o arbítrio. Dia 9: Bolsonaro elogia China como essencial e pede desculpas ao STF. Game over".

Para o influenciador de extrema-direita Leandro Ruschel a nota divulgada pelo presidente é um sinal de que está abandonando a possibilidade de se reeleger em 2022.

"Impressão inicial, ainda provisória: com o ato de hoje, Bolsonaro está abrindo mão da candidatura à reeleição", pontuou.

Um ponto fora da curva, a deputada estadual baiana Talita Oliveira (PSL) elogiou a atitude do presidente disse que ele agiu com "prudência", em entrevista à Piatã FM.

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