RIO DE JANEIRO
Freixo muda de opinião sobre liberação das drogas e recebe críticas
A tentativa de se aproximar dos conservadores começou em junho do ano passado, quando trocou o PSOL pelo PSB
Por Da Redação
O deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ), candidato ao Governo do Rio de Janeiro, foi alvo de críticas de adversários e de apoiadores por mudar sua posição sobre a legalização das drogas.
Os principais adversários utilizaram a mudança sobre o tema para apontar falta de credibilidade do candidato, e apoiadores lamentaram o pragmatismo para se aproximar do eleitorado conservador.
A nova posição sobre drogas foi dada em sabatina promovida pelo programa Balanço Geral, da TV Record. "Sou contra qualquer coisa que venha dividir a sociedade brasileira hoje. Não sou favorável. Acho que a gente precisa criar emprego, garantir saúde e fazer um policiamento que seja preventivo", disse Freixo.
O candidato passou, então, a defender uma polícia eficiente e investimentos na segurança pública. Questionado, mais uma vez, de forma direta sobre o tema, Freixo respondeu: "Não. Não sou mais a favor [da liberação da maconha]. Não acho que isso vai, nesse momento, nos ajudar no Brasil. O que a gente precisa é avançar nas políticas de saúde e na eficiência da polícia".
A aliada mais próxima a se manifestar foi a professora de direito Luciana Boiteux, candidata a vice de Freixo na chapa derrotada na eleição de 2016 para a Prefeitura do Rio de Janeiro.
"Eu reafirmo o voto no Freixo, mas não podemos passar pano para sua afirmação equivocada. É nosso papel cobrar coerência e respeito a pautas caras à população pobre e preta do Rio de Janeiro que é alvo letal das chacinas de Castro em nome da guerra às drogas", escreveu ela em sua conta no twitter.
Dentro da campanha, a reação da base progressista de Freixo era esperada. Contudo, segundo apurou a Folha de S. Paulo, avalia-se que esses eleitores permanecerão com ele a fim de derrotar o governador Cláudio Castro (PL), candidato à reeleição apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). O objetivo da declaração é aproximar o candidato do eleitorado conservador que não o conhece.
Os adversários, porém, atacaram a mudança de posição do deputado. Castro falou em "Freixo A" e "Freixo B", o que deve se tornar um mote de ataque ao até agora principal adversário.
"Freixo A ou Freixo B? Freixo de sempre ou da eleição? Qual você confia? O oportunismo eleitoral do Freixo não tem limites. Mal a campanha começou, e o defensor número 1 dos bandidos e das drogas finge agora ser contra tudo que pregou. Faltam princípios, sobram mentiras", escreveu o governador.
O ex-prefeito de Niterói Rodrigo Neves (PDT) disse que o "Rio de Janeiro não se engana" com Freixo. "Ontem, Freixo, que sempre se declarou ateu, começou a campanha fingindo que rezava na igreja da Penha. Hoje, negou a principal bandeira que pregou a vida inteira: a legalização das drogas. Quem será que ele quer enganar? O eleitor que votava nele ou o eleitor que nunca votou nele?", escreveu o pedetista.
Nesta quinta-feira (18), o candidato do PSB voltou a comentar o tema. "Sou contra porque o Brasil mudou. O Brasil hoje é um Brasil da fome. Nenhum tema que divida a sociedade pode ser um tema prioritário nesse momento. Sou candidato a governador. O que cabe ao governador é responder os problemas reais que as pessoas estão vivendo na função de governador. Governador cumpre as leis que existem no Brasil."
Freixo já vinha buscando mostrar moderação em outros temas caros às suas bandeiras, como segurança pública. Como a Folha mostrou em abril, ele também reduziu a frequência com que critica em suas redes sociais ações policiais no estado.
A defesa da liberação das drogas é uma pauta histórica de Freixo. O principal argumento do deputado sempre foi o fato de a proibição estimular o tráfico ilegal e a chamada "guerra às drogas", gerando conflitos entre polícia e criminosos e vitimando, principalmente, jovens negros e pobres.
"Hoje, quem a gente está prendendo, fruto da lógica de combate às drogas, são jovens pobres negros de periferia da favela. Na verdade, as pessoas vão continuar consumindo maconha. O que a gente tem que decidir é quem vai controlar isso. Se vai ser o estado ou o mercado das armas, da guerra e da morte", disse ele à deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), em vídeo de 2019 em debate sobre liberação da maconha.
As mudanças, principalmente em relação às drogas, marcam a guinada ao centro iniciada pelo candidato em junho do ano passado, quando trocou o PSOL pelo PSB a fim de construir sua candidatura. Outra sinalização de Freixo foi escolher como vice o vereador Cesar Maia (PSDB), a quem já responsabilizou pelo crescimento das milícias.
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