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Fux "descredita STF" e age como justiceiro, diz Marco Aurélio Mello

Publicado domingo, 11 de outubro de 2020 às 12:15 h | Atualizado em 11/10/2020, 12:19 | Autor: Da Redação
Decisões opostas sobre soltura de líder do PCC provocou críticas entre os ministros | Foto: André Dusek | Estadão Conteúdo
Decisões opostas sobre soltura de líder do PCC provocou críticas entre os ministros | Foto: André Dusek | Estadão Conteúdo -

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, ao derrubar liminar que dava liberdade ao traficante do PCC André do Rap, "descredita" a Corte e tenta agradar a população em "busca desenfreada por justiçamento". As falas são do ministro Marco Aurélio Mello, responsável pela decisão que libertou o traficante ontem, 10, e acabou sendo revertida pelo colega. As informações são do Uol.

De acordo com Aurélio, Fux aproveitou dos "tempos estranhos" vividos no Brasil para agir com "hipocrisia" e agradar o desejo da população por "justiçamento".

"É a prática da autofagia, que só descredita o Supremo", afirmou o ministro ao Uol. "Evidentemente ele [Fux] não tem esse poder, mas, como os tempos são estanhos, tudo é possível." Vinga a hipocrisia e não a ordem jurídica.

"[Vinga] o que atende mais a população no rigor da busca desenfreada por justiçamento", citou.

Ao ser questionado pela reportagem do Uol se a intenção de Fux era "jogar para a plateia", o ministro disse não ter "a menor dúvida".

"Prevalece também nas palavras do governador João Doria [PSDB] a busca de atender ao reclamo público", disse Marco Aurélio. O governador de São Paulo, ontem, 10, parabenizou Fux pela decisão em publicação em uma rede social.

O ministro afirmou que a decisão foi baseada no artigo 316 do pacote anticrime (Lei 13.964), aprovado em dezembro do ano passado pelo Congresso. O texto orienta que, a cada 90 dias, as prisões preventivas sejam revisadas "sob pena de tornar a prisão ilegal".

"No Brasil, se busca dar à sociedade uma esperança vã: primeiro prende e depois apura. Se não me engano, esse é o caso de 50% da população carcerária", diz Marco Aurélio.

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