POLÍTICA
Goiás vai terceirizar a educação, após experiência na saúde
Por Biaggio Talento
O governador de Goiás Marcone Perillo (PSDB) vai terceirizar a área de educação do seu estado para torná-la mais eficiente. Disse que começará com 25% da rede de ensino estadual, equivalente a 300 escolas entre o final desse ano e o começo de 2016, mesmo ciente das dificuldades e resistências que enfrenará. Decidiu mudar a educação visando tornar Goiás um dos cinco estados mais produtivos e eficientes do País nos próximos anos.
Governador quatro vezes, Perillo deu uma aula de liberalismo para empresários e políticos, nesta terça-feira, 17, em Salvador, em evento promovido pela Lide-Bahia (Grupo de Líderes Empresariais). Classificando a lei de estabilidade do funcionalismo público como "a coisa mais imbecil e mais burra que existe"e a Lei das Licitações como protetora mas que entrava disse que para fazer sua gestão funcionar, já terceirizou toda a área de saúde e "como deu certo" será "o primeiro governador a terceirizar na educação".
Presente ao evento, o ex-secretário da Copa 2014, o comunista Ney Campelo, pediu mais detalhes sobre a terceirização de áreas tão importantes. Perillo explicou que Goiás tem dois procuradores especialistas em terceiro setor e organizações sociais que fazem o trabalho preeliminar. Depois busca assessorias para complementar a modelagem.
"Muita gente está de olho no que vamos fazer lá, pessoas focadas na melhoria da educação, pois todos querem ver essa área avançar. Não consigo ver a educação avançando com sindicatos agressivos e essa coisa de professor pedir licença para tudo a qualquer hora. Vou conseguir chegar a uma melhoria na medida que o mau professor ou professor relapso, ou professor que não cumpre suas metas, possam ser desligados. Só no fato de a gente quebrar a espinha da contratação, de definir metas claras, será uma outra coisa. Mas não pode haver aumento de gastos em relação ao modelo antigo, senão não vale a pena", disse Campelo.
Perillo exaltou a experiencia positiva que tem em Goiás com os 26 colégios militares do estado. "As melhores notas do Ideb são desses colégios porque tem duas coisas que a gente não vê por ai: hierarquia e disciplina", disse.
O governador contou uma história ocorrida na greve dos professores de Goiás esse ano para mostrar não ter medo de enfrentar o sindicalismo. "Fui num evento e tinha um grupo de professores radicais da extrema esquerda me xingando. Eu disse: tenho um remedinho pra vocês. Colégio Militar e Organização Social. Identifiquei as oito escolas desses professores. Preparei um projeto de lei e em seguida militarizei essas oito escolas. O Brasil está precisando de 'nego' que tenha coragem de enfrentar". Foi muito aplaudido.
Perillo disse ter descoberto também que o Sindicato dos Professores estava descontando um percentual dos servidores para a entidade, sem autorização. Os recursos eram usados para custear propaganda contra o governo na TV. "Estavam arrecadando R$ 750 mil por mês. Mandei cortar", disse, afirmando que não pretende "fazer graça com esse pessoal que não está preocupado em melhorar a educação".
Saúde
A experiencia da terceirização deu certo em Goiás, assegura o governador. Após entregar a gestão dos hospitais para OSS - Organizações Sociais de Saúde - a prestação de serviço melhorou muito.
"Em dois anos quando nós passamos a atuar dessa forma, de 13 hospitais públicos púbicos creditados pela ONA - Organização Nacional de Acreditação, Goiás tem cinco. Agora não há ingerência política nos nossos contratos, tanto que nós contratamos organizações sociais, que tem metas a ser cumpridas. Uma delas é humanização a outra é o atendimento de qualidade. Nos antigos hospitais tinha influência. Pessoas que tinham ligações com a Imprensa, com o Judiciário, com o Ministério Público. Quando você vai mudar é difícil, pois todo mundo tem um jeito de evitar que as mudanças ocorram. Com as OSS nós ficamos livres de uma lei burra, burocrática que acaba com o serviço público, que é a lei 8666 (das licitações públicas). Se de um lado ela foi feita para proteger, de um outro acabou nos criando obstáculos enormes no serviço público", afirmou o governador.
Ele lembrou que nos seus dois primeiros mandatos de governador levou seis anos para consertar um tomógrafo. "A gente licitava, quem perdia entrava na justiça e ganhava e virava essa coisa interminável. Outro problema no Brasil chama-se Regime de Contratação Estatutária, com estabilidade no emprego. Essa é a coisa mais imbecil e mais burra que existe. Salvo as carreiras de estado que são poucas, na minha opinião não pode haver estabilidade no emprego e as OSS impedem isso. Na iniciativa privada o funcionário que não produz não fica no emprego. Por que ele tem que ficar no governo? É isso que está fazendo a diferença. Num hospital de urgência nós tínhamos 2.100 funcionários, baixamos para 900 e todo mundo trabalha e cumpre suas metas. Quem regula salário é o mercado. Meus enfermeiros ganha duas vezes mais nos meus hospitais que nos privados".
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