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Guedes considera "natural" saída de secretários da Economia

Publicado sexta-feira, 22 de outubro de 2021 às 15:58 h | Atualizado em 22/10/2021, 16:00 | Autor: Rodrigo Aguiar
Ministro participou de entrevista coletiva ao lado de Bolsonaro | Foto: Reprodução | YouTube
Ministro participou de entrevista coletiva ao lado de Bolsonaro | Foto: Reprodução | YouTube -

Garantido no cargo pelo presidente Jair Bolsonaro em meio a rumores de demissão, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta sexta-feira, 22, que a PEC dos Precatórios dará o "espaço fiscal" para o Auxílio Brasil no valor de R$ 400, ao pedir o apoio do Congresso para a aprovação do texto. A matéria foi aprovada na quinta, 21, por comissão especial da Câmara dos Deputados.

Em entrevista coletiva ao lado do presidente, Guedes classificou como "natural" a saída de quatro secretários da pasta, que pediram demissão após a manobra comandada pelo centrão para furar o teto de gastos.

O ministro oficializou ainda a nomeação de Esteves Colnago, ministro do Planejamento no governo Temer, no lugar de Bruno Funchal, que deixou a Secretaria de Tesouro e Orçamento.

Além de Funchal, deixaram o governo o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt; a secretária-especial-adjunta de Tesouro e Orçamento, Gildenora Dantas; e o secretário-adjunto do Tesouro Nacional, Rafael Araujo.

Segundo Guedes, houve um embate entre a ala econômica - que queria um auxílio de R$ 300, dentro do teto - e a ala "política", que desejava valores maiores até do que os R$ 400 anunciados pelo Planalto.

"Essa era a grande discussão e isso 'virou', por um colapso de comunicação nosso, e uma falta de tolerância conosco. O teto é um símbolo de compromisso, mas não vamos deixar milhões passarem fome", declarou o titular da Economia.

"Qualquer notícia tem informação, sinal e barulho. Tivemos muito barulho. Quero dar um importante esclarecimento: tínhamos o plano de fazer um Bolsa Família em torno de R$ 300 e, ao mesmo tempo, um Imposto de Renda que daria a fonte [dos recursos]. De repente, chegou um meteoro e outro Poder pediu para pagar muito mais do que estava previsto. Vamos inviabilizar os programas sociais? Não", disse Guedes, ao comentar a iniciativa do Congresso para ampliar o valor do benefício.

"Como não há uma fonte permanente, já que o Imposto de Renda não andou, o governo não podia ficar parado. Como a solução tecnicamente correta não funcionou e a situação dos mais frágeis piorou, nós vamos ter que gastar um pouco mais. E começamos a construir isso juntos", acrescentou o ministro, sobre a PEC dos Precatórios ser anunciada como a solução para o pagamento do auxílio.

Relator da PEC dos Precatórios, o deputado Hugo Motta propôs mudar a regra de correção do teto de gastos. Atualmente, a fórmula considera o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apurado entre julho de um ano e junho do ano seguinte. O novo cálculo seria feito de janeiro a dezembro, com valores retroativos a 2016.

Com isso, o governo prevê um espaço fiscal de R$ 83 bilhões a mais para gastar em 2022, ano em que Bolsonaro tentará a reeleição.

Na entrevista, Bolsonaro reafirmou a intenção de pagar um auxílio, também no valor de R$ 400 mensais, a caminhoneiros autônomos e negou a possibilidade de congelamento do preço dos combustíveis, o que traria "consequências piores". De acordo com o presidente, o gasto com a categoria será de aproximadamente R$ 4 bilhões por ano. Ele não detalhou, porém, a origem de tais recursos, limitando-se a dizer que o montante está "previsto no Orçamento".

O presidente agradeceu ao Congresso "por fazer com que as reformas caminhem" e tentou minimizar a crise na Economia, ao dizer que não fará "nenhuma aventura". "Não existe descompromisso da nossa parte", acrescentou. Bolsonaro afirmou ainda ter "confiança absoluta" em Guedes, cujo pedido de demissão foi especulado horas antes da coletiva.

Repercussão - Deputados de oposição criticaram o pronunciamento de Guedes, destacando trechos de sua fala e possíveis ganhos em offshore nas Ilhas Virgens Britânicas com a disparada do dólar.

"A gente ouve Paulo Guedes falar e pode até parecer que ele está delirando. Não. É mau-caratismo. Guedes se agarra na cadeira de ministro da Economia porque está fazendo fortuna em paraíso fiscal. Usar cargo público em benefício próprio é corrupção", afirmou o deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ), líder da minoria na Câmara.

"'Lá fora nós estamos muito bem avaliados', disse Paulo Guedes. Diante do péssimo cenário em que o país se encontra, o ministro deve estar se referindo às suas offshores em paraísos fiscais", reforçou o líder da oposição na Casa, Alessando Molon (PSB-RJ).

"Resumo do pronunciamento: tudo como antes, Brasil ladeira abaixo, 20 milhões passando fome, mais de 50% da população em situação de insegurança alimentar, quase 15% sem emprego, dólar quase 6 reais, enquanto isso Bolsonaro e Guedes dizem que a economia está ajustada", disse a deputada federal baiana Alice Portugal (PCdoB)

Ex-chefe da Secom da Presidência da República, Fabio Wajngarten classificou a entrevista como "a melhor coletiva de Guedes desde 2017". "Quem sabe a fala mais importante desde então. Que o nosso Ministro vença os obstáculos de dentro e fora do Governo e possamos entrar em 2022 rumo à reeleição", disse

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