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João Henrique leva a vitória depois de uma longa guerra

Publicado domingo, 26 de outubro de 2008 às 21:27 h | Atualizado em 26/10/2008, 21:45 | Autor: Cleidiana Ramos , do A TARDE


>> João obtém reeleição de prefeito com 753 mil votos
>> Tensão domina partidos após resultado da eleição
>> ACM Neto realça aliança com Democratas
>> Pinheiro diz que Salvador precisará de sorte
>> Wagner é favorável a manter aliança com Geddel 

Com uma administração tumultuada, marcada por rompimentos, troca de secretariado e polêmicas envolvendo questões ambientais e até religiosas, eis que João Henrique ganhou mais quatro anos como inquilino do Palácio Thomé de Souza. Depois de patinar nas pesquisas do início da campanha eleitoral, João Henrique se reelegeu.

O agora novamente prefeito de Salvador ganhou seu primeiro cargo eletivo em 1988 como vereador. Na época era do PFL. Reeleito para o período seguinte, deixou o mandato no meio para concorrer a uma vaga para a Assembléia Legislativa. Lá ficaria por três legislaturas, se não tivesse optado por disputar a Prefeitura de Salvador em 2004.

Além do PFL, João Henrique foi filiado ao PSDB (1992-1994), PDT, no qual inclusive foi eleito para o seu primeiro mandato de prefeito, e agora é do PMDB. Como deputado, conquistou popularidade com uma forte atuação na área de defesa do consumidor. Foram ações na Justiça, para a conquista de liminares que determinaram, por exemplo, o fim de pagamento de taxa de estacionamento em centros comerciais, principalmente os shoppings.

Mas os vôos mais altos de João Henrique estavam reservados para o Executivo. Ao se candidatar a prefeito em 2004, conseguiu a façanha acalentada pelos partidos de esquerda, como PT, PCdoB e PSB de derrotar a corrente carlista. Por conta disso, foi com o amplo leque de alianças desses setores que massacrou a candidatura César Borges no segundo turno das eleições para prefeito. O candidato do PDT viu seu percentual subir de 43,71% no primeiro turno para 74,69%. César Borges ficou com 25,31%. Mas as turbulências naturais de uma aliança tão ampla não demoraram a aparecer.

O primeiro a romper com o prefeito foi o PSDB, partido do seu vice, Marcelo Duarte. Além disso, a administração de João Henrique ficou marcada pela troca de secretariado. Só de Comunicação, foram quatro titulares em três anos e meio. Educação e Saúde tiveram três cada uma.

Fora da política, mais barulho. A confusão com os ambientalistas surgiu em meio a um projeto de revitalização das barracas de praia, embargado por questões relacionadas à lei ambiental. A aprovação do PDDU também lhe renderia duras críticas desse setor. Evangélico, João Henrique viu a temperatura subir entre a sua administração e o povo de santo por conta da demolição parcial do terreiro Oyá Unipó Neto (Imbuí), em fevereiro. Houve quem apontasse a sua opção pelo jurista Edvaldo Brito, para vice na chapa concorrente à reeleição, como tentativa de aproximação com o povo de santo. Brito é ogã do Terreiro Gantois.

Rompimento —  As confusões no campo político continuaram.  O rompimento com o PT, PCdoB e PSB  ganhou contornos dramáticos. Além da saída do governo, as legendas tornaram-se suas adversárias diretas na campanha para a prefeitura. O candidato do  DEM (antigo PFL), ACM Neto, herdeiro político do avô, Antonio Carlos Magalhães (ACM), não foi para o segundo turno.

A vitória de Neto representaria o já conhecido antagonismo não-carlistas x carlistas que beneficiou João em 2004. Sem o dualismo, o que se viu foi uma “carnificina” nos discursos do PT de Walter Pinheiro e do  PMDB de João Henrique, protagonistas do segundo turno. Os antes aliados, mais próximos depois da eleição de Jaques Wagner para o governo do Estado em 2006, viraram inimigos. João Henrique, agora afilhado do ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, distribuiu torpedos e foi torpedeado. Pinheiro ganhou o apoio de Wagner.

A campanha de João nada lembrou o que ele declarou ao repórter de A TARDE Vítor Rocha em matéria publicada no dia 19 de julho: “Sempre gostei da política de resultados e não gosto de discurso inflamado”. Este foi o mesmo João Henrique que chamou Walter Pinheiro no último debate de “cara-de-pau” e foi acusado pelo adversário de “faltar com a verdade”. Fica agora a expectativa para ver se o embate acabou ou segue na trajetória de um prefeito que fez questão de reivindicar durante toda a corrida eleitoral o apoio do presidente Lula, membro do partido que ele considera tê-lo traído: o PT.  

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