Vereador Carlos Muniz acusa o governo de golpe baixo | A TARDE
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Vereador Carlos Muniz acusa o governo de golpe baixo

Parlamentar chamou de “palhaçadas”, as investidas judiciais dos colegas Duda Sanches e Cláudio Tinoco

Publicado sábado, 09 de abril de 2022 às 13:48 h | Atualizado em 09/04/2022, 14:04 | Autor: Da Redação
Parlamentar diz que qualquer ação que questione o resultado da eleição é uma grave violação
Parlamentar diz que qualquer ação que questione o resultado da eleição é uma grave violação -

O vereador Carlos Muniz (PTB), que foi eleito vice-presidente da Câmara Municipal de Salvador, para o biênio 2023/2024, resolveu quebrar o silêncio e se manifestou sobre o que chamou de “palhaçadas”, as investidas judiciais dos colegas Duda Sanches e Cláudio Tinoco. O parlamentar diz que qualquer ação que questione o resultado da eleição é uma grave violação contra a vontade da maioria quase que esmagadora dos votos dados aos eleitos. “Tivemos apenas quatro abstenções, possivelmente de Tinoco e Duda. É justo eles pretenderem anular a vontade soberana dos colegas? Essa ação não é contra Geraldinho. É contra todos os vereadores que democraticamente elegeram a mesa diretora”, frisou.

Muniz aponta ainda para uma jogada rasteira dos colegas Duda Sanches e Cláudio Tinoco. “Eles estão cantarolando que entraram com um mandado de segurança com segredo de justiça. É isso que estão acostumados. Fazem as coisas nas escondidas. Onde já se viu uma ação dessa natureza tramitar em segredo de justiça? É dessa forma que ACM Neto e seus capachos estão acostumados a jogar. A Câmara não irá se intimidar com isso”.

O ex-vereador Pedro Godinho
O ex-vereador Pedro Godinho |  Foto: Divulgação
  

Carlos Muniz afirmou também, em entrevista exclusiva ao Jornal A TARDE, que a judicialização da eleição tem sido feita de maneira “não republicana”. Ele disse que pessoas ligadas aos colegas Duda e Tinoco estariam envolvendo o nome de pessoas sérias. “Batem no peito e dizem que se uma ação cair com o juiz Pedro Godinho Filho está tudo resolvido, porque ele é filho do ex-vereador Pedro Godinho”.

A TARDE apurou que uma ação questionando a eleição da Câmara já foi distribuída para a Quinta Vara de Fazenda Pública. Nessa primeira ação não houve pedido de segredo de justiça.

A prática de disparar ação judicial com segredo de justiça tem sido alvo de críticas contundentes de desembargadores e juízes. Na maioria dos casos, o sigilo é utilizado de forma artificiosa para impedir que a parte contrária contraponha os argumentos do autor. Os próprios juízes, quando percebem essa manobra, frisam se tratar de má-fé processual. O Tribunal de Justiça da Bahia estaria, internamente, debatendo esse tema com bastante atenção, segundo revelou um desembargador.

Conforme apuração da redação, Pedro Rogério Castro Godinho é juiz titular da Oitava Vara de Fazenda Pública de Salvador. É também filho do ex-vereador Pedro Godinho, que até pouco tempo exercia cargo no alto escalão da prefeitura de Salvador.

Magistrado seria impedido de julgar a causa

Carlos Muniz fez uma relevação sobre Godinho. “Apesar de saber da seriedade do juiz, entendo que ele não pode julgar qualquer causa envolvendo a eleição da Câmara de Salvador. Ele esteve em um almoço no domingo passado, onde afirmou na frente de advogados e autoridades, que achava a forma como a eleição ocorreu teria sido ilegal. Tinha inclusive um vereador lá que ouviu isso e me contou. Vários presentes ouviram ele dizendo que achava tudo ilegal e que deveria toda a chapa ser anulada. Tenho como provar isso. Basta ouvir os presentes nesse almoço. Sou amigo do pai e do filho. Apesar de eu ser parte interessada, jamais levantaria qualquer questionamento pessoal contra eles. São pessoas éticas que estão, injustamente, na boca de alguns colegas desleais”, ressaltou Muniz.

Pedro Rogério Castro Godinho é juiz titular da Oitava Vara de Fazenda Pública de Salvador
Pedro Rogério Castro Godinho é juiz titular da Oitava Vara de Fazenda Pública de Salvador |  Foto: Divulgação
  

Discussão controvertida

A lei, no caso, o Código de Processo Civil, não dispõe sobre sobre impedimento no caso de afirmação prévia sobre o caso concreto, mas diz que existe suspeição quando ele for “amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados”. A discussão sobre suspeição de juiz que se manifesta em prejulgamento é controvertida na doutrina e na jurisprudência. Quando a parte se sente prejudicada, ela deve ajuizar exceção de suspeição, espécie de ferramenta para impedir que um juiz suspeito atue no processo. Entretanto, o tribunal só acolhe esse argumento caso fique demonstrada a prova cabal do prejulgamento. No mundo jurídico, a grande maioria das suspeições não é acolhida pelos tribunais.

A TARDE ouviu diversos políticos e apurou que o juiz Pedro Rogério Godinho e seu pai, o ex-vereador Pedro Godinho, são amigos do pretenso candidato a governador ACM Neto, de toda sua cúpula e do próprio presidente da Câmara Geraldo Junior (MDB), o que, ao menos em tese “seria um caso de suspeição chapada”, segundo afirmou um advogado ouvido. Segundo esse mesmo advogado, o juiz Pedro Godinho teria deixado à mostra essa forte vinculação em uma recente decisão proferida, onde, a pedido da prefeitura de Salvador, determinou a paralisação de inúmeros processos que não estão sob sua supervisão. Nesse caso, o advogado patrocina os interesses de um cliente que tem uma ação de mais de R$ 50 milhões de reais em créditos tributários, no Superior Tribunal de Justiça e que, por ordem de Godinho, terá de ser suspensa. “Onde já se viu um juiz ordenar que processos de outros juízes e até de ministros sejam paralisados”, argumentou.

A TARDE tentou ouvir o juiz Pedro Godinho para saber se ele possui em seu acervo alguma ação envolvendo a eleição da Câmara de Salvador e para se manifestar sobre as palavras de Carlos Muniz, entretanto, até o fechamento dessa matéria não obteve sucesso. 

A redação fez contato com o presidente Geraldo Junior, que, apesar de cumprir agenda no interior do estado, atendeu a ligação e foi enfático ao declarar que “não comenta casos em segredo de justiça”. Sobre a sua relação com o juiz Pedro Rogério Godinho e com seu pai, o ex-vereador Pedro Godinho, preferiu não se manifestar. “Essas coisas de amizade ou inimizade com juiz não se comenta”, ressaltou Geraldo.

O ex-vereador Pedro Godinho e ACM Neto
O ex-vereador Pedro Godinho e ACM Neto |  Foto: Divulgação
  

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