RITMO ACELERADO
Elinaldo Araújo: "Vou fechar oito anos de mandato com chave de ouro"
Prefeito de Camaçari entrega obras estruturantes e projeta expansão imobiliária
Por Alan Rodrigues
Entre o primeiro e o segundo mandato, o prefeito de Camaçari, Elinaldo Araújo (União Brasil) teve que rever prioridades e reprogramar investimentos. A chegada da pandemia, em pleno ano de reeleição, interrompeu obras estratégicas e obrigou a gestão a aportar recursos na saúde e em programas sociais, a fim de minimizar os impactos à população mais vulnerável.
Superado o momento mais crítico, Elinaldo vem realizando a entrega de várias intervenções e equipamentos na sede e nos distritos de Camaçari e pretende, até o final dos seus oito anos de gestão, em 2024, ampliar o rol de realizações. A cidade se prepara para um novo ‘boom’ imobiliário na orla de 42 km e aguarda a instalação de novas empresas no polo industrial, como a fábrica de pás para energia eólica, já garantida, e a BYD, indústria chinesa de carros elétricos que negocia com o governo baiano a sua vinda para o município.
Com tantas realizações e expectativas elevadas de crescimento na economia, os nomes para a sucessão se multiplicam e o prefeito procura administrar a disputa, mantendo o grupo unido para fechar “com chave de ouro” a sua gestão e, só então, tentar eleger o sucessor. Tudo isso está na conversa de Elinaldo com o PORTAL A TARDE, onde o prefeito confirmou a volta do Camaforró, a grande festa junina do município, que não acontece desde 2019.
Prefeito, o Sr, atravessou um período de grande turbulência com a pandemia e várias obras tiveram que aguardar a conclusão além do prazo previsto. Passado o pior momento, o que o Sr. destaca dos seis anos de gestão?
O início, graças a Deus nós conseguimos organizar toda estrutura básica do município. Pegamos uma cidade totalmente destruída, os postos de saúde, as escolas, as praças, campos, quadras, várias avenidas, tivemos que requalificar tudo isso. E, após seis anos, nós conseguimos melhorar esses equipamentos públicos. Paralelo a isso teve o Covid, nós tivemos que dar uma segurada nas obras estruturantes, fazendo investimento maciço no social. Graças a Deus a gente avançou bastante.
No segundo mandato, após as intervenções de requalificação, o Sr. conseguiu avançar mais.
O segundo mandato nós conseguimos entregar as obras estruturantes. A duplicação do viaduto do trabalhador, o trevo da Cascalheira, o horto, o CIE (Centro de Iniciação ao Esporte) lá em Arembepe. E, agora, nós estamos com um programa maciço de infraestrutura na costa. Entre Itacimirim, Guarajuba e Barra de Jacuípe, vamos fazer um investimento de cerca de R$ 80 milhões. Então vai dar um ‘boom’ no turismo desses distritos. Já em Vila de Abrantes estamos com a construção de uma creche, entregamos recentemente a praça do papagaio em Jauá, a praça da matriz em Vila de Abrantes e entregamos agora também o “Tudão” (praça de eventos e campo de futebol Nery Nunes) em Vila de Abrantes. Temos também cinco creches que serão entregues simultaneamente na sede e as praças do Parafuso, ‘Gleba E’ e Alto da Cruz. Acho que conseguindo entregar isso à população eu vou fechar meus oito anos de mandato com chave de ouro.
Esse ‘boom’ da orla que o Sr. citou também reforça o crescimento imobiliário que Camaçari vem experimentando? Como está a atração de novos investimentos?
Nós estamos fazendo agora a revisão do nosso PDDU (plano diretor de desenvolvimento urbano), de acordo com a evolução da nossa costa, para mudar algumas regras, discutindo com os ambientalistas, Ministério Público, Câmara de Vereadores e, principalmente, com as pessoas que investem e empreendem nessa área. Nas regras atuais avançamos com muitos investimentos, principalmente em Itacimirim e Guarajuba, mas com a nova revisão do PDDU eu acho que vai ampliar o leque de investimentos na nossa costa. E vai gerar emprego e renda, o município vai arrecadar mais IPTU, ISS, e vai fortalecer em outras áreas.
Com relação à saúde, o município investiu na redução do tempo de espera para alguns procedimentos médicos que tiveram a demanda reprimida pela pandemia.
Após o covid nós tínhamos cerca de 100 mil procedimentos atrasados. Nós tínhamos um programa (Sesau Fila Zero) que era para zerar a fila. Operamos mil pessoas em seis meses, foram cerca de 100 mil procedimentos, entre especialidades, e conseguimos acalmar, é claro que a saúde sempre que acaba uma fila faz outra, mas muito menor do que a que ficou após o covid.
E na educação, qual o destaque?
Na educação fortalecemos a merenda, criamos aqui o desjejum, que é o café da manhã, e hoje os alunos têm três refeições. De manhã, quando chega, a merenda e quando sai. Antes de eu assumir, o município passou cinco anos, de 2012 a 2016, sem dar a farda dos alunos, o tênis, a mochila, o kit escolar, e a gente todos ao anos consecutivos garantimos todo o material de volta às aulas para as crianças. Além de todo ano pagar o piso do magistério, estamos qualificando as escolas, entregamos uma creche, tem cinco creches em andamento.
E na área social, os investimentos emergenciais criados durante a pandemia continuam?
A gente tem feito um investimento mensal de cerca de R$ 3 milhões com cestas eventuais, vale-cesta, vale-gás, o Bolsa-social, que é o Bolsa Família municipal (benefício de até R$ 150 para uso em supermercados e farmácias), a gente tem investido bastante para que a economia reaja e as pessoas tenham oportunidade de trabalho.
Falando em geração de emprego, o município tem uma expectativa grande quanto à chegada de novos empreendimentos.
Recentemente a Synoma (fabricante chinesa de pás eólicas) assumiu ali a área da Tecsis (na Via Atlântica, conhecida como estrada da Cetrel), vai gerar cerca de 550 empregos diretos e 1,6 mil indiretos. O município facilitou o ISS, de 5% caiu para 2%, e concedeu isenção do IPTU. E a BYD (fabricante chinesa de carros elétricos) está finalizando as tratativas com o estado para a instalação ali onde era a Ford.
E o projeto do hidrogênio verde?
Isso aí é Unigel. Tá bem avançado, é importante para o município. Eu acho que nós vamos ter um ‘boom’ na nossa economia.
Qual a avaliação da sua relação com o governo Rui Costa e a expectativa para a gestão de Jerônimo?
Institucionalmente, no respeito, cada um faz o seu papel, aquilo que pode fazer para ajudar a minha cidade e a Bahia nós temos feito. Após a eleição o político desce do palanque. Eu fui candidato à reeleição e fui reeleito, quando acaba a eleição tem que sentar e administrar. Mesma coisa Jerônimo, apesar de nós sermos de partidos diferentes, cada um tem o seu lado, mas eu acho que ele tem feito seu papel como governador, tem respeitado os prefeitos e eu acho que isso é importante. O debate e a guerra é no palanque. Após a eleição nós temos que pensar no melhor para a nossa população. Tanto a nível de município quanto de estado. Mas a relação é boa, tranquila, cada um cumprindo as suas obrigações, ele como governador e eu como prefeito.
E o prefeito já tem algum nome em mente para a sucessão no ano que vem?
Aqui nós temos que respeitar o grupo, tô dando chance para todo mundo caminhar. Nós temos dois ex-prefeitos que vão ocupar um lugar de exposição no grupo, que é o ex-prefeito Helder Almeida, que assumiu a superintendência de trânsito e transporte, e meu vice-prefeito (José) Tude, que teve dois mandados de vice-prefeito comigo e três mandatos de prefeito no passado. Foi deputado federal, deputado estadual, foi presidente da Conder, da UPB, então temos esses nomes à disposição, são dois ex-prefeitos.
E também temos dois vereadores licenciados, o vereador (Elias) Natan que assumiu a secretaria de saúde, vereador Jorge Curvello que assumiu a secretaria de esporte, lazer e juventude, que colocaram seus nomes à disposição. E tem dois vereadores, o ex-presidente da Câmara, Júnior Borges, e o presidente atual, Flávio Matos, que também se colocaram à disposição. Mas é um grupo, só pode sair um candidato. A gente tem que comparar os projetos. Os nossos adversários governaram 12 anos o nosso município e nós estamos entrando no sétimo ano.
Eu tenho certeza que, se fosse comparar, hoje, nós teríamos feito o dobro do que fizeram nosso adversários. E nesses dois anos que falta ainda vai ter muita entrega para a população. O que nós temos que fazer é comparar os nossos oito anos com os 12 do nosso adversário e quem está preparado para dar continuidade ao crescimento da nossa cidade.
Essa semana o Sr. acompanhou a Marcha dos Prefeitos em Brasília. Qual o principal ponto a desta dessa mobilização?
São várias pautas que estão sendo discutidas. A redução da alíquota da previdência que é de 22,5% a gente tá brigando pra baixar pra 11%, isso aí iria desafogar mais, hoje tem vários municípios quebrados e a União abaixando pra 11% ela vai arrecadar mais porque os municípios que estão inadimplentes vão conseguir pagar. Outra questão é a tramitação da queda do coeficiente do FPM (Fundo de Participação dos Municípios), mas a pauta mais importante é a PEC 14 que trata da diminuição da cota da previdência. Só em Camaçari a gente teria uma economia anual de R$ 50 milhões, daria para construir quatro viadutos.
E este ano teremos Camaforró?
Vamos ter sim. Estamos já organizando e discutindo. Ano passado não fizemos Camaforró mas fizemos o São João nos bairros a fim de evitar aglomeração, por causa do Covid. Deu certo, agora estamos discutindo se vai manter o modelo esse ano, mas eu acho que vai ter Camaforró, que é o que a maioria quer.
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