MUNICÍPIOS
Estado alavanca expansão científica, tecnológica e de inovação
Fortalecer empreendedorismo no interior baiano é uma prioridade da atual gestão estadual
Por Claudia Lessa
O fomento e incentivo ao desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação nos municípios baianos – voltados à sua popularização e interiorização, ao empreendedorismo e ao fortalecimento do ecossistema de inovação – têm sido anunciados como uma política de Estado prioritária. Por meio de projetos ancorados pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia (Secti), junto à Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia (Fapesb), ao Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado da Bahia (Sebrae-BA) e à Academia de Ciências da Bahia (ACB), entre outras instituições, a Bahia vive uma fase favorável ao fortalecimento da Ciência, Tecnologia e Inovação, considerando iniciativas no âmbito das gestões municipais.
Diversas ações e projetos foram implementados ao longo do ano pelo Governo do Estado, com destaque para a captação de recursos voltados à pesquisa. “A Bahia recebeu o maior investimento já feito na história da pesquisa baiana, em viagem do governador Jerônimo Rodrigues aos Emirados Árabes, onde assinou um memorando com a Acelen, que garantiu ao estado o capital de R$ 1,5 bilhão em pesquisa com foco no diesel verde. O recurso será utilizado em diversos estudos e desenvolvimento do Parque Tecnológico de Transição Energética. Com isso, as Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs), startups e todo o ecossistema de inovação baiano serão impulsionados”, destaca o secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, André Joazeiro.
Áreas como as de transição energética e ações de inclusão digital estão recebendo incentivos do governo estadual, que se desdobram na implantação de novos empreendimentos e na qualificação de mão de obra em todo o território baiano, de acordo com a Secti. Neste cenário, a parceria com o Sebrae garante projetos focados na cultura de startup e no mapeamento de ecossistemas de inovação, cujos acordos recentes totalizam investimentos de cerca de R$ 7,4 milhões.
A Secti destaca, também, o desenvolvimento de projeto relacionado ao primeiro espaço estendido do Parque Tecnológico da Bahia, como parte da política de interiorização da ciência, prevista no Programa de Governo Participativo (PGP), que será implantado no município de Camaçari, através de quatro grandes empresas. Dentre estas a Acelen, que fará um investimento de mais de R$ 1,5 bilhão, e as outras três, juntas, formarão o montante de R$ 250 milhões. “A gente vem de um momento complicado para a ciência, pela falta de recursos que deveriam ter sido destinados ao setor e pelo descrédito a que foi colocada. Retomamos a sua credibilidade e aos investimentos no atual governo de Lula, que liberou 100% dos recursos do Fundo Nacional de Ciência e Tecnologia, demonstrando a noção de importância que a ciência e a tecnologia têm para a sociedade, vindo, como consequência, algumas ações, a exemplo do reajuste das bolsas de pesquisa do CNPq, no âmbito federal, e da Fapesb, no estado”.
O gestor estadual destacou também a chegada de novas empresas para a Bahia, sendo uma delas a Shift Energy Biocombustíveis, com sede na Califórnia (EUA), que produz combustíveis renováveis a partir da biomassa, transformando lixo orgânico em biogás. A ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Luciana Santos, em visita recente à Bahia, anunciou o investimento de cerca de R$ 60 milhões nas respectivas áreas de pasta. O capital, de acordo com Joazeiro, será aplicado nos parques tecnológicos e na formação de profissionais; em pesquisas sobre doenças negligenciadas, entre outras iniciativas em fase de tratativas.
Inclusão digital
Neste cenário de desenvolvimento tecnológico, se destacam programas de promoção de inclusão digital e redução da desigualdade, com oferta de internet gratuita, como o Conecta Bahia. De acordo com a Secti, a iniciativa avançou no primeiro semestre de 2023 com 60 novos pontos em diversos municípios, contando com um investimento total de R$ 11,2 milhões, devendo alcançar 375 praças em cerca de 180 cidades. Ainda conforme a pasta, mais mil pontos estão em processo de licitação para beneficiar a população mais carente. Popularizar a ciência nos espaços públicos, despertando nos jovens o interesse por conhecimentos em tecnologia e inovação, de maneira lúdica e interativa, é outra iniciativa do Estado com a implantação de Praças da Ciência em 40 municípios baianos.
O presidente da Academia de Ciências da Bahia (ACB), o médico e pesquisador Manoel Barral Netto, fala sobre o aspecto da interiorização da ciência, que considera fundamental para o desenvolvimento do estado. “Mundialmente, a economia moderna, incluindo a geração de empregos mais avançados, está baseada, hoje, em conhecimentos científicos cada vez mais elaborados. Então, se a ideia é promover o desenvolvimento sociocultural e econômico da Bahia, é necessário que a ciência e a pesquisa de uma forma em geral cheguem em todas as áreas. Evidentemente que, de um modo mais avançado, isso está relacionado à própria distribuição das universidades, mas é necessário interiorizar”.
Ainda na opinião do dirigente da ACB, o Governo do Estado tem demonstrado essa intencionalidade. “A Academia está contribuindo com esta discussão para que o tema seja bem conceitualizado, mostrando o que é essa inovação – que tem muitos aspectos e não só o tecnológico – e refletindo sobre o tipo de inovação não só para as médias e grandes empresas, como também para as pequenas. Nossa intenção é promover, juntamente com os órgãos de fomento, a concretização das intenções governamentais. Queremos mostrar que a ciência extrapola a universidade e chega na sociedade de forma muito expressiva, com capacitação de pessoas para empregos mais modernos e aumento na eficiência da produção e inovação voltadas também para os pequenos problemas sociais”.
Ações inovadoras
A mobilização das Instituições de Ensino Superior (IES) para o fortalecimento da agenda de popularização, democratização e inclusão da ciência nos espaços formativos, com destaque para a articulação com a Educação Básica e Superior, inclui o propósito de fomentar cultura de ação inovadora desde o Ensino Médio, ação que vem sendo realizada junto à Secretaria da Educação do Estado (SEC) e o próprio Sebrae, especialmente no interior do Estado e aproveitando, inclusive, a infraestrutura dos laboratórios das novas escolas estaduais.
Coordenador de Negócios Inovadores da Bahia do Sebrae, Tauan Reis reforça a importância de se investir em ciência, tecnologia e inovação. “Os grandes países e mesmo os pequenos que investiram em pesquisa e desenvolvimento, tecnologia e inovação saíram na frente. Dos de grande porte podemos citar, como exemplo, os EUA, a Alemanha e a China e os de menor pote, Singapura e Estônia. São países que adotaram uma política de investimento, baseada na pesquisa e inovação tecnológica. Portanto, negligenciar este aspecto pode sim resultar em um atraso significativo em uma cidade, um estado, um país”.
Ainda conforme Tauã, “isso se dá principalmente porque inovação e tecnologia têm um grande poder de impulsionar a economia, gerar emprego qualificado, melhorar a qualidade de vida dos cidadãos, abrindo portas para o surgimento de indústrias modernas, limpas, sustentáveis e competitivas; de startups e de empreendimentos criativos. Isso acaba atraindo investidores; trazendo fomento ao ecossistema de colaboração entre universidades, empresas e centros de pesquisa; e criando um ciclo virtuoso de conhecimento, aprendizado, evolução e progresso”.
Ele acredita que a inovação e a tecnologia podem ser aliadas também na resolução de desafios sociais e ambientais, como mobilidade urbana, saúde pública, educação e gestão de recursos naturais; na melhoria dos serviços públicos; e na otimização dos processos governamentais, os tornando mais ágeis, transparentes e acessíveis à população. “Vejo com bons olhos a parceria e aproximação através dos convênios que o Sebrae vem fechando com o Governo do Estado. Há uma expectativa enorme e, em breve, teremos resultados muito significativos não só em Salvador, como também nos municípios baianos”, diz.
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