FEMINICÍDIOS EM ALTA
Coletivo reivindica Deam na região de Irecê
No último mês, das 20 ocorrências registradas, nove foram direcionadas à Maria da Penha
Por Da Redação
Com quatro casos de feminicídio em menos de dois meses, a região de Irecê, na Bahia, vive tempos de terror. Clarissa Bastos, do Coletivo Somos, que atua na área, classifica o aumento de casos de violência contra as mulheres de "surto de crueldade".
No último mês, das 20 ocorrências registradas pela Polícia Militar, nove delas foram direcionadas à Maria da Penha. Os últimos casos foram a morte de Nilda Andrade Gomes, 56, encontrada morta caída ao lado do prédio em que morava, e Ariana Marques da Silva, jovem que foi assassinada a facadas dentro de casa. Nos dois casos, os companheiros são suspeitos do crime.
Em Uibaí, município da região, Beatriz de Jesus Loula, de 22 anos, foi degolada na frente da própria irmã adolescente, na sua festa de aniversário. O crime teria sido motivado por ciúmes do ex-namorado que não aceitava o fim do relacionamento.
A população local, de acordo Clarissa, necessita de maior atenção à questão das mulheres. Ela conta que não existe uma Delegacia da Mulher (DEAM), mas somente um Núcleo Especializado (NEAM) que funciona somente com três funcionários: uma delegada, uma investigadora e uma secretária, esta última vinculada à própria Prefeitura.
A viatura que faz a Ronda Maria da Penha opera somente com dois policiais para atender os 23 municípios cobertos pela delegacia territorial. Clarissa ressalta ainda que a NEAM não funciona 24 horas nem aos finais de semana, que são justamente os dias em que as mulheres mais buscam realizar a denúncia. O serviço está aberto somente de segunda à quinta, das 8h às 18h.
"A gente precisa de uma DEAM, temos só uma NEAM em Irecê e queremos uma que atenda toda a região, 24 horas por dia. Não tem como a gente proteger as mulheres com órgãos de proteção funcionando de forma precária", lamenta.
Pré-candidata do PSOL ao Senado na Bahia, Tâmara Azevedo pede que o Governo da Bahia e a Secretaria de Segurança Pública adote as providências para coibir novos casos de violência e atenda à demanda de uma Delegacia da Mulher em Irecê.
Em uma semana com a repercussão do escândalo do anestesista estuprador, Tâmara alega que as atenções se voltaram novamente à vulnerabilidade das mulheres em todos os ambientes.
"Está provado que não se trata da roupa nem do comportamento, o problema é a normalização da violação do corpo feminino. Seja estuprando, agredindo, matando. Precisamos que haja atenção à situação na Bahia, com todo esse aumento de casos", afirmou.
Confiante de que pode ser um dos nomes a compor a bancada no Senado em 2023, a psolista defende que em um eventual mandato de Lula (PT) será preciso um trabalho conjunto do Legislativo para propor projetos que ajudem a atenuar as dificuldades vividas pelas mulheres.
"Precisamos ocupar o Congresso com mulheres, mulheres de esquerda, para garantir uma representatividade e ter capacidade de provocar mudanças reais", acrescenta.
Agressões
Recentemente, dois casos envolvendo servidores públicos também chamara atenção. Na cidade de Jacobina, uma servidora filiada ao PSOL, Elen Mascarenhas, foi agredida pelo vereador Valnei dos Anjos, durante uma festa no início do mês. Ele teria a agredido com um soco no rosto após ela ter questionado o fato dele ter pisado em seu pé.
Em Salvador, a coordenadora da Associação Classista de Educação e Esporte da Bahia (ACEB), Anne Cristina Nogueira, denunciou ter sido agredida pelo agente público Giliarde Silva Santos, nas dependências da Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur).
Tâmara pede que a Prefeitura de Salvador apure a denúncia e adote as providências necessárias para investigar e, se necessário, punir devidamente o servidor sob os rigores da lei.
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