FEIRA DE SANTANA
Operação resgata gesseiros em situação de trabalho escravo
Galpão onde trabalhadores estavam não tinha energia elétrica nem instalações sanitárias
Por Da Redação
Falta de pagamento, alojamento precário, alimentação insuficiente, péssimas condições de higiene e conforto. Assim estavam trabalhadores resgatados por agentes públicos que investigavam denúncia de trabalho escravo em um alojamento para gesseiros, em Feira de Santana, centro-norte da Bahia.
O local onde os dois homens estavam vivendo, nos fundos de uma oficina de tratores, era um galpão sem energia elétrica nem instalações sanitárias, onde o empregador armazenava materiais de construção e entulhos. O resgate foi feito na última quinta-feira, 18, porém o caso permaneceu em sigilo até esta segunda-feira, 22, quando um representante do empregador foi ouvido e iniciou as negociações para pagar a rescisão.
O resgate foi efetuado por auditores-fiscais do Ministério do Trabalho e Previdência que fizeram a inspeção acompanhados de duas procuradoras do trabalho e um perito do Ministério Público do Trabalho (MPT). Os trabalhadores foram atendidos pela assistência social do município e vão receber nos próximos dias a primeira das três parcelas do seguro-desemprego especial para vítimas do trabalho escravo.
Caso o empregador não cumpra com as obrigações trabalhistas perante a Gerência Regional do Trabalho, o MPT estuda a adoção de medidas judiciais para garantir o pagamento das verbas trabalhistas e rescisórias, além de valores de indenização.
Em depoimentos prestados, os dois homens contaram que foram contratados para fazer serviços de gesseiro em obras diversas e que, apesar de terem tido as carteiras de trabalho solicitadas para formalização dos contratos, não recebiam salário com regularidade.
“Quando tinha serviço, ele dava R$50 por dia, quando não tinha a gente não recebia nada”, afirmou um deles. Enquanto aguardavam novas obras, os dois permaneciam alojados em um galpão onde o empregador armazenava placas de gesso acartonado, tábuas, arames e vergalhões, dentre outros materiais de construção e entulho.
Os relatos revelaram que os dois não tinham acesso a sanitários no local e que tinham "enterrar" as necessidades que faziam. Para tomar banho, usavam água armazenada em um tonel, utilizado anteriormente para guardar gesso. De lá também tiravam a água para beber e preparar alimentos. A alimentação não era fornecida pelo empregador. O que eles comiam era armazenado em caixas de papelão e preparado em fogueiras que eles improvisavam com a madeira do depósito. Para carregar os celulares, eles improvisaram uma ligação clandestina da oficina ao lado do depósito, com graves riscos de choque elétrico e incêndio.
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