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Sistema agroflorestal restaura solo em área de degradação ambiental

Ações que visam sustentabilidade da terra e água integram projeto que atende 60 famílias

Publicado sexta-feira, 25 de novembro de 2022 às 06:15 h | Autor: Miriam Hermes
Programa objetiva ainda estimular fixação dos produtores em seu local de origem
Programa objetiva ainda estimular fixação dos produtores em seu local de origem -

Práticas de agroecologia que visam a sustentabilidade da terra e da água  são a base do projeto que atende 60 famílias das comunidades quilombolas de Boa Vista do Pixaim e Fazenda Grande, em Muquém do São Francisco, a 677 km de Salvador, em área de vulnerabilidade e degradação ambiental.

 Ações focadas na revitalização de um trecho da margem do rio São Francisco foram iniciadas no ano passado através do projeto selecionado em edital “Agroflorestando Bacias para Conservar Águas”, concebido e executado pela associação sem fins lucrativos Humana Brasil. 

A região é de clima semiárido e durante anos seguidos as pequenas lavouras não produzem nada, pois, embora as propriedades sejam ribeirinhas do Velho Chico, os produtores não conseguem adquirir os apetrechos de irrigação. Neste contexto, o apoio financeiro é da construtora MRV, por meio do Programa Águas Brasileiras, do Ministério de Desenvolvimento Regional. 

Na primeira etapa aconteceram eventos de sensibilização ambiental e cursos sobre implantação e gestão de sistemas agroflorestais nas duas comunidades, atingindo direta e indiretamente 240 pessoas. Com encerramento previsto até o final deste ano, na segunda etapa estão sendo instalados 60 sistemas agroflorestais, com distribuição de ferramentas, insumos, equipamentos de irrigação, materiais para construção de cercado e aprisco, além de mudas e cinco caprinos. 

O conjunto do projeto visa, além de promover a restauração ambiental, estimular a fixação das famílias em seu local de origem, através do incremento da produção nas propriedades, gerando segurança alimentar, renda e melhor qualidade de vida.  

Energia 

“Ganhei todas ferramentas que preciso para trabalhar. Estou muito feliz”, resumiu o produtor Antônio Pereira, da comunidade de boa Vista do Pixaim. 

O total investido em materiais para cada grupo familiar foi de R$ 18,4 mil. “Tudo já está melhorando” afirmou o produtor Pedro Rodrigues, da fazenda Grande, revelando que no início foi difícil, porque os animais chegaram ainda no período seco e alguns produtores tiveram problemas para alimenta-los. Também disse que está preocupado com a manutenção dos projetos, porque a energia elétrica está distante para algumas propriedades e os motores para a irrigação são movidos com gasolina. Insumo de alto custo.

De acordo com o coordenador de projetos da Humana Brasil, Irlan de Almeida, a ideia original era comprar motores movidos com diesel, com potência para servir a quatro propriedades, “mas eles preferiram motores individuais. Então, com os recursos disponíveis, distribuímos o que foi possível adquirir para atender as propriedades”. Ele pontuou que também foi pensada a possibilidade de instalar placas solares, “entretanto, os próprios moradores alertaram para o grande número de furtos destes equipamentos na região”. A sugestão é que as lideranças regionais consigam a ampliação da rede de distribuição da energia elétrica para todas propriedades. Almeida ressaltou, no entanto, que apesar desta dificuldade, o resultado positivo já pode ser observado. Citou como exemplo que as primeiras roças já estão produzindo comida e pasto em modelo conservacionista e as queimadas, “que eram um problema crônico, este ano já não foram mais registradas”, comemorou.

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