METROPOLITANA
Padre baiano é ameaçado por homem com facão devido à obra em igreja
Por Bianca Carneiro

Famoso pela atuação expressiva nas redes sociais, com mais de 220 mil seguidores no Instagram, o padre baiano Gabriel Vila Verde, foi ameaçado de morte na madrugada de domingo, 22. Segundo o religioso, um homem, armado com um facão, tentou invadir o local onde ele mora.
O caso aconteceu no distrito de Acupe, em Santo Amaro, cidade na qual atua como pároco na Igreja de Nossa Senhora da Soledade. O motivo teria sido uma obra realizada em uma rua localizada entre a área comum e o espaço privativo da igreja.
De acordo com o padre, tudo começou com a instalação de dois portões voltados a demarcar uma área do templo, localizada em um beco. Apesar de ter sido realizada e autorizada antes mesmo da chegada do religioso, a obra fez com que ele passasse a ser ofendido pelo homem.
“Um morador do distrito me desacatava várias vezes, dizendo que a rua era pública. Eu soube que, quando o portão foi construído, ele já tinha procurado confusão com o padre da época e com os moradores. Ele é acostumado a fazer esse tipo de coisa”, afirmou Vila Verde.
A nova ameaça ocorrida na madrugada deste domingo ocorreu após o padre Gabriel decidir fazer uma nova obra no local, desta vez, para impedir a formação de poças de lama em dias de chuva.
“Convoquei os paroquianos para fazer um concreto naquele espaço privado que tem acesso a paróquia e a casa paroquial. Mas eu disse: ‘façam de um jeito que não atrapalhe as outras ruas, que a água possa passar, sem afetar nenhuma outra rua’. Só que este mesmo morador começou a ameaçar novamente, dizendo que se a rua ficasse empoçada ele iria destruir tudo aquilo”, explicou o padre.
“Eu simplesmente disse a ele: ‘não toque na obra. Lhe aconselho a não mexer aqui’. Aí ele me desacatou, me xingou, disse que eu não mandava em nada ali, disse outros palavrões que nem sequer quero me lembrar, mas eu pensei que tudo ia se acalmar. Quando foi na madrugada de sábado para domingo, eu acordei às 1h40 da manhã, com o barulho muito alto, pensei até que era uma briga na rua, era ele, com um facão na mão, xingando todos os palavrões possíveis”, relatou o religioso.
Conforme o padre Gabriel, o homem ficou batendo no portão da sua casa com o facão por mais de 30 minutos, e ameaçou ainda, incendiar a ele e o seu carro. Uma mulher escutou o barulho e ligou para a polícia e algumas pessoas foram até a casa do padre para protegê-lo.
De acordo com o padre, a polícia foi acionada, mas quando os policiais chegaram, o homem já havia ido embora. Ele diz que registrou um Boletim de Ocorrência na delegacia local e que o agressor chegou a ser levado para prestar esclarecimentos.
Como a polícia havia informado que não prenderia o homem pela ameaça, o padre decidiu sair de Acupe e se abrigar na casa de um amigo.
“Estou na casa de uma pessoa amiga, resguardado. Não se preocupem, já estou fora da zona de perigo. Mas eu tive que sair porque não poderia dar sorte ao azar, eu não poderia colocar minha vida em risco. Tive que sair da paróquia, meu bispo já está sabendo de tudo, ele me aconselhou que eu ficasse resguardado todo esse tempo”, lamentou o padre, que não informou por quanto tempo ficará fora do distrito.
Em nota, a Polícia Civil informou que a Delegacia Territorial (DT), de Santo Amaro da Purificação, lavrou um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) contra o suspeito de ameaçar o padre e que o procedimento foi encaminhado para o Juizado Especial Criminal (Jecrim).
“Conforme apurado, o conduzido por policiais militares é apontado por ameaçar o pároco com um facão, após alegar que uma obra na residência do padre teria causado alagamento no seu imóvel durante a chuva”, diz a nota da polícia. A identidade do homem não foi revelada.
Revolta
O caso gerou revolta entre a comunidade católica. Nas redes sociais, diversas páginas religiosas divulgaram o ocorrido e cobraram explicações da polícia. Mais de 250 fiéis da Igreja de Nossa Senhora da Soledade saíram em caminhada na tarde desta segunda-feira, 23, para protestar pela saída forçada do seu pároco. Os manifestantes utilizaram bolas e brancas e estavam vestidos com as camisas da igreja.
A baiana Liliana fez parte da organização da caminhada. Segundo ela, o sentimento da comunidade é de tristeza. "O sentimento de tristeza e impotência é muito grande", lamenta ela, que diz ainda que o padre estava muito abalado na última missa que celebrou no distrito. A paroquiana também diz que muitas pessoas choraram e chegaram a desmaiar durante a celebração.

Em seu perfil pessoal no Instagram, o padre Gabriel Vila Verde agradeceu pelo apoio, pediu orações, e afirmou que está “procurando as medidas legais para que tudo se resolva”.
Confira o relato do padre Gabriel:
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