IMPACTO NEGATIVO
Tronox prejudica e desvaloriza condomínio de alto padrão
Inúmeros moradores ilustres já deixaram o local e muitos têm dificuldade para vender suas casas
Por Alan Rodrigues
Quem olha para a foto acima pode ter dificuldade de acreditar que se trata de uma casa no condomínio Interlagos. Um dos primeiros empreendimentos de alto padrão do litoral norte. O conjunto residencial sofre com a desvalorização dos imóveis e já perdeu muitos de seus moradores ilustres.
Um dos principais motivos é a poluição gerada pela Tronox, vizinha do condomínio, separada apenas por um muro. A indústria de pigmentos, investigada pelo Ministério Público pelo lançamento de resíduos tóxicos no ar e no subsolo, tem afastado compradores e provocado a queda no valor dos imóveis.
Funcionários e até mesmo condôminos evitam falar sobre os impactos da poluição gerada pela Tronox, provavelmente por medo de retaliações ou para evitar que as denúncias dificultem ainda mais a venda dos imóveis.
Mas, o fato é que cada vez menos pessoas se interessam em investir no local e quem tem seu patrimônio ali já contabiliza o prejuízo. Um desses moradores falou a A TARDE sob a condição de anonimato.
Ele lembra que o condomínio se instalou no local quase na mesma época que a Tronox, à época denominada Tibrás. No início, conta o proprietário, a empresa fazia serviços de limpeza e mantinha uma brigada de incêndio, que chegou a ser acionada em alguns episódios isolados.
Por décadas os moradores relataram um cheiro forte que invadia o condomínio quando havia mudança na direção dos ventos. "Um odor insuportável de enxofre", diz o proprietário.
Também há relatos de lançamento de uma água vermelha na praia de Arembepe, próxima ao condomínio, o que teria provocado inúmeros problemas de pele e doenças respitratórias entre os nativos, além da mortandade de peixes.
Infraestrutura
Devido a uma falha na legislação da época, o condomínio foi criado sem coleta e tratamento de esgoto, nem de águas pluviais. Quando chove, o lago artificial por pouco não invade as casas. E a água retirada do subsolo através de poços artesianos, para irrigação de jardins e limpeza geral, ainda hoje apresenta o forte odor de enxofre.
"Quando fizeram a pavimentação na década de 1980, não fizeram a rede de coleta", recorda o proprietário. Ele argumenta que deveriam ter sido feitas estações elevatórias para receber os resíduos da empresa sem a contaminação do lençol freático.
Por tudo isso, o condômino confirma que muitos já deixaram o condomínio ao longo dos anos e, quem não conseguiu vender suas casas, hoje enfrenta dificuldades para recuperar o valor investido. "Por conta da fábrica, algumas casas do condomínio estão abandonadas, casas de frente para o mar estão em ruínas, é um prejuízo muito grande".
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