ENTREVISTA
"A Bahia oferece uma grande janela de oportunidades”, diz secretário
Confira entrevista com o secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado da Bahia, Angelo Almeida
Por Cláudia Lessa
Em entrevista exclusiva ao Caderno Municípios, o secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado da Bahia, Angelo Almeida, aborda questões ligadas ao novo ciclo de desenvolvimento econômico na Bahia, destacando o programa da administração pública que tem como foco principal promover a sustentabilidade por meio de investimentos em setores estratégicos, como energia renovável, turismo, agricultura familiar, indústria criativa e tecnologia.
O gestor estadual fala, também, sobre o que representa a chegada da montadora chinesa BYD à Bahia; o início das obras de construção do novo trecho da Ferrovia de Integração Oeste-Leste, entre Ilhéus e Caetité, atravessando 19 municípios; e as diversas oportunidades que a Bahia oferece para quem quer empreender. Confira a entrevista:
Em linhas gerais, qual o foco do programa do Governo do Estado na área de desenvolvimento econômico sustentável?
O foco principal é promover o desenvolvimento econômico sustentável por meio de investimentos em setores estratégicos, como energia renovável, turismo, agricultura familiar, indústria criativa e tecnologia. Busca-se impulsionar a geração de empregos, fortalecer a inclusão social e preservar os recursos naturais, promovendo um ciclo de crescimento econômico com respeito ao meio ambiente.
O que a vinda da BYD para Camaçari, anunciada pelo governador Jerônimo Rodrigues, vai representar para o desenvolvimento econômico baiano?
Para começar, é importante dizer que a Bahia será o primeiro Estado a receber uma fábrica de carros elétricos da BYD nas Américas. Serão investidos R$ 3 bilhões e gerados 5 mil empregos diretos e indiretos. A vinda da chinesa para Camaçari representa um impulso significativo para o desenvolvimento econômico baiano. A empresa, renomada no setor de mobilidade elétrica, trará investimentos e tecnologia de ponta para a região, gerando empregos qualificados e impulsionando a cadeia produtiva local. Além disso, contribuirá para o avanço da sustentabilidade e da matriz energética limpa na Bahia, promovendo a redução das emissões de gases de efeito estufa e a atração de novos investimentos no setor. Essa parceria estratégica fortalecerá a economia baiana e abrirá caminhos para o crescimento sustentável e inovador.
O que significa o início das obras de construção do novo trecho da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL) no âmbito do escoamento e da exportação de setores estratégicos, como mineração e agronegócio?
A FIOL representa um marco para a malha ferroviária. Trará maior eficiência e capacidade de transporte, reduzindo custos logísticos e aumentando a competitividade dessas indústrias. Com a FIOL, haverá um escoamento mais ágil e seguro da produção mineral e agrícola, possibilitando o acesso a novos mercados e ampliando as oportunidades de negócios. Além disso, a ferrovia contribuirá para a integração regional, promovendo o desenvolvimento econômico e social em áreas beneficiadas pelo empreendimento.
Os investimentos estaduais já somam R$ 3,1 bilhões em 2023, conforme dados da Secretaria da Fazenda. Em relação à pasta do Desenvolvimento Econômico, que outros investimentos e estratégias estão por vir?
Entre janeiro e junho de 2023, o Governo do Estado assinou, por meio da SDE, 72 protocolos de intenções com previsão de R$ 18,2 bilhões em investimentos e geração de 6,4 mil empregos. A perspectiva é que 64% dos investimentos se implantem no interior do Estado. O segmento de Eletricidade e Gás é o destaque na previsão de investimentos com R$ 11,4 bilhões, sendo responsáveis pela criação de 1,1 mil empregos. A Enel Green Power é uma das empresas de eletricidade e gás que assinaram protocolos de quatro projetos de energias renováveis, três no município de Ourolândia e um na cidade de Umburanas, que abrigará o Complexo Eólico de Pedra Pintada, onde serão investidos R$ 1,5 bilhão. A previsão é que sejam gerados 885 empregos, entre diretos e indiretos, a maioria deles durante a fase de construção dos parques.
Além da operação, neste semestre, de 41 novas usinas eólicas e solares fotovoltaicas, totalizando 281 empreendimentos eólicos e 69 parques solares já operando, que outros avanços em energias renováveis estão em andamento?
Existem 65 usinas eólicas em construção e 193 com construções a serem iniciadas. Os projetos têm investimentos na ordem de R$ 62,75 bilhões e quando entrarem em funcionamento terão potência outorgada de 10,54 GW. O número de usinas de energia solar também será ampliado. Atualmente, há quatro delas em construção e 474 com construções a serem iniciadas. Os investimentos superam R$ 72 bilhões. Quanto à planta de Hidrogênio Verde (H2V) da Unigel, que será o primeiro projeto em escala industrial do Brasil, será investido 1,5 bilhão de dólares. Segundo a empresa, até 2027, a capacidade instalada será de 100 mil toneladas anu ais de hidrogênio verde. Esse projeto já está atraindo olhares de mais empresas interessadas em investir na Bahia.
Em relação à infraestrutura para acompanhar os empreendimentos, como está sendo essa articulação da SDE com outras pastas do governo?
O governador Jerônimo Rodrigues sempre afirma que este é o governo da transversalidade. E isso é o que acontece na prática. A SDE segue em relação estreita com as demais secretarias, tratando cada demanda de acordo com a pasta responsável. É com esta sintonia que buscamos sempre unir esforços para avançar atraindo investimentos, gerando oportunidades, empregos, renda e desenvolvimento para a Bahia.
O que a Bahia oferece, hoje, para o investidor e que áreas prometem bons e rápidos resultados de investimento?
A Bahia oferece uma grande janela de oportunidades e um exemplo disso é o protagonismo na produção de energia limpa. Temos a maior geração de energia eólica do Brasil, correspondendo a 35,54% da geração nacional, com base nos dados de geração acumulada em 2023. Já na produção de energia solar, ocupamos a segunda posição no Brasil. Hoje se fala muito em powersharing, que é a realocação da produção onde há disponibilidade de energia barata, limpa e renovável, fatores em que o Estado avança. Isso beneficia a nossa indústria e a chegada de investimentos. Sem falar no salto que temos dado com a economia verde, que vai nos permitir inúmeros produtos verdes, oriundos de energia limpa, nos adequando ao padrão internacional. Incentivamos, também, o empreendedorismo baiano, especialmente o micro e o pequeno. Olhar para aqueles que parecem invisíveis é um compromisso de governo. E existem muitas oportunidades em diversas áreas para os pequenos. Quando grandes empreendimentos se instalam, o comercio local também se movimenta e essa é uma forma responsável de fazer a economia de um município circular e se fortalecer. Economia forte gera emprego e renda e pessoas empregadas consomem e fazem a roda da econômica girar.
De que forma os microempreendedores individuais vêm conquistando protagonismo nos setores do comércio e de serviços?
Os Microempreendedores Individuais (MEI's) estão desenvolvendo aptidões e o protagonismo do segmento de comércio e serviços a partir da formalização e regularização de seus negócios, entendendo a importância de sair da informalidade. A SDE é uma secretaria que cuida dos grandes e dos pequenos e o Serviço de Atendimento ao Empreendedor (SAE) é um instrumento importante que cuida e orienta os pequenos. Atualmente, o serviço conta com 25 unidades espalhadas pelo Estado.
Que tipo de indústria o Estado quer atrair? Qual a infraestrutura já instalada e o que vem sendo planejado no sentido de colaborar com esse investimento?
A Bahia quer atrair a indústria que gera emprego e renda para os baianos, a indústria que movimenta a economia do Estado. A busca por atração de investidores na Bahia vem sendo impulsionada e um exemplo disso é o sucesso da missão do governador Jerônimo Rodrigues na China e nos Emirados Árabes, que só neste semestre já assegurou investimentos de aproximadamente R$ 16 milhões. O bom ambiente de negócios na atração de investimentos de energia limpa é um exemplo do quanto é justo afirmarmos que estamos desenvolvendo políticas de expansão para o nosso desenvolvimento econômico sustentável.
Um dos grandes desafios do governo é a descentralização da indústria. Qual a política de interiorização adotada e que frutos, além da BYD, estão sendo contabilizados?
O Governo da Bahia tem feito um importante trabalho para levar o desenvolvimento ao interior do Estado. Podemos citar, como exemplo, os parques de produção de energia eólica e solar fotovoltaica, que estão localizados nos municípios de Barreiras, Bom Jesus da Lapa, Itaguaçu da Bahia, Juazeiro, Oliveira dos Brejinhos, Tabocas do Brejo Velho, Terra Nova, Vitória da Conquista, Araci, Biritinga, Bonito, Brotas de Macaúbas, Brumado, Caetité, Cafarnaum, Campo Formoso, Casa Nova, Gentio do Ouro, Guanambi, Ibipeba, Igaporã, Iraquara, Licínio de Almeida, Morro do Chapéu, Mulungu do Morro, Ourolândia, Pindaí, Riacho de Santana, Sento Sé, Sobradinho, Souto Soares, Tanque Novo, Tucano, Uibaí, Umburanas, Urandi, Várzea Nova e Xique-Xique. Fiz questão de citar cada uma das cidades, pois algumas delas são localidades onde o sol e a chuva, muitas vezes, castigavam o nos so povo, e hoje, através da produção de energia limpa, são vetores de desenvolvimento econômico e sustentável. Nesses locais, com esses empreendimentos, há geração de renda e de emprego. Há uma vida mais próspera e digna.
O Governo da Bahia destaca o combate à fome como ação prioritária, a partir da construção coletiva de uma política de desenvolvimento econômico sustentável. De que forma a SDE está contribuindo com este projeto?
Com o objetivo de combater a fome em curto prazo, o governador Jerônimo Rodrigues criou o programa Bahia Sem Fome, importante iniciativa que tem levado comida à mesa de milhares de famílias baianas. Com essa campanha, a SDE tem contribuído através da articulação com empresas que fizeram importantes doações. Podemos destacar a Kicaldo Alimentos, a Celeo Group, a PEC Energia e a Acelen. A nossa secretaria também atua para o desenvolvimento do Estado, trabalhando na atração de investimentos que proporcionam a geração de novas oportunidades de emprego, aumentando a renda e melhorando as condições de vida das pessoas. Um crescimento econômico inclusivo e sustentável pode reduzir a pobreza, promover a mobilidade social e diminuir as disparidades sociais. Além disso, políticas públicas voltadas para o desenvolvimento econômico podem direciona r investimentos e recursos para regiões e grupos mais vulneráveis, fomentando a igualdade de oportunidades. É importante garantir que esse crescimento seja acompanhado por medidas que promovam a distribuição equitativa de recursos, a educação de qualidade e o acesso a serviços básicos, a fim de promover um desenvolvimento econômico verdadeiramente inclusivo.
Que resultados virão com o acordo assinado entre governo estadual e Banco do Brasil referente à liberação de verba para a mobilidade e infraestrutura?
Com o contrato assinado no último dia 13 entre o governador Jerônimo e o Banco do Brasil para a liberação de R$ 1,2 bilhão, teremos a melhoria da nossa infraestrutura rodoviária e, assim, continuar os investimentos no setor produtivo das agroindústrias.
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