CADERNO MUNICÍPIOS
Ensino de qualidade abrange conceito de educação integral
Comemorado amanhã, o Dia da Educação remete a uma reflexão sobre as boas práticas que se replicam na Bahia
Por Miriam Hermes
Comemorado amanhã, o Dia da Educação remete a uma reflexão sobre as boas práticas que se replicam em todos os recantos da Bahia na implantação de modelos, métodos e maneiras que proporcionem uma formação integral de crianças e adolescentes em redes públicas e privadas.
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Com trabalho conjunto entre os núcleos familiares, os ambientes escolares e profissionais qualificados e motivados, as iniciativas buscam melhor assimilação de conteúdos curriculares, valores de convivência e desenvolvimento pessoal dos educandos.
De acordo com a doutouranda em Educação Maria Amélia Borges, a educação é mais que um direito de todos e não se limita aos conteúdos curriculares simplesmente. “Quando focamos a excelência de uma formação integral, proporcionamos o desenvolvimento do sujeito em todos aspectos possíveis”, pontuou.
Com experiência em projetos que valorizam o lúdico dentre outros recursos para facilitar não apenas a formação intelectual e física, mas também a emocional, social e cultural, ela destacou que “o educador deve levar o estudante a se compreender como um indivíduo que cuida de si e como um sujeito que também é responsável pelo coletivo”.
Maria Amélia salientou como indispensável neste processo “que se observem as singularidades das pessoas, respeitando limites e necessidades”. Como estudiosa da temática, destacou ainda “a necessidade de articulação por parte das escolas, e do envolvimento das famílias e das comunidades nesta educação proposta para transformar”.
A superintendente de Políticas para Educação Básica do Estado da Bahia, Rosilene Vila Nova Cavalcante – conhecida como professora Leninha – diz que um dos caminhos nesse sentido tem sido o trabalho de fortalecer o valor da escola e a identidade de cada espaço educacional, considerando o território onde está inserido. Fomentar o fortalecimento desses laços é uma das estratégias adotadas pela Secretaria de Educação do Estado (SEC).
“Os estudantes, os pais e a sociedade precisam enxergar a escola como espaço acolhedor e de estímulo ao sonho, e não como um lugar de atividades pontuais. A comunidade precisa entrar na escola, ou ela não terá utilidade. É fundamental a noção de pertencimento, de que aquele lugar é dela. Toda gente precisa estar na escola”, destaca Leninha.
Lauro de Freitas
É nessa mesma perspectiva que a Secretaria de Educação do Município de Lauro de Freitas desenvolve o projeto de educação, arte e cidadania Educarte, que se propõe a ampliar a qualidade do ensino na rede municipal, por meio de ações atrativas aos educandos.
São contemplados diretamente 2.500 estudantes, divididos em cinco núcleos em localidades-polo dentro do município, que desde 2017 tem em andamento o programa Cidade Educadora, dentro da proposta de educação que vai além dos currículos obrigatórios.
“É uma alternativa complementar à educação de crianças e adolescentes, numa perspectiva de educação integral”, afirmou a coordenadora do Departamento de Projetos Especiais para a Cidade Educadora, Idaci Ferreira, explicado que são utilizados espaços públicos identificados como possibilidades de territórios educativos, também fora do ambiente escolar, enriquecendo as experiências.
Ferreira sinalizou que o grande diferencial das atividades é o suporte pedagógico utilizado nas ações, potencializando o processo ensino-aprendizagem, através de iniciativas com forte apelo lúdico e educativo. As práticas acontecem através da integração das áreas de conhecimento, saberes e experiências e em horário oposto das aulas.
Com proposta similar, a Escola do Adolescente em Camaçari é uma das iniciativas implementadas pela rede de ensino municipal local com propostas focadas nos anos finais do Ensino Fundamental, visando melhoria do desempenho escolar e desenvolvimento para a vida.
Entre os destaques estão os Fóruns do Adolescente com agenda permanente com a Secretaria de Educação (Seduc) e o projeto Conecta Jovem que incentiva o despertar de habilidades socioemocionais e de liderança. Para reforçar este trabalho, conforme a Seduc, ainda no primeiro semestre serão instalados os grêmios, potencializando o protagonismo estudantil.
O ensino de música nas escolas através de contrato com as fanfarras da cidade e a realização de feiras literárias são iniciativas vinculadas às artes, assim como a mobilização dos educandos para os cinco desfiles cívicos no mês de setembro, momentos tradicionalmente aguardados pelos estudantes.
“Inovar é prerrogativa do tempo presente e seus desafios. Com muita dedicação, comprometidos com a aprendizagem dos estudantes, estamos em um movimento de constantes transformações em nossa rede”, definiu a secretária de Educação, Neurilene Martins.
Ela ressaltou que o processo educacional é uma via de mão dupla. “É um aprendizado mútuo, no qual os adolescentes e seus familiares também participam da formulação de uma oferta que é para eles. Juntos, de mãos dadas com a arte, a cultura e o esporte, estamos implementando uma educação feita sob medida para os estudantes de Camaçari”, enfatizou.
O Projeto Institucional de Leitura é o farol que norteia as ações em toda a rede municipal de Santo Estevão, com produção a cada final de ano de coletâneas organizadas por professores e alunos, a partir de material produzido no projeto. Formatado para auxiliar na formação da consciência cidadã entre os estudantes, visa despertar o prazer no aprendizado.
Com o tema Culturas, tecnologias e diversidade: saberes conectados ao movimento das leituras, durante este ano uma série de atividades serão desenvolvidas incentivando o protagonismo estudantil, como o Festival de Artes e a Festa Literária.
A inovação é necessária, de acordo com o secretário de Educação, Jailson Assis de Jesus, pontuando que o projeto pensa a educação a partir da quebra dos paradigmas que por muito tempo dominaram os processos educacionais, promovendo as aprendizagens esperadas, fazendo conexão com as vivências dos educandos.
Em outra frente os Jogos Estudantis de Santo Estevão, que este ano começam em maio e também alcançam os anos iniciais, também trabalham diversos aspectos educacionais com modalidades individuais e em grupo.
Coordenados pela Seduc, os jogos visam, dentre outros objetivos, a percepção por parte dos estudantes da importância do trabalho conjunto e dos deveres de cada um no grupo, facilitando a revelação de líderes, capazes de agregar e motivar as equipes.
Em Alagoinhas uma parceria entre a prefeitura, a Fundação Banco do Brasil e a Federação Nacional das AABBs (Fenabb) oferece além das atividades esportivas e artísticas, complementos educacionais, alimentação balanceada e acompanhamento social e pedagógico, visando dentre outros aspectos, a inserção social para alunos da rede pública.
Secretário de Educação, Gustavo Carmo pontuou que em complementos educacionais “são trabalhados os aspectos pedagógicos voltados para os macrocampos da leitura, escrita, matematização, comunicação e tecnologia da informação”.
Citou ainda como assuntos abordados nesta iniciativa: direitos humanos e cidadania, saúde integral, trabalho e protagonismo. Ele salientou que o programa, “conta em todas as áreas com educadores comprometidos com o crescimento e desenvolvimento dos educandos”.
Outro projeto da rede municipal para aperfeiçoar a aprendizagem é o Letramento Digital para o Fundamental 01, com foco na melhoria dos aprendizados, reforçando português e matemática utilizando as ferramentas do computador. Era Digital e Tecnologia é iniciativa voltada para alunos do Fundamental 02, com opções de qualificação visando o mercado de trabalho.
Interação produtiva
"Quando existe uma proximidade entre a comunidade e a escola, tendemos a ter uma relação mais harmônica e equilibrada dentro do ambiente escolar”, disse o secretário municipal de Educação de Luís Eduardo Magalhães, Jefferson Café.
Ele sinalizou que desde o ano passado uma série de palestras aborda temáticas que visam integrar cada vez mais as famílias com a vivência escolar. A aposta do projeto é que as demais iniciativas da rede municipal de ensino sejam potencializadas a partir da interação reforçada com as famílias.
Este ano, com a abertura do ano letivo, a primeira temática foi o bullying. “Temos muito que aprender, não só os alunos matriculados na escola”, afirmou a vendedora autônoma, Márcia Rocha, mãe de dois alunos da rede municipal. Ela destacou que a abordagem tem melhorado até mesmo as reuniões de pais e mestres. “Percebo que somos bem recebidos na escola. Somos ouvidos também”, asseverou.
Para ela o Centro de Reforço, inaugurado em 2022, “está ajudando demais no aprendizado, porque tem assuntos que eu não sei ajudar em casa”. A iniciativa atende 1.320 alunos do 3° ao 9° ano, em Língua Portuguesa e Matemática. Este ano as turmas foram ampliadas de 64 para 72, sendo oito novas turmas de alfabetização, idealizadas para superar as dificuldades decorrentes do contexto pandêmico.
A Olimpíada Intercolegial de Luís Eduardo Magalhães (OILEM) que em 2022 reuniu mais de 5 mil alunos de 40 unidades de ensino das redes pública e particular, dentre outros projetos como a Feira Literária (Literalem) e o Núcleo de Atendimento Psicopedagógico (Nap) são ações que complementam o trabalho feito em sala de aula no município.
Em Juazeiro, uma das ações que vem chamando a atenção é o trabalho desenvolvido na Escola Estação do Saber José Carlos Tanuri. Com projetos anuais inspirados na ideia de viagens, considerando que a escola ocupa a antiga Estação Ferroviária, tem por título permanente Viajando na Estação eu giro o mundo e construo saberes.
Este ano o tema central é Heranças da África, com a proposta pedagógica de desenvolver discussões acerca de aspectos ligados à representatividade, ancestralidade e identidade territorial, de acordo com a coordenadora pedagógica da Estação do Saber, Gerlane Fernandes.
“Buscamos a essência da formação do nosso povo, com a ampliação dos conhecimentos acerca desta herança”, afirmou Fernandes, pontuando que o propósito é desenvolver ações aplicadas na prática, como parte dos elementos abordados no projeto.
Ela acrescentou que o intuito é aproximar das ações todos que fazem a gestão municipal, para se tornarem agentes multiplicadores de boas práticas educacionais. Neste ano o estudo sobre a própria história e cultura afro-brasileira e africana, insere também o processo de luta pela superação do racismo e desigualdade.
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