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25/07/2024 às 4:29 - há XX semanas | Autor: Claudia Lessa

ENTREVISTA

“Transparência na gestão pública fortalece a democracia”, diz Oliveira

Confira entrevista com Erivaldo Oliveira, professor do Instituto Brasileiro de Gestão por Resultados (IBGR)

Erivaldo Oliveira, professor do Instituto Brasileiro de Gestão por Resultados (IBGR)
Erivaldo Oliveira, professor do Instituto Brasileiro de Gestão por Resultados (IBGR) -

Ex-presidente da Fundação Cultural Palmares, autarquia vinculada ao Ministério da Cultura, o economista e administrador especialista em gestão governamental e políticas públicas, Erivaldo Oliveira, considera que “o engajamento cidadão é fundamental para promover a transparência, a integridade e a eficiência na administração dos recursos públicos, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa, democrática e participativa”. Para isso, afirma, é imprescindível convocar a sociedade baiana para se tornar protagonista no controle da aplicação dos recursos públicos. Em entrevista ao Caderno Municípios, o professor do Instituto Brasileiro de Gestão por Resultados (IBGR) aborda, entre outros assuntos, como os municípios podem e devem seguir se organizando para cumprir as exigências de grau de transparência.

Qual a definição de transparência na gestão pública e qual a sua importância nas gestões municipais?

Pode ser definida como a disponibilização de informações relevantes e acessíveis sobre as atividades, decisões e gastos do governo, visando a construção de uma gestão pública mais eficaz, ética e responsável. Isso inclui a divulgação de dados orçamentários, contratos, licitações, projetos, políticas públicas e demais ações. A transparência – que também envolve a prestação de contas e a garantia do acesso à informação por parte dos cidadãos – é de extrema importância para as prefeituras municipais por diversos motivos. Contribui para a promoção da democracia, permitindo que os cidadãos participem ativamente do processo decisório e fiscalizem as ações do governo, fortalecendo a confiança da população nas instituições públicas e aumentando a legitimidade do poder público. Também ajuda a combater a corrupção e o desperdício de recursos, uma vez que a divulgação de informações impede a realização de práticas ilegais e incentiva a eficiência na gestão dos recursos públicos, e pode melhorar a qualidade dos serviços públicos, pois permite a identificação de problemas e a implementação de soluções de forma mais eficaz.

Por que a transparência tem uma importância ainda maior para as prefeituras municipais?

Porque é no nível local que os cidadãos têm maior proximidade com os gestores públicos e com as políticas que afetam diretamente as suas vidas. A transparência nas prefeituras municipais pode contribuir não só para uma gestão mais eficiente e responsável dos recursos públicos, mas também para a melhoria da qualidade dos serviços prestados à população. É fundamental que as prefeituras invistam em mecanismos de transparência e participação social, garantindo o acesso à informação e a efetiva fiscalização por parte dos cidadãos. A adoção da transparência na gestão pública não é apenas uma questão de cumprimento de normas legais, mas sim uma necessidade para o fortalecimento da democracia, o combate à corrupção e a promoção do desenvolvimento sustentável das cidades.

Como os municípios podem e devem seguir se organizando para cumprir as exigências de grau de transparência?

Para que possam cumprir as exigências de transparência, envolvendo integridade, risco e governança, é fundamental que os municípios adotem uma abordagem abrangente e estruturada. Devem, por exemplo, elaborar e implementar uma política de integridade que estabeleça padrões éticos, comportamentos íntegros e mecanismos de prevenção e combate à corrupção. Essa política deve ser amplamente divulgada e incorporada à cultura organizacional, envolvendo todos os servidores públicos. Os municípios devem, também, adotar sistemas de gestão de riscos que identifiquem, avaliem e gerenciem os riscos relacionados às atividades e decisões governamentais. Outra orientação essencial é fortalecer a governança eficaz para garantir a transparência e a prestação de contas na gestão municipal. Os municípios devem estabelecer estruturas de governança claras, com papéis e responsabilidades bem definidos, mecanismos de supervisão e monitoramento, e canais de comunicação eficientes entre os órgãos e as instâncias de governo.

Que outras orientações o senhor destacaria sobre como os municípios podem se organizar para atender às exigências da transparência?

Diria promover a transparência e a accountability [responsabilidade] a partir da disponibilização de dados e informações relevantes sobre suas atividades, decisões e gastos. Além disso, é importante estimular a participação cidadã, promover a prestação de contas e garantir a responsabilização dos gestores públicos. A capacitação e o treinamento dos servidores públicos também são fundamentais para fortalecer a cultura de integridade, a gestão de riscos e a governança nos municípios. Os gestores devem investir em programas de capacitação, sensibilização e educação em ética e compliance, visando disseminar boas práticas e valores éticos no ambiente de trabalho. Além disso, os municípios podem e devem seguir se organizando por meio da implementação de políticas, sistemas e práticas que promovam a ética, a transparência e a responsabilidade na gestão pública. O fortalecimento da governança e o fomento de uma cultura de integridade são essenciais para garantir eficiência, eficácia e legitimidade das ações governamentais, o que contribui para o desenvolvimento sustentável e o bem-estar da sociedade.

De que forma o cidadão pode se tornar protagonista no controle da aplicação dos recursos públicos?

Os cidadãos podem se tornar protagonistas nesse processo de diversas maneiras, inclusive defendo o ensino dos artigos 163, 165, 166 e 167 da Constituição Federal em todas as escolas públicas para, assim, formarmos cidadãos conscientes e vigilantes com os recursos públicos. Esses artigos tratam das normas e procedimentos relacionados ao orçamento público, à execução das despesas, à prestação de contas e à fiscalização financeira e orçamentária. O cidadão cônscio das suas obrigações sociais acompanha os portais de transparência dos órgãos públicos, como Prefeitura, Governo do Estado e Câmara Municipal, para verificar informações sobre orçamento, despesas, licitações, contratos e outras ações governamentais. O cidadão pode, também, participar de audiências públicas, que são espaços de debate e discussão sobre temas de interesse público, incluindo a prestação de contas e a transparência na gestão dos recursos públicos. Nessas audiências, ele pode fazer perguntas, apresentar sugestões e contribuir para o controle social das políticas e ações governamentais.

O cidadão comum pode acompanhar os relatórios de prestação de contas dos órgãos públicos?

Pode não só acompanhar esses relatórios e analisar os dados apresentados, como questionar eventuais inconsistências ou irregularidades. O cidadão também pode participar de conselhos e comissões de controle social, que são instâncias de participação da sociedade na gestão pública com o objetivo de fiscalizar e acompanhar a aplicação dos recursos públicos em áreas específicas, como saúde, educação, meio ambiente, entre outras. O cidadão pode se candidatar a participar desses conselhos, contribuindo com sua experiência e conhecimento para o controle das políticas públicas. Convocamos a sociedade baiana para se tornar protagonista no controle da aplicação dos recursos públicos por meio do acompanhamento ativo, da participação em espaços de debate e decisão, do envolvimento em conselhos de controle social e da busca por informações e conhecimento sobre as normas e procedimentos que regem a gestão pública. O engajamento cidadão é fundamental para promover a transparência, a integridade e a eficiência na administração dos recursos públicos, contribuindo na construção de uma sociedade mais justa, democrática e participativa.

Que novos mecanismos visando a transparência à administração pública estão sendo adotados?

Diversos novos mecanismos e ferramentas têm sido adotados para garantir a prestação de contas, o acesso à informação e o controle social sobre a gestão dos recursos públicos. Alguns exemplos incluem plataformas on-line de transparência. Muitos governos têm investido em sites e portais de transparência que disponibilizam informações detalhadas sobre orçamento, receitas, despesas, contratos, licitações e outras ações governamentais. Essas plataformas facilitam o acesso dos cidadãos aos dados e promovem a fiscalização da aplicação dos recursos públicos. As plataformas de participação cidadã também têm promovido a participação direta dos cidadãos na tomada de decisões e no controle das políticas públicas. Plataformas on-line de consulta pública, audiências virtuais e mecanismos de orçamento participativo são exemplos de ferramentas que visam fortalecer a participação cidadã e a transparência na gestão pública.

Que resultados vêm sendo obtidos com esses novos mecanismos?

Houve avanços significativos na disseminação da cultura da transparência e do acesso à informação na administração pública. A maior disponibilidade de dados e informações tem contribuído para o fortalecimento da accountability, a prevenção da corrupção e a melhoria da gestão dos recursos públicos. No entanto, ainda há desafios a serem superados, especialmente no que diz respeito à implementação de mecanismos mais abrangentes que envolvam a integridade, a gestão de riscos, a governança e outros aspectos relacionados à boa governança. É fundamental que os governos continuem a investir em políticas e práticas que promovam a transparência, a ética e a eficiência na gestão pública, visando atender às demandas da sociedade por uma administração mais transparente, íntegra e responsável.

Além dos métodos tradicionais citados, que outras iniciativas os municípios podem adotar para promover gestão transparente e eficiente?

Podemos elencar algumas outras medidas, como promover a formação e capacitação dos servidores públicos com temas como ética, integridade, compliance e anticorrupção; realizar auditorias internas e externas periódicas conduzidas por órgãos independentes; e estabelecer métodos de comunicação segura e anônima, como ouvidorias e canais de denúncia. Outro mecanismo é criar parcerias com organizações da sociedade civil, entidades de classe, instituições acadêmicas e órgãos de controle externo para fortalecer a fiscalização e o controle social, bem como adotar práticas transparentes e competitivas na contratação de serviços e fornecedores. Há ainda outras ações possíveis, como implementar sistemas de monitoramento e avaliação que permitam mensurar os resultados e o impacto das políticas públicas; utilizar ferramentas e soluções tecnológicas como sistemas de gestão integrada, plataformas digitais e aplicativos móveis; e incluir no currículo escolar disciplinas que abordem temas como cidadania, ética, responsabilidade social e participação democrática, visando a formação de cidadãos mais críticos, engajados e conscientes de seus direitos e deveres em relação à gestão pública.

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