CÓDIGO ROSA
Ações coíbem desaparecimento de crianças em Salvador
Hospital Ortopédico da Bahia lança protocolo para garantir mais segurança ao público entre 0 e 12 anos
Por Madson Souza

Hospital Ortopédico do Estado da Bahia (HOE) lança protocolo para garantir maior segurança de crianças e evitar desaparecimentos. O código Rosa, nome dado ao processo, envolve ação rápida de todos os setores da instalação para evitar ocorrências com crianças de 0 a 12 anos. Expectativa é de que no futuro o método seja implantado em toda a rede pública.
O Código Rosa envolve a participação articulada de diversos setores da unidade que começa com o aviso do pai, mãe ou responsável de sumiço da criança, então os agentes de segurança são notificados e dão início à operação. Quando o protocolo é acionado é restringida a circulação nos corredores e os pacientes devem se manter em seus quartos, enquanto as buscas são realizadas pelas instalações.
O funcionamento dos elevadores principais é interrompido, acontece bloqueio de todas as portas e é feito controle rigoroso dos acessos. Em caso de comportamentos suspeitos, a Polícia Militar e o Conselho Tutelar são imediatamente acionados.
O procedimento é uma precaução para casos que são possíveis - mas que nunca aconteceram na rede Einstein -, conforme o diretor geral do Hospital Ortopédico da Bahia, Roger Alencar. “As crianças muitas das vezes não conseguem ser cuidadas apenas pelos pais. Às vezes os pais pedem ajuda de algum familiar ou de algum conhecido e se a unidade hospitalar não tiver cuidado, infelizmente outras pessoas podem se aproveitar desse processo”, explica.
Ele reforça ainda a vontade de expandir o Código Rosa para a rede pública de saúde do estado. “Por que não trazer esse protocolo para dentro do SUS (Sistema Único de Saúde) da Bahia. Nossa intenção é expandir esse protocolo junto com a Secretaria de Saúde do Estado para as maternidades. Estamos afinando os fluxos, amadurecendo para que isso seja um projeto maior, de toda a rede”, afirma.
Cuidados importantes
O gestor de segurança patrimonial do Hospital Ortopédico do Estado da Bahia, Alfredo Jorge dos Santos, dá detalhes práticos do funcionamento da operação. “Recebemos informações sobre as características da criança e travamos os acessos e saídas de forma bem cuidadosa. Por exemplo, em veículos fazemos uma inspeção interna, com revista na mala, para que tenhamos certeza que o menor não está saindo por ali. Na portaria de pedestres é a mesma coisa: fazemos toda a verificação para quem estiver saindo com criança para filtrar as informações e checar com a assistência se está tudo certo ali”, comenta.
Esses processos de cuidado e atenção em ambientes hospitalares são considerados importantes pelo delegado titular da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra a Criança e o Adolescente (DERCCA), Francisco Geraldo Matos. “Os hospitais têm que ter essa fiscalização… esse controle de entradas e saídas das pessoas que estão acompanhadas, ou mesmo identificação com pulseiras, porque essas coisas acontecem. Crianças desaparecem dentro de hospitais mesmo”, diz. Ele reforça a importância dessas medidas como forma de evitar o sequestro dessas crianças e seu comércio. Até o fechamento desta reportagem o Hospital Martagão Gesteira não respondeu o contato de A TARDE.
O desenvolvimento do protocolo é celebrado por Graziela Santos, 40, mãe de Anna Laura Limas, de seis aninhos, que está internada no HOE. “É muito bom porque eu já vi muitos casos de crianças sumindo dentro de um hospital. É uma coisa que me preocupa sim, porque não sei o que seria de mim se acontecesse isso”, conta.
Para Anastácia dos Santos, 29, mãe de Thiago Pereira, 12, também internado na instituição, saber que há um procedimento de segurança para possíveis casos de desaparecimento traz tranquilidade para a mamãe. “Acho que é um medo (ter o filho desaparecido) de toda mãe, né? É inevitável, acho que é algo que já vem da gente mesmo. Costumo ficar do lado dele sempre, não costumo nem revezar aqui. Isso (o Código Rosa) traz tranquilidade pra gente. É uma segurança que ajuda a ficar despreocupado”, comenta.
Pulseirinhas
A questão do desaparecimento de crianças é preocupação também da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos da Bahia (SJDH), que atua de forma preventiva para evitar essas ocorrências. A coordenadora de proteção da criança e do adolescente da pasta, Iara Farias, reforça a importância do uso de pulseirinhas de identificação em crianças para evitar sequestros ou raptos.
“Nas festas populares ou eventos de grande número de pessoas, a gente utiliza sempre, divulga, faz campanha pela identificação das crianças e adolescentes. Sempre orientados para que as crianças e adolescentes usem a pulseirinha com nome de identificação, inclusive estamos com o método de distribuir pulseirinhas para que as crianças usem quando saírem na rua para evitar desaparecimentos”, pontua Iara.
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