PROJETO MICROMAR
Bahia é destaque em maior estudo sobre microplásticos na costa brasil
Extensa faixa litorânea é crucial para entender a distribuição e os impactos desses fragmentos
Por Madson Souza
Os microplásticos– alguns invisíveis a olho nu– podem estar em rios, lagos, oceanos, solos e até no ar, e são uma preocupação para a sobrevivência de ecossistemas, vida marinha e prejudiciais ao ser humano. Por isso, as partículas são alvos cada vez mais comuns de estudos acadêmicos, desenvolvimento de equipamentos tecnológicos e ações de organizações da sociedade civil. Com foco no diagnóstico sobre os microplásticos na costa brasileira, o projeto MicroMar é o maior estudo no país sobre o tema conta com a participação da Bahia.
Pesquisadores de várias instituições nacionais fazem parte da pesquisa que já coletou mais de 7 mil amostras de água e areia e é coordenada pelo Prof. Dr. Guilherme Malafaia do Instituto Federal Goiano.
O material está sendo analisado em laboratórios com o intuito de determinar a abundância e tipo dessas partículas.
O doutor em ecologia e pesquisador da Universidade Federal da Bahia (Ufba), que também atua na pesquisa, José Amorim Reis Filho fala sobre o perigo dos microplásticos quando ingeridos por seres humanos.
“São um risco significativo quando entram em nosso organismo. Podem causar danos físicos, como inflamações e lesões nos tecidos, além de atuar como vetores para substâncias químicas tóxicas. Essas substâncias podem interferir no funcionamento normal das células, levar a respostas inflamatórias, e, em casos mais graves, estar associadas a distúrbios hormonais e outras condições de saúde. A exposição contínua a esses contaminantes pode contribuir para o desenvolvimento de doenças crônicas”, afirma.
Os microplásticos podem ser ingeridos por organismos marinhos, o que faz com que eles entrem na cadeia alimentar e representem um risco para a saúde humana e ambiental.
Eles surgem da degradação de produtos plásticos maiores ou são usados em cosméticos e produtos de limpeza, por isso a escala menor.
Para evitar a ingestão dos microplásticos, o doutor em ecologia José Amorim recomenda filtrar água potável, lavar bem alimentos frescos e preferir orgânicos, evitar cosméticos e produtos de higiene com microplásticos – que contenham polietileno (PE), polipropileno (PP) ou outros –, e armazenar alimentos em recipientes de vidro ou metal. Além de reduzir o uso de plásticos descartáveis e reciclar corretamente.
O pesquisador ressalta a importância do estudo e o papel da Bahia nesse processo. “Isso é fundamental para prevenir possíveis danos ambientais e minimizar futuros gastos na área de saúde pública. A Bahia tem um papel central nesse estudo, não apenas por suas características costeiras únicas, mas também por possuir o maior litoral do Brasil. Essa extensa faixa litorânea é crucial para entender a distribuição e os impactos dos microplásticos, permitindo o desenvolvimento de estratégias mais eficazes de mitigação e preservação ambiental”, explica.
A doutora em ecologia pela UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) e presidente da Organização da sociedade civil Oceânica (OSC), Maiara Menezes, ressalta também a importância da Bahia no processo.
“A Bahia precisa se preocupar com isso. O mundo inteiro precisa se preocupar com isso, porque na realidade o problema dos resíduos, de uma maneira geral, é um problema que afeta todo mundo”, reforça.
Tecnologia
É pensando no microplástico que foi desenvolvido o dispositivo Ocean Ride, que tem como objetivo coletar as partículas presentes nos mares e oceanos.
A ideia é que o equipamento seja acoplado a embarcações e pontos físicos no meio do oceano, com o intuito de aproveitar as correntes marinhas e o movimento dos barcos, para coletar o microplástico e o armazenar.
O equipamento ainda está em desenvolvimento e foi pensado pelos grupos Cafeína e Ocean Hub durante uma maratona de inovação proposta pela Nasa.
Atentos aos plásticos nos mares, a organização Redemar tem um programa de monitoramento das praias de Salvador.
De acordo com William Freitas, presidente da organização, é importante a atuação da sociedade civil na preservação da natureza. “A sociedade civil precisa assumir a responsabilidade de gerenciar os seus resíduos gerados. Não podemos viver a cultura do descartável. É preciso gerar um pertencimento oceânico na população e despertar para os cuidados com geração de resíduos”, ressalta.
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