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EDUCAÇÃO

Bibliotecas comunitárias garantem acesso à leitura

Espaços mantidos por voluntários ou entidades desempenham papel na democratização de recursos educativos

Por Ian Peterson*

29/08/2024 - 4:00 h
Biblioteca Comunitária Paulo Freire, em Itacranha, oferece diversas atividades
Biblioteca Comunitária Paulo Freire, em Itacranha, oferece diversas atividades -

Uma biblioteca comunitária é um espaço criado e mantido com o objetivo de promover o acesso à leitura, educação e cultura. Diferente das bibliotecas públicas tradicionais, que são administradas por governos, as comunitárias são geridas por organizações sem fins lucrativos, associações de moradores ou voluntários. Em muitos casos, desempenham um papel vital em áreas onde o acesso a recursos educativos e culturais é limitado.

Apesar da importância, as bibliotecas comunitárias enfrentam inúmeros desafios. Muitas vezes, dependem de eventos e atividades como oficinas, clubes de leitura e exposições. Outro fator vital é o apoio governamental e os subsídios obtidos através de editais e programas voltados para a cultura e a educação.

As ONGs desempenham um papel fundamental na gestão e operação das bibliotecas comunitárias, sendo responsáveis pela manutenção e funcionamento desses espaços. Elas compartilham a missão de promover o acesso à educação e cultura e garantem que as bibliotecas tenham os recursos necessários, como livros, espaço físico e mediadores de leitura.

A Biblioteca Comunitária Paulo Freire, no bairro de Itacranha, é um exemplo que vai além do simples empréstimo de livros, atuando como um espaço cultural dinâmico que oferece diversas atividades. Entre as iniciativas estão grupos de capoeira, encontros literários e atividades de mobilização socioassistencial. Além disso, a biblioteca, instalada em ampla área verde, proporciona um ambiente de paz e tranquilidade.

Além disso, a coordenadora do espaço, Ladaílza Teles, afirma que mesmo com o avanço da internet, a procura por livros físicos é relevante. Como exemplo, graças ao incentivo e ao apoio que encontrou no local, Jaqueline Santos não apenas se tornou uma escritora, mas envolveu a família no hábito da leitura. Ela começou como voluntária, ministrando oficinas, palestras, contando histórias e mediando atividades.

Inspirada pelo impacto que a biblioteca teve em sua vida, Jaqueline escreveu sua segunda história infantil, "Ted e Tuly: descobertas na biblioteca", em que seus filhos autistas, Uesley e Ualysson, são os protagonistas de uma aventura. Além disso, organizou a coletânea infantil "Bicharada de A a Z", resultado de uma oficina de escrita e leitura realizada dentro da biblioteca.

Desafios

Apesar de toda a importância, as bibliotecas comunitárias enfrentam dificuldades. Muitas operam com recursos limitados e enfrentam dificuldades para manter suas atividades e espaços abertos. Muitas sentiram o impacto do encerramento do programa de apoio às bibliotecas comunitárias pela Fundação Itaú, no final do ano passado.

“A gente não tem recurso nas bibliotecas, vindo nem de governo, nem do município. O que vem, de vez em quando, é nos editais”, disse do projeto social Associação Sons do Bem, Carlinda Ramos. A situação se expande nas 13 bibliotecas que fazem parte da associação.

Ladaílza destaca que um dos maiores desafios enfrentados pela Biblioteca Comunitária Paulo Freire é a falta de recursos. “O maior desafio é de ter um recurso para manter pessoas nesse espaço”, afirma, explicando que, embora os editais ofereçam algum financiamento, geralmente é insuficiente para cobrir as necessidades básicas, como a contratação de mediadores de leitura e profissionais especializados, como bibliotecários.

Jane Palma, gerente de bibliotecas e promoção do livro e leitura da Fundação Gregório de Matos (FGM), vinculada à Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult), destacou o compromisso da FGM em apoiar as bibliotecas comunitárias. Ela mencionou o lançamento de um edital específico financiado pela Lei Aldir Blanc II, que visa fornecer apoio financeiro a 20 das 29 bibliotecas comunitárias de Salvador, com apoio financeiro de R$ 20 mil. De acordo com órgão, pretende realizar investimentos no setor cultural até 2027.

O Plano Estadual do Livro e da Leitura (PELL-BA), coordenado pelas secretarias de Cultura e da Educação da Bahia, é uma estratégia permanente para o fomento à leitura. Através de parcerias e apoio a organizações, o PELL-BA contribui para a elaboração de planos municipais de livro, leitura e bibliotecas, promovendo o crescimento e a qualidade dos leitores, com foco especial em crianças e adolescentes.

*Sob a supervisão da editora Meire Oliveira

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Tags:

bibliotecas comunidade Cultura Educação Inclusão social

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