ARTE
Cau Gomez é premiado em São Paulo
Artista visual Cau Gomez venceu o 46º Prêmio Vladimir Herzog com charge publicada no Jornal A TARDE
O artista visual Cau Gomez, da equipe de A TARDE, recebeu na noite desta terça-feira, 29, o Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, na categoria Arte, em solenidade realizada no Teatro Tucarena, da Pontifícia Universidade Católica (PUC), em São Paulo.
O reconhecimento é pela criação da charge “A Cultura do Estupro”, publicada no jornal A TARDE, que faz uma crítica ao polêmico projeto de lei que tramita no Congresso Nacional equiparando o aborto, mesmo em casos de violência sexual, ao crime de homicídio.
A ilustração de Cau foi reconhecida pela habilidade técnica e também pelo forte apelo reflexivo sobre tema de extrema sensibilidade e impacto social.
Na cerimônia de premiação ocorrida ontem, Cau Gomez recebeu o troféu e o certificado das mãos da gerente de imprensa da Petrobras – patrocinadora do Vladimir Herzog – , a jornalista Paula Almada. “Esse trabalho traduz a minha indignação e ojeriza à prática de respaldo ao agressor”, afirmou. O chargista também prestou homenagens ao cartunista, chargista e escritor Ziraldo, falecido em abril deste ano, de quem era amigo.
Roda de conversa
Na tarde de ontem, também como parte da programação do Prêmio Vladimir Herzog, Cau integrou uma roda de conversa promovida na PUC-SP, transmitida ao vivo pela TV PUC, com a participação dos premiados e dos autores de trabalhos que receberam menções honrosas. Eles discutiram o papel do jornalismo e das artes visuais nas pautas de direitos humanos.
Na conversa, os profissionais compartilharam suas visões do que significa atuar em áreas tão delicadas e desafiadoras, destacando a necessidade de se manterem fiéis ao compromisso de informar e provocar o público.
Troca de experiências
Durante o encontro, Cau Gomez falou da sua experiência ao criar a charge premiada, “A Cultura do Estupro”, para A TARDE. Ele explicou como trabalhar com temas tão delicados o afetou profundamente, especialmente ao retratar abusos e violência praticados contra crianças.
“É desgastante, você percebe que a sociedade fecha os olhos, ignorando os números de abusos e violência contra a infância, o que é o pior de tudo”, comentou. Ele descreveu como, ao desenhar, se sentiu com a “missão de registrar” o fato.
A roda de conversa teve o objetivo de reunir diferentes perspectivas e técnicas empregadas em veículos de diversos formatos, como jornais impressos, podcasts, programas de TV e sites. Permitiu, assim, um intercâmbio de experiências entre profissionais de várias áreas do jornalismo e das artes visuais.
Com exemplos práticos e discussões sobre desafios enfrentados na cobertura de temas de direitos humanos, o encontro visa fomentar novas abordagens, inspirar coberturas sensíveis e comprometidas e ressaltar a importância do jornalismo ético e responsável.
O jornalista Paulo Pinto contou detalhes da experiência que teve com uma imagem que foi a vencedora na categoria fotografia. O trabalho lembra o caso do estadunidense George Floyd, um batalhão com sete policiais sufoca e prende uma pessoa ao chão. Paulo explicou que enquanto tentava tirar a foto, outros agentes se metiam na frente para evitar o clique, mas se jogando ao chão ele conseguiu fazer a fotografia e passar a mensagem.
Direitos humanos
Já em sua 46ª edição, o Prêmio Vladimir Herzog de Jornalismo e Direitos Humanos (PVH) é uma premiação anual que reconhece profissionais – jornalistas, repórteres fotográficos, escritores e artistas do traço – e veículos de comunicação que se destacam na defesa dos direitos humanos, da democracia e da cidadania. O prêmio é organizado pelo Instituto Prêmio Vladimir Herzog, uma associação civil sem fins lucrativos ou político-partidários.
Nesta edição, o Prêmio Herzog recebeu 601 inscrições, sendo 222 em texto; 144 em vídeo; 60 em áudio; 56 em multimídia; 51 em fotografia, 50 em arte e 18 em livro-reportagem. Um grupo formado por 49 convidados integrou o júri responsável pela seleção dos finalistas em sete categorias.
No ano em que o golpe militar de 1964 completa seis décadas, a comissão organizadora da premiação decidiu homenagear três grandes personagens da história recente do país: Margarida Genevois, Ziraldo (in memoriam) e Luiz Eduardo Merlino (in memoriam).
Foram contemplados com o Prêmio Especial nesta edição as jornalistas Flávia Oliveira e Gizele Martins, e a Rede Wayuri de Comunicadores Indígenas do Rio Negro.
Premiado
Aos 52 anos, mineiro de Belo Horizonte, Cau Gomez está radicado há 30 anos na Bahia, sendo um dos profissionais mais premiados de sua geração, acumulando mais de 60 premiações em diversos festivais e salões de humor, no Brasil e no exterior. Trabalha como artista gráfico e visual, caricaturista e ilustrador. Em A TARDE, publica charges na editoria de Opinião.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Cidadão Repórter
Contribua para o portal com vídeos, áudios e textos sobre o que está acontecendo em seu bairro