MEMÓRIA
Centro Histórico vai celebrar 40 anos de tombamento
Escritor, jornalista, poeta e agitador cultural, Clarindo Silva ministrou palestra sobre a importância desse lugar de tradição e resistência
Por Priscila Dórea
Manifestando tradição, resistência e cultura por todas as suas ruas e becos, o Centro Histórico de Salvador irá comemorar no dia 3 de dezembro 40 anos de seu tombamento. “Acredito que o tombamento do Centro Histórico foi um grito de alerta para toda a humanidade, mas a verdade é que ainda hoje é preciso encontrar formas de fazer com que as pessoas assimilem a importância desse lugar por sua grandiosidade e beleza arquitetônica e por sua história”, afirma Clarindo Silva, escritor, jornalista, poeta e agitador cultural.
Clarindo e sua Cantina da Lua possuem tantas histórias com o Pelô e suas mais diversas manifestações, que não foi surpresa alguma ele ser convidado pelo Tribunal de Contas do Estado da Bahia (TCE) para comandar a palestra “Longa Caminhada: Pelourinho ontem, hoje e amanhã!”, que faz parte do Plano de Capacitação 2024 do TCE. Diante de um auditório lotado e uma plateia atenta, Clarindo contou um pouco de sua história com a Cantina, dos tantos que passaram e passam por lá, e da rica importância do Pelourinho.
“Ao longo do ano nós procuramos capacitar gestores e servidores, trazendo expoentes para que falem sobre o que fazem. Estando na Bahia, no primeiro ano em que o Dia da Consciência Negra é feriado aqui e nacionalmente, trouxemos aquele que é uma referência viva do que é a Bahia, que é Clarindo Silva. E foi uma escolha muito acertada, pois ele trouxe para a palestra uma história de vida que serve de exemplo para todos nós”, afirma o conselheiro do TCE, Inaldo Araújo, que destacou ainda o quanto Clarindo tem sido e é “importante para a preservação e valorização do Centro Histórico”.
Patrimônio
Tombado em 1984 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), foi em 1985 que a região do Centro Histórico de Salvador foi reconhecida como Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO (United Nations Educational, Scientific ans Cultural Organization). “Por isso que esse cuidado deve vir de forma internacional, não só nacional. O Pelourinho é patrimônio de toda a humanidade, e é da ajuda de todos que precisamos para dar ao Centro Histórico toda a dignidade que merece, com toda sua expressão, resistência, cultura e arte”, afirma Clarindo.
“Sempre digo que o Pelourinho é um grande quilombo a céu aberto e um local de resistência do povo preto. Muitos escravos foram vendidos, apanharam e morreram no Centro Histórico, mas hoje existe todo um novo significado em torno desse espaço e que vem sendo cuidado, principalmente, por quem vive e trabalha nele. É um sinal de resistência muito grande do povo e as baianas são importante parte disso. São muitas por todo o Centro Histórico, elas já são parte dele, e ele é parte delas”, aponta a presidente da Associação Nacional das Baianas de Acarajé, Mingau, Receptivo e Similares (Abam), Rita Santos.
Figura que é vista constantemente caminhando e cumprimentando muitos pelo Centro Histórico, Vovô do Ilê - presidente do bloco afro Ilê Aiyê -, destaca o quanto o tombamento do Centro Histórico foi e continua sendo importante, mas que a atenção dada a região precisa aumentar. “Ainda existem muitos prédios abandonados na região, prédios esses que deveriam estar servindo de moradia para a população, inclusive. No mais, os 40 anos do tombamento do Centro Histórico, um lugar que é feito de resistência, é uma data que precisa ser lembrada, e muito celebrada e valorizada”, afirma.
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