PRESERVAÇÃO
Com R$ 800 mil do Novo PAC, Centro Histórico terá casarões renovados
Bairro tombado há quase 40 anos passará a ter uso social
Por Madson Souza
Ninguém pode negar que o Centro Histórico de Salvador é um personagem da Bahia, com forma e personalidade. Na iminência de completar 40 anos – em 2025 – desde que foi declarado patrimônio cultural da humanidade, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), o bairro terá 23 casarões requalificados.
Com R$800 mil em recursos aprovados no Novo PAC Seleções, para a elaboração do projeto, a ideia é que após as intervenções os espaços sejam utilizados como conjunto habitacional social, de acordo com o compromisso firmado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e o governo do estado.
Neste momento, a Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder) está em fase de captação desse recurso junto ao Ministério da Cultura. Após esta fase terá início o processo de licitação para contratar empresa especializada para elaborar o projeto.
As fachadas originais serão mantidas nos 23 casarões, que vão ser adaptados para abrigar entre quatro e oito unidades habitacionais cada, conforme nota da Conder. A ideia é que o projeto preserve a riqueza cultural e histórica do local, mas também cumpra papel social.
O exemplo que o órgão segue é o do Residencial Vila Nova Esperança, que fica na antiga Rocinha, no Pelourinho, e que com a recuperação do casarão gerou seis unidades habitacionais de interesse social.
Os imóveis que serão requalificados são: na rua Guedes de Brito, os números 23A, 27, 29, 35 e 27; na rua 7 de Novembro, os números 05, 07 e 09; na rua Saldanha da Gama, os números 18, 20 e 24; na 28 de Setembro, números 12, 17, 19, 21 e 23; na Ladeira da Praça, números 24, 26 e 28; na rua São Francisco, número 27; na Residência Estudantil, 03 casarões, na rua Padre Vieira, nos números 27, 29 e 31.
Ações complementares
Figuras que pensam e refletem sobre o Centro Histórico apontam que a medida é positiva, mas que é preciso outras ações complementares para dar conta das necessidades da região.
Quem ressalta a ideia é o professor de arquitetura e urbanismo da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Paulo Ormindo, que pontua dois grandes problemas do bairro: a dificuldade de acesso e o despovoamento.
Nesse sentido, ele indica que a ação de requalificar e povoar é instigante. “É bem interessante, mas sem outras medidas de natureza urbanística não vai resolver o problema. Quanto à questão habitacional, a solução é, a meu ver, a recuperação dessas ruínas com o programa Minha Casa Minha Vida”.
O agitador cultural e dono da Cantina da Lua, no Pelourinho, Clarindo Silva, aprova a ocupação. “Não adianta ficar essas ruínas sem gente, é preciso ter vida pra ter movimento. Aplaudo o movimento do governo do estado e do Iphan”. P orém, ele reforça que é preciso mais. “Queremos ver o Centro Histórico melhor e para isso é preciso restaurar muitos outros pontos”, afirma.
Clarindo lançou movimento de retomada da revitalização do Centro Histórico, no último dia 03, com encontro no Palco Riachão, na Cantina da Lua, Terreiro de Jesus. A ideia do projeto é que haja continuidade às intervenções que buscam preservar o bairro. “Nossa proposta é preservar para perpetuar. O Pelourinho é o coração da cidade. Nosso sonho é que em dezembro de 2025 tenhamos pelo menos 80% do Centro Histórico revitalizado. Restaurar e colocar gente pra morar”.
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