INDEPENDÊNCIA
Como famílias e comunidades escolares mantêm tradição do 7 de Setembro
Fanfarras que desfilam e público que acompanha nas ruas preservam costume
Por Gabriel Vintina*
No Brasil, o 7 de Setembro é uma data carregada de simbolismo, marcada pela celebração da Independência. Nas ruas, desfiles cívico-militares e o hasteamento da bandeira trazem à tona o orgulho nacional. No entanto, é nas escolas e dentro das famílias que essa tradição se perpetua de forma, com crianças e jovens assumindo o papel de guardiões dessa herança cultural.
Em muitas escolas pelo país, os estudantes participam de atividades que mantêm viva a tradição, ajudando a promover o sentimento de patriotismo e o orgulho nacional. “A celebração deste dia não apenas simboliza a comemoração da libertação do domínio colonial, mas também a luta pela autonomia e a construção de uma nação soberana. O desenvolvimento de um sentimento nacionalista entre os brasileiros, que passaram a se ver como uma nação distinta, com sua própria identidade e cultura, e gestora de seu próprio destino”, explica o capitão Marco Antônio da assessoria cultural da 6ª Região Militar, responsável pelo desfile deste ano.
No Colégio Estadual Pedro Paulo Marques e Marques (CEPPMM), a fanfarra é vista como o "coração da escola", segundo Liliane Fonseca, diretora da instituição. “Através dela, atendemos alunos de diferentes escolas e comunidades, oferecendo uma combinação única de disciplina, técnica musical e exercícios que ajudam a moldar o caráter e a cidadania deles”, explica.
A Banda Marcial Escolar de São Cristóvão - BMESC, do CEPPMM, sob a regência de Alexsandro Silva, tem desempenhado um papel importante na manutenção dessa tradição. “Há 10 anos, trabalhamos com um repertório diversificado e mensagens que reforçam o sentido cívico da data”.
Para muitos, o envolvimento nessas atividades começa cedo, como no caso da estudante Isabelle Santana, que entrou na fanfarra ainda criança. “Para mim, é um refúgio, um lugar onde me sinto em casa. A fanfarra traz muita responsabilidade. Você precisa se comprometer com seu instrumento, com a formação da banda, comparecer a todos os ensaios, estudar as músicas”.
Otávio Fernandes, 18 anos, integrante da BMESC há dois anos, fala sobre a transformação pessoal. “Minha visão mudou bastante desde que entrei na banda e aprendi sobre responsabilidade, trabalho em equipe, como me comunicar e desenvolver habilidades. Também aprendi muito com o nosso regente, Alex”, conta
Para Alexsandro, a preservação das fanfarras é vista como essencial para o ambiente escolar. "Através da música e da disciplina, ensinamos o valor da independência e da cidadania", conta. Segundo o professor, a perpetuação dessa tradição tem enfrentado desafios como a falta de interesse dos jovens. “Eles preferem uma festa aos ensaios. Reflexo da falta de incentivo à cultura, o que impacta no gosto de fazer música e participação em atividades como a fanfarra”, lamenta o regente.
Já a diretora da instituição acredita que o que ainda mantém os jovens ligados ao grupo é a paixão por fazer música. “Participam porque gostam do movimento, da dança. Muitos dos que participam são ex-alunos que voltam porque amam a fanfarra”.
Entretanto, a experiência vai além do aprendizado musical. Promove o desenvolvimento pessoal e social. Muitos encontram na fanfarra um espaço onde podem expressar suas emoções, construir amizades e desenvolver um senso de pertencimento. Esse é o caso de Maria Eduarda, 18 anos, que recentemente se juntou à fanfarra da Banda Marcial de São Cristóvão. "Tem sido uma experiência incrível. Estou aprendendo coisas novas e me sinto mais conectada com a comunidade. Isso tem me ajudado a crescer como pessoa. A fanfarra me tirou da depressão e de hábitos que não considero saudáveis”.
No contexto familiar, a celebração de 7 de setembro adquire uma dimensão ainda mais profunda. Pais e filhos se unem para transmitir e vivenciar os valores cívicos, estabelecendo um diálogo entre gerações sobre o papel de cada cidadão na construção do país.
“Levo minhas filhas para assistir ao desfile porque meus pais sempre me levavam. O dia 7 de setembro é o aniversário do meu pai e do meu irmão mais velho, então é uma tradição em nossa família. Acredito que realmente ajuda a fortalecer a compreensão delas sobre o Brasil, o que foi, o que é hoje, e o que elas podem fazer amanhã”, conta Cristina Rodrigues, 42 anos, que neste ano levará suas duas filhas mais novas para o desfile, Melissa e Marília, de 10 e 5 anos, respectivamente.
O cabo do Corpo de Bombeiros, Eliezer Santos da Costa participa do desfile desde os 7 anos e, agora, vê sua filha, Eliziane, 9 anos, seguindo seus passos. “É emocionante ver minha filha desfilando. Ela já demonstra muito respeito pelos símbolos nacionais, e isso me enche de orgulho”. Eliziane está ansiosa. “Desfilei pela primeira vez no ano passado e foi muito legal. Este ano, fui lá no Quartel de Simões Filho para treinar com os tios do grupo Anjos da Praia para me preparar e desfilar”.
*Sob a supervisão da editora Meire Oliveira
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