RECICLÁVEIS
Cooperativas têm papel importante na destinação correta do lixo em Salvador
Serviço de coleta na capital gera renda para cooperativados e contribui para preservar o meio ambiente
Por Yan Inácio
De acordo com a Limpurb, apenas 2% dos resíduos descartados e passíveis de reutilização são reciclados em Salvador. Sem um serviço próprio da Prefeitura, as cooperativas desempenham um papel essencial na reciclagem na cidade, recebendo materiais como garrafas pet, latinhas e vidro. Além de gerar renda para os trabalhadores cooperativados, essa atividade contribui para a preservação ambiental.
Para jogar luz sobre este trabalho tão essencial para a capital baiana, o Grupo A TARDE visitou a Cooperativa Bariri, no Engenho Velho de Brotas, para entender como funciona o processo de reciclagem, no lugar onde acontece.
Fundada em 2004, a Bariri, assim como a maioria das cooperativas de reciclagem em Salvador, trabalha predominantemente com doações. Supermercados, condomínios e pessoas interessadas costumam oferecer os resíduos separados.
Essas empresas também colaboram com a logística dos produtos recicláveis com o pagamento de taxas usadas para a compra de combustível. No caso dos condomínios, os valores geralmente são inseridos na mensalidade. A coleta dos materiais é um dos pontos cruciais do trabalho na cooperativa.
“Hoje, a Bariri tem 17 cooperativados. Temos um caminhão próprio da empresa que sai todo dia fazendo coletas. E a gente tem um caminhão que a Prefeitura dá uma vez na semana para a gente fazer essas coletas”, explica Elias Júnior, presidente da cooperativa.
Elias ressalta que essa realidade não atinge as 14 cooperativas de reciclagem cadastradas na Limpurb atualmente em Salvador. “Tem cooperativa que só tem esse caminhão que a Prefeitura dá. A Bariri já tem o caminhão dela, já consegue dar um suporte maior”, relata.
Depois que os resíduos chegam à cooperativa, começa o trabalho de separação. Latinhas de alumínio, papelão, garrafas pet e de vidro reciclados ganham maior valor quando são devidamente separadas. “Cada vez que a gente separa novamente o material, mais se agrega valor”, acrescenta o presidente da cooperativa.
Catadores respondem por 90% do que é reciclado no Brasil
Estimativas indicam que os catadores de recicláveis, aqueles que são vistos diariamente nas ruas da cidade, são responsáveis por 90% da reciclagem no Brasil. Apesar do número expressivo, esses trabalhadores, geralmente autônomos, não lidam diretamente com as cooperativas de Salvador.
Os recicláveis coletados por eles geralmente são vendidos a ferros-velhos, por valores nem sempre bem definidos. Além disso, esses estabelecimentos não costumam dar o tratamento devido aos recicláveis.
Com intuito de oferecer mais lucros e melhores condições de trabalho, a Cooperativa Bariri planeja, em 2025, um projeto para acolher os catadores e tratá-los como trabalhadores cooperativados. A ideia é pagar mais pelo que coletam e distribuir EPIs para uso nas ruas.
“Realmente dar atenção aos catadores de rua, para que a gente possa comprar esses materiais na mão deles, com preço bom, oferecer equipamentos e reconhecer eles como cooperados autônomos”, comenta.
A iniciativa, porém, esbarra na dificuldade de manter as finanças da empresa. “A gente costuma dizer que a conta não fecha. O lucro do material em si, não suporta esse aporte. Não dá para manter a empresa com os impostos em dia”, finaliza.
Triagem de materiais agrega valor aos itens reaproveitáveis
Maria de Fátima Pereira, 59 anos, é uma das trabalhadoras mais antigas da Bariri. Ela atua na empresa há quase 20 anos e se orgulha do trabalho de triagem dos materiais.
Ainda que os resíduos sejam previamente separados pelas pessoas em suas casas, muitos dejetos inutilizáveis são encontrados pelos cooperadores que trabalham com a separação. É por este motivo que o trabalho de pessoas como Maria tem tanta importância.
“Vale, vale dinheiro. E se jogar fora, o outro reciclador vai reciclar e separar tudo direitinho. Depois diz que acharam que era lixo e jogaram fora”, afirma a trabalhadora.
Depois que os reaproveitáveis são separados em sacolas, outros cooperadores realizam o trabalho de prensagem com ajuda de uma máquina. Os materiais são, então, prensados e vendidos para as empresas interessadas.
“Geralmente a gente vende para dentro do estado mesmo. Tem empresa do papel, do vidro, da garrafa pet. Cada uma vem pegar seus materiais. Já se agrega o valor e vende”, explica Elias.
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