EM FALTA
Desabastecimento global de insulina afeta rede privada
Ausência do medicamento tem potencial catastrófico, por ser fundamental no controle da diabetes, em especial para pacientes do tipo 1
Por Madson Souza
Relatos por todo o país, de falta de insulina, medicação fundamental no controle da diabetes - em especial da tipo 1 - gera preocupação tanto para quem sofre quanto para o sistema de saúde. A ausência do medicamento tem um potencial catastrófico. Na Bahia, o hormônio está fora de estoque em parte das farmácias privadas, porém está disponível na rede do Sistema Único de Saúde (SUS), conforme afirma a Sesab - Secretaria de Saúde da Bahia.
“Os pacientes com diabetes do tipo 1, na ausência de insulina, podem morrer em um tempo curto, 24, 48 horas. Então, a falta de insulina é uma coisa potencialmente catastrófica. Pacientes com diabetes do tipo 2, que ainda produzem um pouco de insulina, não correm um risco tão grande, mas podem ter hiperglicemia e ter complicações”, afirma o diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Fábio Moura.
Membro de uma rede de farmácias presente na Bahia - a fonte preferiu não se identificar - contou que o medicamento já está em falta de estoque há cinco ou seis meses. Ele reforça que há uma grande parcela de clientes que continua indo a farmácia em busca de insulina. Para esses cenários a indicação dada pelo farmacêutico é que o paciente converse com seu médico para ver outra opção de medicamento, porque a faltada insulina acontece em outras redes de farmácias
Na rede pública
A Associação Brasileira de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) informa que não recebeu notificações das redes associadas sobre uma falta generalizada de insulina.
Não há dados sobre quantas farmácias não possuem o medicamento no estado. Conforme nota do Ministro da Saúde, a explicação para o problema é a falta de insumos para produzir o medicamento, e é uma questão de nível global.
Todavia, não há desabastecimento de insulina na rede pública de saúde, segundo a Sesab. Quem cuida deste fornecimento do medicamento para o SUS é o Ministério da Saúde. Em nota, a secretaria explica que há uma restrição global na oferta do medicamento, mas que “não compromete o abastecimento público até o momento”.
No intuito de garantir o abastecimento do SUS, o Ministério da Saúde comprou 55,6 milhões de unidades do medicamento em 2024 e ampliou os investimentos para R$1 bilhão em 2025. Outra ação feita pelo Ministério foi alterar a periodicidade do envio da insulina para os municípios. O que antes eram entregas trimestrais passaram a ser mensais.
A coordenação da assistência farmacêutica da Prefeitura de Salvador confirma que não houve sinalização de falta de insulina na rede municipal até a última quinta-feira..
Onde encontrar
No SUS estão disponíveis dois tipos de insulina: insulina humana NPH e insulina humana regular. Ambas podem ser retiradas nas farmácias das Unidades Básicas de Saúde (UBS) dos municípios da Bahia e nas farmácias participantes do programa ‘Aqui Tem Farmácia Popular’.
Para quem costumava comprar o medicamento na rede privada e vai precisar ir ao SUS, a farmacêutica e assessora técnica no Conselho Regional de Farmácia do Estado da Bahia (CRF-BA), Maria Fernanda Barros, explica que é preciso apresentar receita médica válida, documento de identidade do paciente e cartão do SUS.
O estudante Felipe Batista, 19, costuma pegar o medicamento no Centro de Referência Estadual para Assistência ao Diabetes e Endocrinologia (Cedeba) e demonstra preocupação com o desabastecimento da rede privada. “Fico muito preocupado (...) porque esta falta para quem precisa é uma situação difícil e delicada”.
Já o aposentado José Florêncio conta que hoje busca o medicamento em um posto de saúde, mas que no mês passado - por falta de estoque na prefeitura bairro em que costumava buscar insulina -, tentou comprar em farmácias privadas e não encontrou o insumo em nenhuma do bairro.
Além da ajuda com a insulina, o SUS colabora para o monitoramento glicêmico com as UBS que disponibilizam gratuitamente seringas, aparelhos para medir glicose, tiras reagentes e lancetas. A diabetes é uma doença que preocupa cada vez mais, inclusive com aumento de 65% na taxa de adultos brasileiros com a enfermidade, conforme dados da pesquisa Vigitel, do Ministério da Saúde. Em 2006, a taxa era de 5,5%, enquanto em 2021, o número já estava em 9,1%.
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