AGOSTO LILÁS
Descubra como a tecnologia ajuda no combate à violência de gênero
Uma série de ações e escuta de mulheres têm como foco a construção de políticas públicas mais efetivas
Por Madson Souza

Homem espancou namorada no último sábado, com mais de 60 socos, no município de Ponta Negra, em Natal. O caso, que chamou atenção do país pelos requintes de crueldade, faz parte de uma realidade comum para mulheres no Brasil. Diante deste cenário, instituições públicas agem neste Agosto Lilás - mês dedicado à conscientização e combate à violência contra a mulher - para escutar mulheres com o objetivo de construir políticas públicas, e apostam em tecnologia para combater esse tipo de ocorrências.
Para produzir novas políticas no enfrentamento à violência, a Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) vai realizar as Conferências Territoriais de Políticas para as Mulheres.
O objetivo é reunir o poder público e a sociedade civil para construir ações. A coordenadora executiva de articulação institucional e ações temáticas da SPM, Lourivânia Soares, ressalta a importância desses encontros ainda sem calendário divulgado.
“É um momento de diálogo, escuta e protagonismo das mulheres na discussão de pautas diversas que perpassam sua vida, como a prevenção e o enfrentamento à violência em suas várias dimensões e outros temas. As propostas que serão formuladas vão subsidiar a construção dos planos de políticas para as mulheres em nível municipal, estadual e federal, para que possamos ter ações concretas que garantam avanços”, comenta.
Outras instituições, como a Defensoria Pública do Estado, vão realizar uma exposição na estação do metrô do aeroporto, com histórias de mulheres atendidas em casos de violência de gênero, além de atendimentos ao público. Em 2024 foram atendidas 4 mil mulheres em Salvador, pelo Núcleo de Defesa da Mulher (NUDEM) da Defensoria.
Botão Lilás
Ainda em Salvador, estão sendo planejadas para o Agosto Lilás ações da Secretaria Municipal de Políticas para Mulheres, Infância e Juventude (SPMJ) neste ano com o tema “Juntos pela Erradicação da Violência contra a Mulher”. O destaque do plano é o Botão Lilás, ferramenta que funciona através do WhatsApp da Prefeitura de Salvador, no número (71) 98791-3420, em que mulheres poderão solicitar ajuda em tempo real em situações de emergência.
A ferramenta também possibilita o acesso a informações sobre serviços públicos para o acolhimento de mulheres vítimas de violência. Outra iniciativa da secretária é o programa “Mulheres no Volante”, uma parceria com a Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob) e o Sest Senat, cujo foco é oferecer a primeira habilitação a mulheres vítimas de violência doméstica ou familiar. A ideia é gerar autonomia financeira e incentivar a presença feminina na área de transportes. Até o fechamento desta Reportagem A Tarde não conseguiu falar com a SPMJ.
Essa soma de ações em Salvador e por toda a Bahia, é para o combate à violência contra a mulher, como explica a coordenadora da Especializada de Direitos Humanos da Defensoria Pública da Bahia (DPE/BA), Cláudia Ferraz. “A atuação das instituições públicas, como a Defensoria, órgão de extrema importância na temática, é fundamental para conscientizar as mulheres dos seus direitos, divulgar os meios e possibilidades de proteção, empoderá-las e permitir denúncias para que a violência cesse”.
Além do caso citado, da mulher que tomou 61 socos, outras diversas mulheres são vítimas dessas ocorrências, que muitas vezes não são noticiadas ou denunciadas. A psicóloga Isabela Moreira, de 28 anos, viveu um relacionamento abusivo na pandemia e começou a perceber os sinais disso ao estudar feminismo na graduação.
“Todas as três vezes que tivemos discussões sérias, houve demonstrações de agressão. Ele já chegou a jogar um quadro na parede durante uma discussão, apertar meu braço, e chegou até a me enforcar”, conta.
Após essas agressões e se preparar para sair da relação, Isabela contou com o acolhimento da família para sair dessa e só depois de se mudar, contou a história para família e amigos. Essa experiência virou o foco de trabalho da psicóloga que busca ajudar outras mulheres. “Minha missão de vida é ajudar mulheres a não passarem pela mesma coisa que passei ou se estiverem passando, ajudar elas a processarem isso e ter uma vida melhor”, afirma.
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