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Fé, ancestralidade e sincretismo: Festa de Santa Bárbara lota Pelourinho

A cor vermelha tomou conta do Centro Histórico nesta quinta-feira, 4

Luiza Nascimento e Victoria Isabel

Por Luiza Nascimento e Victoria Isabel

04/12/2025 - 11:19 h
Imagem ilustrativa da imagem Fé, ancestralidade e sincretismo: Festa de Santa Bárbara lota Pelourinho
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Centenas de devotos abriram, nesta quinta-feira, 4, o calendário de festejos populares de Salvador durante a Festa de Santa Bárbara. Como tradicionalmente ocorre, o Pelourinho amanheceu tomado pelo vermelho, cor que simboliza a celebração e reúne manifestações religiosas, culturais e artísticas.

O padre Lázaro, da Igreja do Rosário dos Pretos, destacou em entrevista ao Portal A TARDE a força simbólica da data e a pluralidade religiosa presente na festa.

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“Estamos numa cidade que culturalmente é marcada pelo samba, pela festa, pela alegria, pelo axé, pelo ritmo. E estamos celebrando em um tempo especial: tivemos o Dia do Samba, agora Santa Bárbara abre as festas, e daqui a pouco chega o Carnaval", destacou.

"Precisamos valorizar e respeitar as diferentes culturas, africana, católica, cristã, cada uma trazendo seus elementos, enquanto seguimos vivendo na fé e na esperança. Espero que esteja cada vez mais cheia, com mais devotos e mais gente celebrando Santa Bárbara e iniciando os festejos de largo nesse lugar tão especial”, completou.

Padre Lázaro
Padre Lázaro | Foto: Luiza Nascimento/Ag. A TARDE

Sincretismo religioso

Além da tradição católica, o sincretismo religioso marca a data, que também celebra Iansã, orixá dos ventos e tempestades. A trancista e turbanista Negra Jhô, presente no festejo, reforçou a importância da celebração para a preservação das raízes culturais e religiosas.

“A importância dessa festa é manter nossa ancestralidade, nossos valores e nossa união. O vento é para todos, quando bate no nosso corpo. Iansã, ou Santa Bárbara, é só agradecimento. O Acará está na mesa de todo mundo, independente da religião".

Negra Jhô
Negra Jhô | Foto: Luiza Nascimento/Ag. A TARDE

Patrimônio cultural

O secretário de Cultura da Bahia, Bruno Monteiro, reforçou o papel da celebração como patrimônio cultural do estado. “O 4 de dezembro é um grande momento de representatividade e da força da nossa identidade cultural. É quando a Bahia se veste de vermelho em uma celebração que reúne fé, amor e devoção a Santa Bárbara e a Iansã. Esse festejo é um patrimônio imaterial que o Governo do Estado tem a responsabilidade de salvaguardar, mantendo a tradição viva. O povo baiano busca inspiração na garra, na coragem e na determinação das mulheres para construir dias melhores para a Bahia e para o Brasil”, destacou.

Imagem ilustrativa da imagem Fé, ancestralidade e sincretismo: Festa de Santa Bárbara lota Pelourinho
| Foto: Luiza Nascimento/Ag. A TARDE

O secretário também ressaltou o impacto turístico crescente dos festejos populares. “Antes, o movimento turístico era mais concentrado no Carnaval, mas isso vem mudando. Festas como Iemanjá, as lavagens, especialmente a do Bonfim, e agora Santa Bárbara têm atraído cada vez mais pessoas do Brasil e do mundo. A força da nossa cultura e da nossa identidade tem ampliado esse fluxo, e para nós que trabalhamos com cultura, isso é motivo de grande satisfação”, completou.

Força da fé

A ganhadeira de Itapuã, Tereza Conceição Santos, de 73 anos, conta que sua relação com a celebração e com Iansã moldou sua trajetória de vida. “Minha relação é muito forte, viu? Fortíssima”, afirma com orgulho. “Desde que comecei a vender acarajé, vestir roupa de baiana, eu nunca mais deixei de vir. A vida da mulher que é de Iansã e vive do acarajé só não prospera se ela não quiser.”

A força da fé, segundo ela, se reflete em conquistas importantes ao longo dos anos. “Eu formei meu filho, fiz minha casa do jeito que eu quis. Já tive dois carros na porta, mas hoje não tenho porque eu não quero mais dirigir. O importante é que tenho saúde e muita força para trabalhar. Minha Iansã sempre me deu coragem”, conta.

Tereza Conceição Santos
Tereza Conceição Santos | Foto: Luiza Nascimento/Ag. A TARDE

Dona Tereza relembra ainda um episódio marcante. Em 2000, confeccionou uma saia especial em homenagem à orixá - peça que usa até hoje - e produziu também uma toalha de mesa que foi utilizada na celebração do dia 4 de dezembro daquele ano. “Participei de um sorteio e ganhei um carro zero. Então eu não tenho nada para reclamar, só agradecer”, diz.

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Tags:

Celebrações culturais cultura baiana festa de santa barbara pelourinho sincretismo religioso tradições populares

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