DROGAS
Heroína: saiba mais sobre a droga que vicia mais do que crack
Duas apreensões da droga foram feitas em Salvador em 2024
Por Luan Julião

A heroína, um dos opiláceos mais destrutivos do mundo, tem sido historicamente rara no Brasil devido ao alto custo e à preferência do mercado ilícito por drogas como crack e cocaína. No entanto, duas apreensões registradas em Salvador em 2024 acenderam um alerta sobre a presença da substância na capital baiana.
No dia 16 de janeiro de 2024, policiais militares do Batalhão Patamo, durante a Operação Força Total, apreenderam heroína, além de uma submetralhadora, maconha e crack, no bairro de Novo Horizonte, em Sussuarana. A droga foi encontrada após um confronto entre policiais e criminosos.

Já em 1º de fevereiro de 2024, policiais da 23ª CIPM, durante reforço do policiamento em Tancredo Neves, apreenderam 21 seringas de heroína, 533 porções de crack, 13 comprimidos de ecstasy e 14 frascos de lança-perfume. A apreensão ocorreu após uma troca de tiros com criminosos, resultando na detenção de um suspeito.

A heroína é um opiláceo derivado da papoula do ópio e foi sintetizada pela primeira vez em 1874 pelo químico inglês Charles Romley Alder Wright. No fim do século XIX, a farmacêutica Bayer a comercializou como um suposto tratamento para tosse, sem prever seu alto potencial viciante.
De acordo com o médico e pesquisador Drauzio Varella, a heroína vicia mais que a cocaína, a maconha e as anfetaminas, perdendo apenas para a nicotina. “As primeiras doses deixam um bem-estar desconhecido, profundo e duradouro, sensação cada vez mais fugaz à medida que se instala a tolerância causada pelo uso repetitivo”, explica o especialista.
A heroína pode ser injetada, fumada ou aspirada, e seu efeito é quase imediato, gerando uma sensação intensa de euforia. Contudo, os impactos negativos são devastadores, incluindo dependência severa, danos neurológicos, depressão respiratória e risco de overdose fatal.
Ainda de acordo com Drauzio, no Brasil, o preço elevado desse derivado do ópio limita seu consumo, tornando-o menos comum que o crack e a cocaína. Em contraste, na Europa, o número de usuários chega a centenas de milhares, enquanto na América do Norte ultrapassa um milhão. Esse cenário alarmante não apenas destrói famílias e comunidades, mas também favorece a disseminação da aids, das hepatites virais e da criminalidade.
Contudo, as recentes apreensões em Salvador levantam questionamentos sobre uma possível tentativa de expansão do mercado de heroína na cidade. Especialistas alertam para o risco de que a droga se torne mais acessível, trazendo consequências graves para a saúde pública e a segurança.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a apreensão global de heroína atingiu 87 toneladas em 2016. Nos Estados Unidos, o governo declarou emergência de saúde pública devido à crise dos opioides, que inclui não apenas a heroína, mas também medicamentos como oxicodona e fentanil.

A droga é cultivada em regiões como o Afeganistão, Irã, Paquistão e Sudeste Asiático e distribuída por cartéis internacionais. Nos EUA, tornou-se popular entre militares que retornaram do Vietnã e foi amplamente consumida em cenas culturais como a do jazz nos anos 1950 e 1960.
O surgimento de apreensões de heroína em Salvador é um alerta para as autoridades. Resta saber se os episódios foram casos isolados ou se representam um novo desafio para o combate ao tráfico de drogas na capital baiana.
Até o fechamento desta matéria, entramos em contato com a Polícia Civil para obter dados sobre apreensões de heroína na cidade de Salvador. No entanto, foi relatado que "não dispomos desse recorte", informou a corporação.
A presença da heroína em Salvador, ainda que rara, acende um alerta para as autoridades sobre uma possível mudança no cenário do tráfico de drogas na capital baiana. Enquanto a substância continua sendo mais comum na América do Norte e na Europa, seu surgimento em apreensões locais levanta preocupações sobre a diversificação do mercado de entorpecentes e os riscos associados ao seu consumo.
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