INAUGURAÇÃO
Hospital de cuidados paliativos da rede pública inicia atendimento em Salvador
Hospital Mont Serrat é apontado por agentes da área da saúde e pacientes como um marco nacional
Por Madson Souza
A Bahia inaugura hoje o primeiro hospital público de cuidados paliativos do país, o Hospital Estadual Mont Serrat - Cuidados Paliativos. Com 70 leitos, o local visa atender pacientes com doenças graves, incuráveis ou que ameaçam a vida, numa perspectiva de proporcionar alívio do sofrimento e suporte à saúde física, psíquica e emocional dessas pessoas. O espaço é apontado por agentes da área da saúde e pacientes como um marco nacional.
A Bahia é pioneira na área de cuidados paliativos por meio da implantação de políticas públicas do tema no Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2018 foi lançado um programa dedicado ao tópico no SUS e em 2020, foi criado o primeiro núcleo de cuidados paliativos da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab). O aspecto pioneiro do estado se mantém não só com a inauguração do hospital localizado no Mont Serrat, em Salvador, mas também pelas características do projeto.
Com o objetivo de garantir que pessoas tenham dignidade em toda sua vida, o hospital será aberto a pacientes de todas as esferas da população - crianças, adultos, idosos e gestantes. Dos 70 leitos do local, 63 são destinados ao público geral e 7 para a pediatria. “É uma quebra de paradigma juntarmos todas as fases da vida no mesmo local com um único propósito”, diz Karoline Apolônia, coordenadora do núcleo de cuidados paliativos da Sesab.
Outra característica de destaque do projeto é seu aspecto integrado ao contar com ambulatórios especializados, serviços de bioimagem, laboratório, áreas para telemedicina e pesquisa, além de possuir espaço para internação, pequenas cirurgias e consultas em diversas especialidades. A telemedicina é uma funcionalidade que reforça a importância do equipamento para toda a Bahia. Dessa forma os agentes do espaço irão dar suporte a rede pública por meio da discussão de casos, condução de equipes, segunda opinião, com o intuito de difundir a cultura de cuidados preventivos dentro da rede de saúde.
Cuidado direcionado
Os pacientes direcionados ao hospital são aqueles com doenças em estágio avançado, que ameace a vida e que cause sofrimento, com impacto importante na qualidade de vida. São pacientes, que segundo Karoline, por exemplo, não se beneficiariam de ir para unidades de terapia intensiva. “É uma fase difícil e complexa, por isso temos que oferecer a melhor estrutura para essas pessoas. Para que tenham a melhor intervenção, de forma mais célere e integrada possível para que vivam com intensidade”, explica.
Os profissionais do hospital vão alinhar junto ao paciente, com base em suas condições clínicas, a construção de planos individualizados para que sejam seguidas as melhores condutas naquele contexto. Além de existir um cuidado direcionado a família desses pacientes, com diversos cuidados, entre eles, o ambulatório do luto para os casos de familiares que apresentarem indicadores específicos de que necessitam desse suporte.
No setor privado
O segmento de hospitais de cuidados paliativos ou de transição também cresce na rede privada. O cardiologista Fábio Villas-Boas investe na construção de um hospital do gênero no Horto Florestal, em Salvador, e vê como de fundamental importância o desenvolvimento do segmento.
“Esse é um mercado muito recente, que vem surgindo nos últimos dez anos. A população mundial está envelhecendo e a expectativa de vida média da população mundial e brasileira aumentou significativamente nos últimos anos. Junto com isso vêm os problemas cardiovasculares, neurológicos, câncer, muitos pacientes que se curam ficam com sequelas ou durante o processo de cura ficam num estado deteriorado, o que faz com que essas pessoas precisem de programas de suporte terapêutico e de suporte psicológico para enfrentar essas condições”, explica.
Por isso, a necessidade de programas focados na qualidade de vida e diminuição do sofrimento desses pacientes. Danilo Henrique dos Santos, 26, é um paciente que vive sob cuidados paliativos. Após sofrer um acidente Danilo teve diversas complicações que o levaram ao coma de 15 dias, a perder suas duas pernas e pôr em dúvida sua vida. Ele saiu vivo dessa e segue hoje com esses cuidados para além do ambiente hospitalar.
“Recebo acompanhamento psicológico, acompanhamento de uma assistente social também (...). Pensei que ia perder a vida, mas sigo vivo. Faço natação no projeto Meu Sorriso, e sou modelo, tenho aula de passarela e de fotografia”, conta. Ele reforça ainda a importância da inauguração de um local como o Hospital Estadual Mont Serrat - Cuidados Paliativos. “Esse hospital de cuidados paliativos é muito importante para Salvador”, afirma.
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