PARECER
Instituições de Saúde se mobilizam por mamografia de rastreio desde os 40 anos
Rastreio precoce reduz mortalidade e impacta em tratamentos menos agressivos e na economia do sistema
Por Madson Souza

Mastologistas da Bahia e do país apontam que as mamografias para o público feminino a partir dos 40 é importante para redução da mortalidade por câncer de mama, para que elas passem por tratamentos menos agressivos e para economia do sistema de saúde.
As entidades da área da saúde já apresentaram parecer para manter a mamografia de rastreio para mulheres a partir dos 40 anos, junto à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). A reguladora recebeu o documento e informou em nota que irá analisar a proposta, mas sem previsão de conclusão.
O limite na idade para o rastreio da doença é um dos pontos de fortes críticas, desde que a ANS lançou uma cartilha preliminar com os critérios para certificar planos de saúde. Em seu programa de valorização às boas práticas no tratamento do câncer foi definido o limite da faixa demográfica de medidas proativas do câncer de mama em mulheres entre 50 e 69 anos.
Ao receber críticas de entidades da área da saúde, a Agência requisitou que apresentassem um parecer sobre o tema. A cartilha foi submetida a uma consulta pública para colaborações ao programa.
Dados que sustentam
Em 2024, 22% das mulheres que morreram de câncer de mama no Brasil tinham menos de 50 anos, enquanto 34% tinham mais de 70, conforme dados da vigilância epidemiológica presente no parecer. Para o mastologista e presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), Augusto Tufi, essa limitação do acesso aos exames de mamografia nos planos de saúde é um retrocesso. “O sistema privado de saúde sempre autorizou mamografias a partir dos 40 anos de idade anualmente. Já o SUS só admitia a mamografia a partir dos 50 anos a cada dois anos. Somos contra a ANS seguir essas diretrizes usadas no SUS, porque isso é um retrocesso”, afirma.
O documento apresentado à agência reguladora vem assinado pelos colegiados Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) e Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), e conta, com o aval da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama).
‘Menos agressivo’
A defesa para a realização dos exames por essa população de mulheres a partir dos 40 destaca ainda que o diagnóstico precoce reduz a mortalidade por câncer de mama, possibilita tratamentos menos invasivos e tem impacto na economia do sistema de saúde. “Observamos no SUS que os pacientes começam a ser diagnosticados com tumores avançados, no estágio três (existem quatro estágios da doença). Por não fazerem uma mamografia rápida, essas mulheres correm o risco de terem seus tumores diagnosticados tardiamente”, comenta o presidente da SBM.
Esse diagnóstico tardio, segundo Augusto Tufi, implica em um custo maior no tratamento dessas mulheres. Tanto por conta de que serão necessários tratamentos mais invasivos, incluindo quimioterapia, quanto por conta dos valores envolvidos nos procedimentos.
“Se você faz um diagnóstico precoce de um tumor de meio centímetro, um centímetro, o tratamento muitas vezes não precisa nem de quimioterapia”, explica.
O ponto é também ressaltado pelo mastologista e coordenador do serviço de mastologia do Hospital da Mulher, André Dias. “Com o diagnóstico precoce vamos oferecer ao paciente tratamentos menos agressivos, como retirar apenas o tumor e não precisar retirar a mama toda, que seria o caso de um paciente diagnosticado em estágio mais avançado”, informa. “É uma redução no custo para tratamento dos pacientes”, explica
Maior chance de cura
Augusto Tuti ressalta que há uma tentativa por meio do Instituto Nacional do Câncer (Inca), de que o SUS faça essa ampliação da mamografia para outras faixas etárias. “Várias entidades médicas e estudos mostraram a eficiência que a mamografia tem em ser realizada a partir dos 40 anos de idade. Isso, inclusive, diminui a mortalidade por câncer de mama, porque quando você está diagnosticado cedo, você tem chance de cura”, completa.
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