VITÓRIA
Lorena Pinheiro toma posse na Faculdade de Medicina da UFBA
Ela fez um ato simbólico em defesa da lei de cotas
Por Marcela Magalhães*
“Respeite quem pode chegar onde a gente chegou…”, com esses versos de fundo foi formalizada a posse da primeira professora adjunta cotista negra da bicentenária Faculdade de Medicina da UFBA, Lorena Pinheiro. Após 2 meses e meio do embargo em sua admissão, devido a uma disputa com a candidata Carolina Barreto, da ampla concorrência, que contestou na justiça a posse da vaga, Lorena finalmente conquistou o cargo pelo qual tanto lutou.
“Essa foi uma luta histórica em defesa das cotas. No primeiro momento em que fui impedida pela justiça de acessar a minha vaga por direito e mérito, eu me senti muito violada, mas com o apoio coletivo a gente conseguiu subverter essa injustiça”, declara Lorena. Ela relata estar honrada em ver o salão nobre da Faculdade de Medicina cheio de pessoas que nunca tiveram oportunidade de pisar os pés naquele espaço, e acrescenta: “[…] que eu abra as portas pra que outros jovens médicos e médicas, negros e negras como eu, entendam que esse lugar é sim pra eles, que eles podem fazer mestrado, doutorado, um concurso de docente e entrar pela lei de cotas”.
A professora adjunta explica que os pontos de partida são muito diferentes devido a uma estrutura racista e desigual, reforçando que essa desigualdade precisa ser combatida e a política afirmativa vem na tentativa de corrigir essa problemática.
A posse ocorreu na Faculdade de Medicina da UFBA, no Pelourinho, e foi permeada pela apresentação da Banda Didá, formada por mulheres negras percussionistas. Entre os presentes, estavam representantes de entidades sindicais, do movimento estudantil, docentes e movimentos sociais para fazer valer essa conquista coletiva. Durante a cerimônia houve um ato simbólico em defesa da Lei de Cotas como mecanismo legítimo e constitucional de ingresso no ensino superior e concursos públicos. O espaço levantou o debate sobre cotas com diversos defensores dessa política, como a deputada Olívia Santana, que destacou a importância das cotas para haver uma tentativa de reparação histórica com as pessoas negras que foram discriminadas e excluídas das oportunidades de emprego e estudo para sua ascensão social.
Antonio Alberto, diretor e professor da Faculdade de Medicina da UFBA, destaca a importância da política de cotas através da mudança do perfil racial na graduação do curso de medicina: “É interessante ver as fotos dos formandos de agora em comparação com os estudantes recém ingressos, porque há uma diferença racial muito latente, tanto do aumento de estudantes negros quanto indígenas”, declara. Ele reforça o compromisso irrestrito da instituição com as ações afirmativas, as políticas de cotas e o processo de seleção inclusivo para o curso de medicina.
“Fazer o doutorado para realizar o meu sonho de ser professora na universidade federal foi uma vitória que eu dedico à minha mãe, Maria Ivonete Pinheiro. Ela já não está aqui mas ela está vibrando do céu, de onde ela estiver”, finaliza a médica, Lorena Pinheiro.
*Sob a supervisão da editora Isabel Villela
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