MOURARIA
Moradora faz nova denúncia contra construções irregulares em Salvador
Artista plástica teme que construções irregulares causem um desabamento em sua cabeça
Por Madson Souza
O que era o sonho de tornar o casarão de número 160, na rua da Bângala, em um centro cultural, se tornou um pesadelo para a artista plástica Vânia Nazaré, que teme que as construções irregulares do imóvel ao lado causem um desabamento em sua cabeça. “É uma situação psíquica e psicológica insuportável”, conta Vânia. A denúncia da artista se arrasta desde 2007 passando por diversos órgãos do estado e do município e segue viva, enquanto os riscos são aprofundados e motivo de preocupação para a artista.
O surgimento e expansão de rachaduras, queda de reboco, base de adobe úmida, com marcas de mofo e a missão de sustentar a estrutura são algumas das consequências que a casa de Vânia encara que teriam sido causadas por conta das obras realizadas por seus vizinhos. Em contato com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur) desde 2007 para relatar o perigo das intervenções, Vânia aponta que neste momento o que falta para a solução do imbróglio é o órgão cumprir com suas obrigações.
“Falta a Sedur cumprir as ordens judiciais como deve ser. O juiz já deu cinco ordens. Isso numa liminar para poder tirar a parte construída ilegalmente. O procurador do município fez uma petição em 2022 exigindo que a Sedur viesse terminar a demolição e até hoje nada”, aponta. Em nota, a Sedur informou que já cumpriu a determinação judicial promovendo a demolição de parte do imóvel. Segundo Vânia, a denúncia foi apenas parcialmente resolvida já que somente um dos andares irregulares foi retirado. Mesmo com a demolição parcial continuam os problemas à estrutura da casa, conta.
“O que me preocupa é que a parede está realmente se decompondo. As rachaduras eram linhas tênues até pouco tempo atrás e agora já estão bastante visíveis daqui e também essa parte que seria a sustentação de adobe já está desalinhada, porque o sobrepeso está apoiado em cima dela. Ainda tem a marca escura de mofo. A gente tá vendo que infelizmente isso não vai aguentar por muito tempo”, comenta. Ela conta que a queda do reboco também virou motivo de preocupação por sua segurança.
Após o contato da Reportagem a Defesa Civil de Salvador (Codesal) realizou uma nova vistoria no imóvel da artista. Esta será a nona certidão que Vânia recebe da instituição “A Codesal continua monitorando a situação e realizando novas vistorias solicitadas para verificação de mudança de situação de risco”, informaram em nota. O órgão também comunicou que aguarda decisão final na justiça sobre o caso. Já o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) não respondeu os contatos da Reportagem até a data da publicação deste texto.
Dor de cabeça
Ainda segundo a artista, o processo não trata mais apenas do sobrepeso na parede de sua casa que é ligada a dos vizinhos. Ela aponta que há também um problema de umidade em muitos locais da residência por conta do imóvel ao lado. “Quando a gente ainda tinha um pouco de contato, fui lá com um pedreiro e pedi acesso a casa. Pudemos ver que há dois banheiros sem acabamento e com caída de água pro muro, pra parede da minha casa. Por isso fica úmido”, aponta.
Outros problemas com os vizinhos relatados por Vânia incluem a poluição sonora, que tem acontecido com menor frequência após denúncia de Vânia, e o lixo jogado em sua residência. A questão se arrasta há mais de 10 anos, enquanto a artista coleta registros dos processos impressos e catalogados. “Essa casa seria um espaço cultural. Não é um lugar para uma pessoa só morar, mas só o que consegui nesses anos todos, a única coisa que eu faço aqui é tentar manter a casa em pé”, afirma Vânia.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Cidadão Repórter
Contribua para o portal com vídeos, áudios e textos sobre o que está acontecendo em seu bairro
Siga nossas redes