PACTO
Municípios e estado lutam por redução da mortalidade materno-infantil
Acordo consolida adesão à Rede Alyne, do Ministério da Saúde, que visa diminuir óbitos em 25% até 2027
Por Madson Souza

Com o objetivo de reduzir a mortalidade materna e infantil, além de promover maior igualdade para mulheres negras e indígenas no acesso à saúde, municípios baianos e o Governo do Estado firmaram um pacto durante a 326ª Reunião da Comissão Intergestores Bipartite (CIB), na última quinta-feira.
O compromisso consolida a adesão à Rede Alyne - programa do Ministério da Saúde - que tem como meta reduzir a mortalidade materna em 25% até 2027 e em 50% entre mulheres negras no mesmo período.
A proposta baiana foi construída ao longo de meses de escuta ativa com participação dos 417 municípios baianos, distribuídos entre as nove macrorregiões de saúde do estado, conforme a diretora de Gestão do Cuidado da Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab), Liliane Mascarenhas.
“Discutimos toda a rede de atenção materna e infantil, com base em análise epidemiológica, sociodemográfica e de recorte étnico-racial, pensando na interculturalidade e em ações assertivas para mudar o cenário da mortalidade”, explica Liliane.
O plano baiano reúne aportes do governo federal e amplia investimentos estaduais em áreas estratégicas como pré-natal, atenção primária, vacinação e qualificação da rede hospitalar. Segundo Liliane, o Estado tem fortalecido políticas próprias, como a triagem pré-natal para detecção precoce de doenças, além da construção de 42 novas unidades básicas de saúde e outras 38 voltadas para populações indígenas.
“Nosso objetivo é qualificar o cuidado materno e infantil em todas as regiões, de forma regionalizada e com estrutura adequada, garantindo partos mais seguros para as mulheres”, afirma.
A expectativa é de que ambulatórios especializados, unidades de alto risco e programas como o Mãe Bahia reforcem a assistência em todo o ciclo da gestação e do nascimento.
Apoio adequado
Um apoio adequado para o período de gestação é importante para que as gestantes tenham maior tranquilidade ao longo dessa fase, como conta a gestante Rafaela de Jesus Santos, de 26 anos, que está grávida de seis meses e recebe acompanhamento da Mansão do Caminho.
“É minha primeira gravidez e eles estão sendo ótimos comigo. Desde que descobri a gravidez fiquei preocupada, porque não tenho experiência, fiquei com medo, mas os profissionais da Mansão têm me deixado mais tranquila”.
Na Mansão do Caminho, gestantes com dificuldades de acesso a exames, profissionais, ou até mesmo transporte, podem realizar o pré-natal de forma gratuita. Nos casos considerados de alto risco, a gestante é encaminhada para uma maternidade - próxima de seu local de origem - para que seu acompanhamento seja feito de forma compartilhada. A equipe de enfermeiras da instituição participou inclusive de encontro da Rede Alyne, em Salvador, para qualificar ainda mais seu processo de pré-natal.
A Universidade do Estado da Bahia (UNEB) também oferece serviço de pré-natal a qualquer gestante que deseje, ou seja, o atendimento é feito por demanda espontânea, não há necessidade de encaminhamento prévio. As marcações para o acompanhamento pré-natal podem ser realizadas presencialmente no Serviço Médico, Odontológico e Social (SMOS) da UNEB Campus I, no bairro Cabula IV. Também é possível agendar por telefone, pelo número (71) 3117-2471, ou esclarecer dúvidas por meio do WhatsApp (71) 99615-0891. O serviço tem capacidade para atender, em média, 40 gestantes por mês.
Em nota, a UNEB informou que o acompanhamento pré-natal realizado no SMOS segue os mesmos protocolos estabelecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), sendo equivalente ao atendimento prestado nas Unidades de Saúde da Família (USFs), e que as consultas são conduzidas por estudantes do curso de Medicina da UNEB, sempre sob supervisão direta da professora e obstetra Dra. Eliane Flores.
Investigação de óbitos
A questão da mortalidade materna e infantil é tema de preocupação em todo o estado. Na Maternidade Climério de Oliveira (MCO-UFBA/Ebserh), a comissão de investigação de óbito perinatal estuda os óbitos fetais e infantis para identificar os fatores contribuintes e propor estratégias para combater essas ocorrências. A enfermeira e presidente dessa comissão, Helita Farias, explica a importância da investigação desses casos.
“Quando a gente conhece a causa do óbito tudo muda. Com o conhecimento desse perfil do óbito podemos mudar a configuração de assistência que deve ser prestada para essa gestante no pré-natal”. Esses dados são levados então para instituições municipais ou distritais, estaduais e, em seguida, federais. Na Climério de Oliveira também é realizado pré-natal para a população com acompanhamento também de psicólogos, profissionais de serviço social, educador físico, e outros profissionais da educação básica.
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