ALERTA
Mussurunga II: raiva em cavalo mata 3 animais e põe moradores em risco
Confirmação da doença em equino exige atenção de moradores da região
Por Madson Souza
Caso de raiva em cavalo no bairro do Mussurunga II, em Salvador, gera preocupação em moradores da região pelo risco de contaminação. Três animais da espécie foram a óbito no local e, apesar de apenas um ter o caso diagnosticado por autópsia, há suspeita de que os outros dois também compartilhem da enfermidade por conta dos sintomas apresentados.
A contaminação da doença ocorre através da saliva de animais infectados pelo vírus ou por gotas de saliva no ar de pacientes contaminados. Ainda não há tratamento efetivo para a doença e sua letalidade é de quase 100%, conforme o infectologista Carlos Brites.
A situação no bairro gerou resposta da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), com a realização do exame para confirmar a doença no animal, vacinação de cães e gatos (que também podem ser transmissores) com a antirrábica, e reforço para a população que teve contato com o animal sobre a importância de se imunizar.
O barbeiro Ramon Santana, 32, morador do bairro e dono de um dos cavalos que veio a óbito, já tomou duas doses da vacina contra a raiva e está no aguardo para tomar o soro antirrábico e mais duas doses do imunizante. A dificuldade de sua égua, Morena, em se levantar e a marca de mordida de morcego – possível transmissor da doença –, foram indicativos da enfermidade, além de outros sintomas.
Preocupado com sua situação e com a de outros do bairro, o barbeiro tem avisado pessoas que tiveram contato próximo ao animal sobre a situação.
“Estou com medo. Muitas pessoas não acham que é grave, mas quem teve contato com o cavalo está indo tomar a vacina. Postei até no Instagram”, conta Ramon.
Já o domador de animais, Diogo dos Santos, 20, chegou a ter contato com a saliva de um dos animais que veio a óbito e apresentava sintomas semelhantes com o cavalo que teve o caso confirmado. “Fico preocupado porque é algo que não tem cura. Já tomei duas doses e estou no aguardo do soro. É difícil de lidar porque nunca tinha visto um animal com a doença”, comenta.
Ele acompanhou sintomas como a espuma na boca do animal, o cavalo se batendo, com tontura e fraqueza nos membros. Nesses casos de contato com os animais contaminados, a vacinação é apontada como de fundamental importância, segundo o infectologista Carlos Brites.
“Para as pessoas expostas ao vírus é preciso que sejam vacinadas de imediato, devido a letalidade próxima de 100% dos casos”, afirma.
A situação exige atenção, mas não há motivo para desespero. O infectologista explica que “exceto pelo risco de mordida por morcego ou exposição a animais domésticos com raiva, não é necessária nenhuma medida específica para a população”.
Até o fechamento desta reportagem, o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Salvador não divulgou parecer sobre a situação no bairro. Segundo relato dos moradores, o órgão acompanha a situação e vacinou cães e gatos da área, fez a autópsia de animal suspeito e indicou a vacinação para pessoas que tiveram contato mais próximo com o animal.
A recomendação oficial da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) é de que pessoas que sofreram agressão por animais que sejam possíveis transmissores da raiva (mamíferos) ou tiveram contato com animais que testaram positivo devem procurar a unidade de saúde mais próxima e relatar o caso. O último episódio de raiva humana que aconteceu na Bahia foi em 2017, no município de Paramirim, localizado na região sudoeste do estado.
Um morcego foi o animal transmissor, conforme informações da Sesab. Dois casos da doença em humanos foram confirmados no País em 2024, e levaram os pacientes a óbito. Um dos casos foi no Piauí, tendo o macaco como animal transmissor, e outro foi em Tocantins e o animal transmissor foi um cachorro. Animais como os cães e gatos são considerados indicativos da doença, porque a partir dos casos nesses bichos é possível monitorar os territórios de circulação do vírus, de acordo com nota da Sesab.
Entre as orientações indicadas pela secretaria para as vigilâncias epidemiológicas dos municípios inclui: investigação epidemiológica e identificação de pessoas que tiveram contato com animais contaminados, orientando para a profilaxia pós-exposição (medidas de cuidados preventivos); vacinação de cães e gatos; alertar os profissionais de saúde sobre a circulação do vírus no território e desenvolver atividades educativas junto à população.
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