MORADIA
Oito em cada dez pessoas tem casa própria na Bahia
Dados do Censo 2022 apontam que muitas dessas residências foram construídas pelos próprios moradores em favelas ou regiões de baixa renda
Por Madson Souza

A maioria da população da baiana vivem em imóveis próprios, segundo os dados do Censo 2022, divulgados pelo IBGE. O levantamento mostra que oito em cada dez baianos já conquistaram "o sonho da casa própria".
Apesar disso, o número de pessoas vivendo em imóveis alugados no estado teve o maior crescimento em 42 anos. Segundo o Censo, a parcela de domicílios alugados subiu de 13,5% em 2010 para 15,9% em 2022.
Isso representa cerca de 2,1 milhões de pessoas – ou 14,7% da população baiana – morando de aluguel. Já os que vivem em imóveis próprios somam 79,7% da população, o equivalente a 11,2 milhões de pessoas.
Embora a maioria ainda tenha a posse do imóvel onde mora, o avanço dos aluguéis revela uma mudança importante no perfil habitacional da Bahia.
O que leva ao alto número de pessoas morando em imóveis próprios?
Esse fenômeno da população baiana morar em sua maioria em domicílios próprios se repete em todos os municípios do estado conforme dados do Censo 2022. Vale destacar ainda que 74,6% (10,5 milhões de pessoas) viviam em imóveis já pagos.
“Esses altos números da Bahia, da população que mora em domicílios próprios, é um dado de destaque, mas que está em linha com o que a gente observa no país, especialmente no Norte e Nordeste”, afirma a supervisora de disseminação de informações do IBGE na Bahia, Mariana Viveiros.
Em Salvador, os domicílios próprios também eram bastante predominantes, ainda que um pouco menos do que no estado como um todo: 75,4% dos habitantes da capital (1.816.651 pessoas) moravam em imóveis próprios. Ao todo, 488.098 pessoas (20,3% ou 1 em cada 5 habitantes de Salvador) moravam em domicílios alugados.
Dentre as 27 capitais, Salvador tinha a 7ª maior porcentagem de população vivendo em domicílios próprios, enquanto a Bahia possui o 6º maior percentual (79,7%). Existem algumas explicações para esses números. Uma delas é a importância cultural e histórica do sonho da casa própria.
Muitas vezes o custo da compra do imóvel é um fator que impossibilita, mas é preciso considerar que muitas dessas residências foram construídas pelos próprios moradores em favelas ou regiões de baixa renda.
Outro fator que precisa ser considerado, segundo Mariana, é que cidades e estados que atraem mais população por migração tendem a ter um número maior de domicílios por aluguel e o caso da Bahia é o contrário. “Existe uma saída de população da Bahia que precisa ser considerada”, comenta. O crescimento populacional é uma variável que também precisa ser analisada.
Perfil das pessoas que mais alugam imóveis
É justamente a população da faixa dos 20 anos que lidera a procura por imóveis para alugar, conforme a corretora de imóveis e designer de interiores, Iolanda Mattos.
Hoje os imóveis mais buscados para aluguel, segundo a corretora, são os quarto-sala, ou de residências de até dois quartos, principalmente os já mobiliados. Porém, é preciso que o espaço seja confortável.
“O proprietário tem que entender que o imóvel pra locação tem que estar bastante agradável, com atrativos, não pode ser um imóvel de qualquer jeito. O cliente atual é muito exigente", afirma Iolanda.
Vindo de Minas Gerais a trabalho há 15 anos, o consultor e representante comercial Alan Ismael pensa em comprar seu próprio imóvel na Bahia já há alguns anos. Por conta das taxas de juros ele já desistiu do negócio uma vez, mas agora volta a considerar a ideia por achar melhor morar num lugar seu, do que num espaço alugado.
“No imóvel você não paga aluguel, só condomínio. Você pode caracterizar como quiser. Muitas vezes você quer fazer melhorias no apartamento e tem que contar que o proprietário também queira. Então é um lugar que você pode deixar do seu jeito, a sua cara. Quero um lugar onde me sinta bem, que tenha a ver comigo”, afirma Alan.
O que mais foi considerado no Censo 2022?
Outro aspecto considerado pelo Censo 2022 foi a presença de máquinas de lavar nos domicílios. Conforme o estudo, a Bahia possui o 3º menor percentual, entre os estados, de pessoas em domicílios com o equipamento de limpeza, são 34,8% (4.900.539 moradores).
O número é inferior ao do Brasil como um todo, que é de 68,1% das pessoas (137,7 milhões) morando com o maquinário.
Porém, o número tem evoluído no estado e quase que dobrando a cada Censo. Em 2000, o dado era de apenas 9,9% das pessoas, já em 2010 subiu para 19,4%, até chegar aos 34,8% 12 anos depois.
Segundo o IBGE, “a presença da máquina de lavar roupa é um indicador, ao mesmo tempo, de condição de vida, conforto e otimização do tempo, sobretudo para mulheres”.
Dados sobre ter máquina de lavar nas residências baianas
Em Salvador, a proporção da população que mora em residências onde há máquina de lavar é maior do que na Bahia como um todo: 61,2%, o que representa 1.473.162 pessoas.
Outras cidades como Lauro de Freitas (67,5%), e Luís Eduardo Magalhães (58,1%) possuem indicativos positivos também.
O sociólogo e docente da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Helder Bomfim, comenta o dado. “Isso evidencia o quanto nas cidades menores a gente tem condições de vida muito precárias para a população e especialmente para as mulheres (...). Esse dado explicita o quanto a gente precisa de políticas públicas que estejam voltadas para integração regional e para pensar em políticas de melhoria de vidas para essas populações”.
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