VIGILÂNCIA
Opas declara o Brasil livre do sarampo, mas doença contagiosa cresceu 20% no mundo
Na Bahia controle da doença se mantém com o incentivo à cobertura vacinal preventiva e informação
Por Madson Souza
Hoje o Brasil é um país livre do sarampo, de acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Após ter perdido o certificado em 2019, a organização anunciou neste mês que o país está livre da doença, enquanto no resto do globo, os casos cresceram 20% de 2022 pra 2023, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
A Bahia tem feito sua parte no combate à enfermidade que é altamente contagiosa e que pode trazer complicações graves. Neste ano, o estado superou - com a aplicação da primeira dose do imunizante - os 95% da meta de cobertura vacinal definida pela OMS.
Porém, mesmo com os números favoráveis no país e no estado, a sanitarista da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Divep), Adriana Dourado, argumenta que o tópico ainda exige atenção. “Importante a doença não cair no esquecimento. O fato do Brasil estar recertificado como área livre do sarampo não significa que a gente tem o risco zero de ocorrência da doença. A gente sabe que há uma possibilidade de importação viral, já que outros países ainda têm uma intensa circulação do vírus”.
A dona de casa Vanessa Freitas aproveitou a tarde de ontem e levou Douglas Filho, seu pequeno, para tomar o imunizante na UBS Clementino Fraga - 5º Centro de Saúde.
“Acompanho a caderneta dele certinho desde que nasceu pra evitar as doenças. Como a imunidade dele é baixa, as vacinas são ainda mais importantes para proteger de doenças como o sarampo”, conta Vanessa.
Manter a vacinação
Enquanto a cobertura vacinal da primeira dose do imunizante superou a meta da OMS, a segunda dose ainda não alcançou 80% de seu público, apesar de ter um papel fundamental no combate ao sarampo. Esses imunizantes salvam algo próximo de cinco vidas por segundo e já salvaram mais vidas que qualquer outro imunizante ao longo dos últimos 50 anos, conforme a OMS.
N,ão faz muito tempo que o panorama da doença era diferente na Bahia. Em 2018 a doença voltou ao estado com três casos no município de Ilhéus. Já em 2019 foram 80 casos confirmados e sete em 2020. Para combater a doença o estado mantém ações de intensificação de vacinação, atenção à importação do vírus por outros países e vigilância sobre casos suspeitos.
Atenção permanente
“Temos atenção porque a gente sabe que o cenário global não é um cenário tão tranquilo quanto o nosso (...). Também promovemos o acesso à informação dos gestores de saúde em relação ao que é um caso suspeito, quando notificar e ressaltamos que a notificação tem que ser imediata. O que nós temos agora são apenas casos que são notificados ao sistema de vigilância, investigados e a partir dessa investigação se conclui que não se trata do vírus do sarampo e esses casos acabam sendo descartados”, comenta Adriana.
Para uma ocorrência ser considerada um caso suspeito é preciso que a pessoa apresente manchas vermelhas no corpo, acompanhada de tosse, coriza, conjuntivite ou febre. Entre 2018 e 2023, a cobertura vacinal da primeira dose do imunizante contra o sarampo alcançou valores abaixo do recomendado no estado. Em 2018 a cobertura foi de 82,30%, em 2019 de 84,65%, em 2020 de 79,72%, em 2021 de 66,30%, em 2022 de 75,87%, e em 2023 subiu para 88,56%.
A desinformação sobre a segurança do imunizante é um desafio para ampliação da cobertura vacinal, de acordo com Adriana.
“Tivemos um reflexo negativo das ‘fake news’ na queda das coberturas vacinais contra o sarampo ao longo dos últimos anos. A gente já percebe uma melhora nessa cobertura, mas tem que manter os níveis de cobertura elevados em torno de 95% ou mais. (...) Você tem uma cobertura populacional adequada que não permite que o vírus se espalhe na população”, explica a sanitarista da Divep.
Busca ativa
Outras medidas para garantir a vacinação são manter as unidades de saúde acessíveis com horários alternativos para a população e a busca ativa de não vacinados.
Adriana indica que a primeira dose da vacina é recomendada para quando a criança faz um ano e a segunda para quando são completados 15 meses.
Até os 29 anos a pessoa deve ter as duas doses do imunizante, após os 29 é preciso ter ao menos uma dose.
“É uma doença altamente contagiosa e que pode trazer uma série de complicações, como pneumonia, otite e comprometimento inclusive do sistema nervoso central. O vírus do sarampo inclusive tem um risco elevado de morte”, afirma Adriana Dourado.
A tríplice viral, que é a vacina que previne contra o sarampo, está disponível de forma gratuita nos postos de saúde.
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